12/12/2012

POSTAIS DE ALFAMA

 Oferta innsuficiente de transportes públicos/excesso de viaturas particulares (Largo de S. Vicente)
 Graves problemas na higiene urbana (graffiti na Rua da Regueira/ermida dos Remédios)
Património arquitectónico abandonado/em mau estado de conservação (Rua dos Remédios)

5 comentários:

Anónimo disse...

Os carros são o maior problema. É impressionante a quantidade de automóveis estacionados nos passeios de Lisboa!
Os peões são obrigados a circular na estrada pois os automóveis estão constantemente estacionados nos passeios por onde os peões deveriam circular!
Só mesmo em Lisboa!

Filipe Melo Sousa disse...

Oferta insuficiente de estacionamento. Transportes públicos insalubres e mal frequentados.

Anónimo disse...

Oferta insuficiente de estacionamento?
Dr. Filipe, o problema é viaturas a mais e não o estacionamento.
Não queremos arrasar Alfama.
Concordo que os pobres compraram carros a mais.
Mas os governos nunca se preocuparam com a Mobilidade.
Terá o Eng. Nunes da Silva algumas soluções para Alfama?
Se tomarmos banho talvez os Transportes sejam mais higiénicos.
Mas não nos podemos queixar do ambiente dentro dos transportes colectivos.
Talvez mais alerta com os carteiristas.
Este governo é sensível a esta problemática?

Anónimo disse...

Quase de certeza contrariamente aos senhores que aqui comentam, eu vivo em Alfama, próximo do sítio onde foram tiradas estas fotografias (Sto Estêvão). Talvez para vosso grande espanto, não concordo com os reparos que fazem.

1. Os carros não são um problema em Alfama: não os há. Alfama é, e muito bem, uma zona de circulação condicionada.
A primeira fotografia, tirada em frente a S. Vicente de Fora, em que se mostra de forma seletiva o que parece ser um amontoado de carros, não representa o que ali observo quando por lá passo (todos os dias). Ou era dia de feira, ou estava a acontecer alguma coisa (talvez na igreja / mosteiro), dias em que é normal, em qualquer parte do mundo, haver carros mal estacionados.
Aliás, em volta do bairro há lugares suficientes de estacionamento: gratuitos, no Campo de Santa Clara, e pagos, na Alfândega e Terreiro do Trigo. De futuro, o silo previsto para o Campo das Cebolas há de resolver eventual défice de lugares na parte mais problemática do bairro neste aspeto, a da Sé.

2. Quanto aos grafitos maiores na parede da Ermida de Nossa Senhora dos Remédios que dá para a rua da Regueira, são ambos recentes e pelo menos um foi feito por um estrangeiro. A parede foi pintada pela última vez há uns 3 anos (não sei se pela Igreja, CML ou junta). A mim, que ali vivo, não é coisa que me tire o sono ou que me pareça ser particularmente grave em Alfama: integra-se bem no espírito geral do bairro, de caráter não asséptico e aberto a muito visitante dado a festas - com o tempo, será limpo. Aliás, as paredes de Alfama estão cheias de escritos, alguns com imenso tempo. Foram feitos tanto pelos próprios moradores como pelas muitas pessoas de muitas origens que nos visitam. Isso faz parte do bairro. Espero que a vossa idealização de uma cidade perfeita não implique a descaracterização e impessoalização dos espaços habitados por *gente* e não apenas visitados por fiscalizadores da boa moral e pureza estetica.

O que vos queria dizer é no fundo o seguinte. Obrigado por se preocuparem com os problemas de Lisboa. Não queiram, no entanto, à conta da oposição à CML atual e ajoelhados perante uma visão utópica de urbe, tomar como problemas graves coisas que não o são.

Coisas que vejo como mais importantes a resolver na zona:
- acabar com o depósito de carros no Castelo (existem o E28, o 37 e as pernas);
- melhorar a oferta escolar (nomeadamente de jardins infantis) em toda a zona antiga da cidade;
- trazer gente de volta para São Tomé, Castelo, Sé e Baixa;
- não licenciar mais bares abertos até tarde (os que existem chegam bem);
- impedir a permanência do Terreiro do Paço como zona de atravessamento automóvel, concluindo a Circular das Colinas e retirando o tráfego pendular da parte velha;
- acabar de vez a requalificação do eixo Sta. Apolónia-Cais do Sodré, que ameaça fechar por mais uma década o acesso ao rio na zona da Alfândega;
- reabrir o Jardim do Tabaco com acesso ao rio;
- melhorar o espaço entre Sta. Apolónia e Xabregas, talvez o mais feio da zona ribeirinha histórica.

E tantas outras coisas bem mais importantes que o estacionamento selvagem quando há um evento ou a uns grafitos mais visíveis durante uns meses.
Alfama, no conjunto das freguesias que a integram, terá talvez uns 10 000 habitantes. Onde vive gente há marcas de gente. A Gamla Stan, equivalente em Estocolmo e em que um grafito é limpo em 10 minutos (vi-o eu), tem hoje menos de 100 residentes. O objetivo de Lisboa não pode ser que Alfama se torne numa Gamla Stan imaculada, arquitetónicamente perfeitinha, lindíssima para os turistas - ou seja, morta.

Esta conversa toda não pretende deitar abaixo o vosso trabalho, que, como comecei por dizer, muito respeito e muita falta nos faz. Espero que continuem por muito tempo. Só quis deixar uma achega em relação a este caso particular que me diz respeito mais de perto.

Cumprimentos

Anónimo disse...

Filipe Melo Sousa, o problema não é a falta de estacionamento, nem a insalubridade ou má frequência dos transportes (!). Basta ter um conhecimento mínimo da zona: a uns minutos, há estacionamento que em dias normais sobra (caso raro numa zona antiga de uma cidade); metro novíssimo, funcional e do mais salubre que se vê por aí; comboio eficiente q.b.; autocarros de proximidade adequados a população de mobilidade reduzida; e até um elétrico revivalista para quem queira chegar com estilo.

O "problema", Filipe, é que a fotografia foi tirada em frente a uma igreja, onde acontecem coisas (funerais, casamentos...), junto ao Campo de Sta. Clara, onde se faz duas vezes por semana a Feira da Ladra. Nesses dias, acumulam-se carros, o que é normal em qualquer parte do mundo. Quem de facto por lá passa ouve as pessoas comentarem: "tantos carros, será que morreu alguém?". Com boa vontade, em dias de mau humor dirão "isto é gente que não respeita os outros e estaciona onde lhé apetece". Mas nunca: "isto é porque as pessoas nos transportes cheiram mal, não se pode andar sem ser de carro nesta cidade".

E as soluções servem para as pessoas.