08/06/2007

Assim era Lisboa !

In Diario de Noticias


Santana e Fontão não demonizam Bragaparques
por FRANCISCO ALMEIDA LEITE

Santana acusou João Soares de não atribuir licenças
"A Bragaparques está em Lisboa, no Porto, em Braga, em Coimbra, no Algarve", disse ontem Pedro Santana Lopes, que se recusou a "esconjurar" a empresa que tem sido alvo de polémica por causa dos processos de troca de terrenos entre o Parque Mayer e a Feira Popular e, mais recentemente, com o parque de estacionamento da Praça da Figueira.Santana Lopes, numa entrevista à SIC Notícias, garantiu que quando chegou à Câmara Municipal de Lisboa (depois das eleições de Dezembro de 2001) "a Bragaparques já era dona do Parque Mayer". Sobre a troca de terrenos com os da Feira Popular, em Entrecampos, Santana revelou ter pedido "a representantes do Tribunal da Relação para estarem presentes", afastando assim as acusações de ter havido um "cambão" no negócio, como sustentou esta semana João Soares.Sobre o negócio do parque de estacionamento da Praça da Figueira - onde as obras feitas pela Braparques, embora alegadamente não existisse um contrato, custaram 3,7 milhões de euros, após um acordo judicial -, Santana Lopes garantiu que no tempo em que liderou a autarquia nunca recebeu ninguém ligado àquela empresa. "Não gostava de receber pessoas que estavam ligadas a concursos", disse o ex-presidente da CML, garantindo que o fazia para "resguardar o poder de decisão". Santana reconheceu, no entanto, que a Inspecção Geral da Administração do Território (IGAT) esteve na CML logo no primeiro mês a seguir à posse. Santana lembrou que logo a 6 de Fevereiro de 2002 falou das obras da Praça da Figueira e que se recusou a pagá-las por não existirem documentos. "Não estou a dizer que o dr. João Soares não é uma pessoa íntegra, mas..." Foi sempre neste registo que ontem Santana actuou, fazendo várias acusações ao seu antecessor. Desde os azulejos de Daciano da Costa, que não foram aprovados pelos serviços da câmara, à falta de licenças em várias obras da autarquia. "Eu era pendurado se revestisse a Praça da Figueira de azulejos", ironizou, garantindo ainda que o Corte Inglés "só teve licença de construção um mês antes de estar pronto" e que nos estádios do Sporting e do Benfica "não havia uma licença, um papel". A situação repetia-se com os fogos sociais.Na mesma entrevista, Carmona Rodrigues foi também visado, como seu sucessor na CML. Até quando se referiu à inauguração do HardRock Café, no antigo cinema Condes, também propriedade da Bragaparques: "Os motards, a turma do prof. Carmona, até me pediu para eu ir lá de Harley [Davison]." Depois disso, Santana disse que não era "traidor" e Fernando Negrão é da sua "equipa": o PSD. "Não faço o jogo dos adversários."Uma hora antes, Carlos Fontão de Carvalho, ex-vice de Carmona na CML, admitiu que "não havia que não adjudicar ou proibir a Bragaparques de ir a concursos. Todas as avaliações de trocas foram avaliadas por entidades independentes".

1 comentário:

Paulo Ferrero disse...

He, he, he, essa Lisboa não irá desaparecer, acredita, apenas ficará atenuada esta faceta circense, caro Gonçalo. Olha, sobre o Condes, só para dizer o seguinte:

Sempre que vou ao Londres fico enjoado quando vejo aquele anúncio dos filmes Castello Lopes, lembrando grandes filmes que passaram no ... Condes, como sendo, e é verdade, espólio emocional daquele que tinha o melhor écran e a melhor máquina de projeccionar filmes de toda a Lisboa. Simplesmente, a Castello Lopes deixou o Condes ficar refém dos bancos e de hipotecas, não investiu um chavo na sala, deixou-a entregue aos energúmenos, e a CML nunca ajudou, e o MC, ali em frente, no Palácio Foz, ainda menos. A Junta do Sr.Mesquita, ainda menos, como qualquer pessoa com 3 dedos de testa confirma na hora.

O que se passou com o Condes, mal fechou é sintomático da anarquia total desta terra: a Bragaparques compra aquilo. Entretanto havia um projecto do Siza Viera, ao tempo de JSampaio, ao que me lembro, de deitar tudo aquilo abaixo, fachada inclusive, e fazer umas salas na cave, o resto ... escritórios. Ficou na gaveta e ainda bem. Mais tarde aparece o Planet Hollywood, que foi até anunciado como ir abrir ali o seu restaurante ... entretanto a coisa faliu, porque a cadeia quase que abriu falência ela própria. E fica a Bragaparques com uma batata quente.

Chega a Hard Rock, e tudo começa a correr sobre rodas para a Bragaparques: o projecto é aprovado ... mas até hoje nunca se chegou a saber por quem ... o IPPAR (pq o Condes estava «protegido» pela classificação da ZE da Avenida) foi surpreendido com a destruição dos interiores (balcões, guichets, foyers, cadeiras e até da escada, elemento importante naquela estrutura) mas nada fez ou pôde fazer. A CML assobiou para o lado e até permitir construir-se mais um andar, para escritórios do próprio Hard Rock, com direito a chapéu de sol e tudo. E aí temos (mais) uma fachada, apenas.