03/03/2011

Carris poupa três milhões de euros com corte de seis carreiras

In Público (3/3/2011)
Por Inês Boaventura

«Entre cortes e ajustamentos haverá alterações em 14 carreiras, com o aval do Governo. Câmara de Lisboa e a oposição discordam de algumas

Câmara não aceita parte das alterações

A Carris vai extinguir seis carreiras de autocarros e introduzir alterações nos horários e percursos de outras oito carreiras a partir de sábado. Com esta medida, que vai traduzir-se numa redução de quatro por cento da sua oferta actual, a empresa estima poupar cerca de três milhões de euros por ano.

As contas foram feitas pelo director de operações da Carris, José Maia, que garante que os "ajustamentos" ontem anunciados não vão implicar uma diminuição do número de motoristas ao serviço da empresa, mas permitirão reduzir as necessidades de trabalho suplementar.

As carreiras que vão ser extintas são a 7 (Praça do Chile-Sr. Roubado), a 39 (Marvila-Xabregas), a 92 (Terreiro do Paço-Príncipe Real), a 752 (Centro Norte-Centro Sul), a 780 (Saldanha-Portas de Benfica) e a 204 (Estação Oriente-Belém). José Maia sublinha que estas eram carreiras com procura "reduzida" e acrescenta que, para todos os percursos asuprimir, existem "alternativas de serviço". A empresa diz ainda que estes "ajustamentos" decorrem "no âmbito do processo dinâmico de ajustamentos da oferta à procura" e recorda que 2011 é um ano "de grande contenção".

O Instituto da Mobilidade e dos Transportes Terrestres disse ao PÚBLICO, através do seu assessor de imprensa, que "emitiu um parecer positivo" às modificações que vão vigorar a partir de sábado. Segundo Carlos Morais, o instituto atendeu ao facto de se preverem "impactos reduzidos para os utilizadores", por estarem em causa "carreiras ou troços com pouca procura", bem como à existência de alternativas em transporte público. Numa informação escrita sobre as alterações que entram em vigor no sábado, a Carris afirma que "assegura, em todos os casos, alternativas com outras carreiras da sua rede (ver tabela ao lado), ao mesmo tempo que reforça e melhora a articulação com o metropolitano, numa lógica intermodal".


Encurtar ao fim-de-semana

Além da extinção das seis carreiras já referidas, no sábado avança a suspensão de duas (768 e 781) ao fim-de-semana. Em termos de percurso há cinco carreiras - 12, 727, 702, 706 e 745 - que vão ser encurtadas, embora nas duas primeiras isso só vá acontecer ao fim-de-semana. Por fim, a transportadora vai reduzir a carreira 799, que passará a funcionar apenas "em horas de ponta".

O vereador da Mobilidade da Câmara de Lisboa já manifestou a sua "concordância" com as alterações em oito carreiras (7, 39, 92, 204, 752, 780, 781 e 706), que lhe foram comunicadas a 15 de Fevereiro. Ainda assim, Nunes da Silva antevê "aspectos negativos" para os utilizadores da Carris, "situação tanto mais indesejável quando, face à crise económica que atravessamos e à necessidade de cumprir metas ambientais, se tem vindo a desenvolver políticas que apelam à maior utilização do transporte público".

Os representantes do MPT na Assembleia Municipal de Lisboa pronunciaram-se contra as alterações que a Carris vai introduzir na sua rede, tal como fizeram os eleitos do PSD na Câmara de Lisboa. Num documento enviado ao PÚBLICO, os vereadores social-democratas questionam qual a posição oficial da autarquia sobre este assunto, cuja "gravidade" sublinham.

O PSD contesta, por exemplo, a limitação do horário da carreira 799, dizendo que isso se traduzirá na "inexistência de alternativas para as pessoas de Alfragide Norte que pretendem aceder a Lisboa".

Quanto à carreira 752, o PSD diz que esta era "uma carreira quase familiar, que é conduzida há muito pelo mesmo motorista, onde as pessoas todas se conhecem". Já sobre a carreira 706, o partido fala no "contínuo encurtamento de um canal de transportes públicos por excelência - a 1.ª Circular de Lisboa".

1 comentário:

Xico205 disse...
Este comentário foi removido pelo autor.