29/03/2012

O inferno do Cais do Sodré


In Sol Onlie (28/3/2012)
Por Margarida Davim

«O barulho é insuportável, as ruas acumulam copos de plástico, garrafas de cerveja e folhetos de bares. E uma multidão que se acotovela, vai deixando um rasto de grafitis e vandalismo. Os novos bares ‘da moda’ tornaram as noites do Cais do Sodré, em Lisboa, num inferno para os moradores.

«E o pior é que se prolongam nos after hours, às vezes até ao meio-dia», conta Sérgio Teixeira dos Santos que há seis meses não tem descanso. «Vivo no bairro há sete anos, mas as coisas começaram a ficar piores desde que fecharam ao trânsito a Rua Nova do Carvalho».

Nessa altura, chegaram ao Cais do Sodré bares como a Pensão Amor, a Velha Senhora e o Povo, apresentados como uma forma de requalificar um bairro conhecido por ser poiso de marinheiros e prostitutas e com uma vida nocturna que se reduzia a três ou quatro discotecas famosas há décadas. «Nessa altura, havia menos gente e acima de tudo, o que se passava era dentro de portas. O problema é que agora é tudo na rua», explica Carlos Ornelas, director do Lx Boutique Hotel – um estabelecimento de luxo onde os turistas se queixam do ruído e do lixo que encontram na rua [...]»

5 comentários:

Anónimo disse...

onde é que eu já vi isto?
ah, já sei: no bairro alto, na madalena, na bica, nas docas, no calvário e em santos.
nada de novo: é só a mafia da noite na sua natural e habitual expansão à custa da cidade e dos seus moraodres com a benção habitual dos poderes públicos.
ACORDA POVO!

Anónimo disse...

Claro que tudo isso só não é visto por ceguinhos voluntários.

Mas agoraa andam a vender ao pessoal que aquilo é que é bom, até um pasquim qualquer estrangeiro anunciou que o Bairro Alto já passou à história, agora porreiro mesmo, pá, é aquela rebaldaria.

Anónimo disse...

Só até ao meio-dia? Ao pé do Chafariz da Esperança, em Santos, o after-hours está aberto até às 2, 3 horas da tarde.

Isto numa zona habitacional.

De maneira que lá pelo Caixodré não poderá ser muito diferente...

AA disse...

Isto é o grande projecto de requalificação e de promoção de novos públicos no Cais Sodré (Bares, bares e ainda muita animação nocturna para atrair as famílias e novos residentes ao centro histórico...)

Carlos disse...

Colocar tudo e todos dentro do mesmo saco parece-me, em qualquer caso, sempre questionável.
Quando se fala do barulho à noite, devido à nova vida no Cais do Sodré com novos estabelecimentos falamos de horários diferentes dos chamados after-hours, existentes, aliás, em qualquer capital europeia.
Quando se fala de falta de segurança é preciso ter em conta que a situação nesse aspecto até melhorou consideravelmente com três agentes PSP que são gratificados e pagos, espante-se, pelos estabelecimentos visados.
Quando se referem aos (poucos) moradores, há que saber também que nem todos os espaços os afectam e que o mais conhecido, o Europa, por exemplo, está num edifício completamente desabitado, com uma insonorização perfeita e com regras rígidas quanto à proibição de saída com copos e afins para a rua. Aliás, os afters que duram há já seis anos ocupam normalmente duas manhãs por semana e vão, como é conhecido, até às 10 da manhã.
São aliás, parte do roteiro da maior parte dos guias nacionais e estrangeiros, pela qualidade dos artistas que lá actuam. Ainda recentemente, na revista Time Out, foi mesmo considerado como um dos 25 melhores sítios para sair.
Não quer isto dizer que não haja questões urgentes e que merecem resposta imediata. Não tiro razão a ninguém, antes pelo contrário. Claro que sim e aí estaremos todos de acordo. Agora, soluções, caso a caso, sem politiquices e com a participação efectiva de todos. Com a consciência de que, tal como na vida, "uma cois é uma coisa, outra coisa é outra coisa"...
Aí sim, o diálogo será frutífero e teremos um Cais do Sodré vivo em todos os sentidos.