01/10/2012

Palacete Vilhena

Recuperando um tema já aqui abordado em 2010 (ver aqui) e uma vez que o empreendimento se encontra finalizado e à espera de compradores, não posso deixar de usar esta intervenção como um termómetro daquilo que os arquitetos e designers deste país fazem e defendem ferozmente.
Eu não sei bem a que se deve o autismo demonstrado nas soluções que divisam e o porquê de, aquilo que antes se sentia empíricamente que edifícios antigos que são património de relevo devem ser intervencionados com muita sensibilidade e uma precisão cirúrgica, agora nem fingem conter um diálogo com o já existente. Dizem eles que a quebra óbvia do diálogo é a forma mais correta de diálogo. Mas que preciosidade!
Aconselho a verem a gravação sobre o projeto (aqui) e, sem querer sequer entrar no velho tema da impermeabilização dos logradouros, aqui em grande escala, deixo-vos umas imagens de casas-de-banho e cozinhas que, parece-me, são os alvos primeiros da febre do pseudo-design que vimos a sofrer por aqui, já faz demasiado tempo para ser inofensivo.

Esta é uma das cozinhas de um dos apartamentos do agora dividido Palacete Vilhena

O minimalismo destas cozinhas é de tal ordem não original, visto e autista mas da preferência dos designers sempre que têm de intervencionar cozinhas, pouco importando a idade e a história do edifício onde se integram
 Sem querer outorgar os projetos em si, fica aqui como poderia ter sido feito. Reparem que apesar de modernas, estas cozinhas dialogam ainda com o resto do um edifício que imagino não ser contemporâneo.





Mas as casas de banho preenchem, também, o fetiche minimalista dos designers.
Aqui são as escolhas dos autores do projeto para o Palacete Vilhena:






Algumas sugestões do que poderia ter sido:





Procurem as ofertas nas agência imobiliárias e verão que sempre que se intervém em cozinhas e casas de banho o resultado é sempre o mesmo: pseudo-design.


8 comentários:

Anónimo disse...

Boa. Finalmente um post de jeito! Já era hora de este blogue parar de dizer asneiras sobre urbanismo e mudar as agulhas para o design de interiores!

Anónimo disse...

Eu acho que os apartamentos deviam ser entregues sem cozinhas e caberia a cada um comprar e mandar instalar a cozinha a seu gosto. O mesmo vale para as casas de banho.

Anónimo disse...

Antes de ler com atenção ainda pensei que o poste estava a ser irónico, mas depois reparei que nao. Sinceramente nao entendo o que é que as sugestões acrescentam. Claramente prefiro o que esta construído, do que as pirosadas propostas. Como é uma questão de gostos, quem sou eu para impor os meus gostos. Na minha visão, as propostas aqui colocadas iriam desvalorizar mais imóvel

Anónimo disse...

Anónimo das 3:36,

é por isso que mais vale guardar o seu gosto para si. Você deve ser daqueles que põe pladur em casas antigas porque têm estuque decorativo que é uma piroseira. Põe cozinhas minimalistas a preto e branco, com luzes a sair sabe-se lá de onde em edifícios com mais de 70 anos simplesmente porque é moderno. Deve substituir as janelas de madeira por plástico ou alumínio porque é mmais fácil e barato manter.
Posto tudo isto, estamos a falar códigos de linguagem diferente.

Anónimo disse...

Não, o post não é nada irónico. Infelizmente as soluções que encontraram para este edifício histórico foram mesmo essas.
mas o anónimo acima gosta...

Anónimo disse...

Anónimo das 3:36,

a sua opinião é muito válida e por isso gostaria que me explicasse porque as opções para as cozinhas e casas de banho feitas para este imóvel são as mais corretas.
Estou muito interessado em ler a sua opinião.

Maria Mello disse...

Ainda bem que foi alguém com gosto que tratou das remodelações! Obrigada, anónimo das 3:36, por mostrar que ainda não está tudo perdido neste país!
Com efeito, gostos não se discutem e infelizmente o mau-gosto não paga impostos. É aterrador passear por esse país fora e assistir à falta de qualidade arquitectónica das novas construções, aliadas aos claros sinais de pânico generalizado daqueles que não querem ver o país evoluir (pelo menos nesta matéria).
Se a arquitectura não tivesse evoluído, ainda agora estaríamos a viver em palhotas ou grutas, só para garantir que a 'traça' definida pelos nossos antepassados não era alterada...

Anónimo disse...

O palacete Vilhena foi totalmente demolido e os azulejos setecentistas desapareceram. Do amplo jardim foram, por sua vez, retirados um interessante conjunto de azulejaria e esculturas pelo descendente de Ernesto Vilhena.
Do Palácio Mesquitela, no fim da Calçada do Combro, foram retirados os azulejos setecentistas.
De ambos os imoveis restam as paredes das fachadas.