03/02/2014

Vestígios da Cerca Moura pintados de branco/ protesto

Exmo. Sr. Presidente da CML,
Dr. António Costa,
Exma. Sra. Directora-Geral do Património Cultural
Dra. Isabel Cordeiro,
Exmo. Sr. Presidente do CA da Fundação Ricardo Espírito Santo
Dr. Luís Calado


Cc. Vereador Manuel Salgado, AML, Media

Serve o presente para apresentarmos o nosso protesto pelo facto de parte da cerca moura, ou cerca velha, Monumento Nacional, visível no bar com o mesmo nome - Cerca Moura - às Portas do Sol, ter sido pintada de branco!

Neste espaço, que pertence à Fundação Ricardo Espírito Santo e está agora arrendado aos mesmos proprietários do Portas do Sol (o bar-esplanada por cima do parque de estacionamento), não foi possível durante anos nenhuma intervenção como a presente, por causa dos vestígios da cerca moura (que remonta ao período tardo-romano, tendo sido posteriormente reforçada no período islâmico), o que parece não ter agora nenhuma importância.

Junto enviamos fotos sobre esta situação, juntando uma outra antiga onde é perfeitamente visível a cerca.

Como V. Exas. poderão constatar, o cenário é desolador: numas zonas, a pedra foi pintada de branco, noutras foi colocado pladur. Estamos em crer que estas obras terão sido executadas, inclusive, sem o conhecimento das autoridades competentes.

Aguardando a gentileza de uma resposta, mas sobretudo de uma acção por forma a restaurar à sua origem um património que é, afinal, de todos os lisboetas, subscrevemo-nos com os melhores cumprimentos


Bernardo Ferreira de Carvalho, Inês Barreiros, Virgílio Marques, Rui Martins, Jorge Pinto, João Oliveira Leonardo, Luís Marques da Silva, Virgílio Marques, Júlio Amorim, Beatriz Empis, Fernando Jorge, Jorge Lima, Rossella Ballabio, Filipe Lopes e Dulce Patrício

Lisboa, 27 de Janeiro de 2014

...

Resposta da Fundação Ricardo Espírito Santo:

Exmos Senhores,


Em nome do Senhor Presidente do Conselho de Administração da Fundação Ricardo do Espírito Santo Silva, Dr. Luís Calado, cumpre-me informar a boa recepção do vosso protesto, via email, referente à pintura que foi feita no Bar Cerca Moura e que nos mereceu a melhor atenção.

Assim, gostaria de referir que o monumento nacional Cerca Velha de Lisboa trespassa várias estruturas construtivas desta Fundação (Museu de Artes Decorativas, pátio das oficinas) e neles estão integrados também vários troços que têm dependido do nosso cuidado, manutenção, atenção e divulgação. Como é do vosso conhecimento, em nenhum momento foi esse património desrespeitado ou adulterado.

Apenas e por razões de higiene pública (que um Bar / restaurante exige) e dado o estado de degradação em que se encontravam os vestígios, que tinham, como saberão, um revestimento de verniz celulósico que parecia impedir a respiração da mesma e dada a quantidade de detritos que acumulou, foi colocado um primário de protecção de tinta de água até que se conseguisse resolver, com as instituições competentes, a resolução deste pequeno problema.

Estivemos e estaremos sempre atentos e a par de toda a intervenção que se fez ou venha a fazer nas áreas patrimoniais que estão à nossa guarda.

Às vezes não é possível em tempo útil, e da maneira mais célere que todos gostaríamos, de resolver estas questões por serem tão delicadas e exigirem o envolvimento das várias instâncias responsáveis.

Na ausência interna de relatórios, instruções ou sugestões de manutenção destes vestígios patrimoniais tão sensíveis, que é de todos e por todos deve ser preservado, foram pedidos às instituições competentes os relatórios da intervenção de manutenção havida há décadas para aferirmos como deveremos assegurar a manutenção destes vestígios que todos os dias nos preocupem e nos consomem meios técnicos e humanos e muito nos preocupam.

Concluindo, o que está visível no actual Bar é apenas provisório e reversível e aguardamos instruções e sugestões das instituições competentes para o que fazer e como fazer.

Com os melhores cumprimentos e grata pela atenção,


Conceição Amaral
Directora
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6 comentários:

Antonio Pedro disse...

Que república esta em que vivemos!

Anónimo disse...

Que crime horrendo!!!! Pintar umas pedras de branco!!!

Anónimo disse...

Há coisas bem mais graves para o fórum se preocupar...

Afonso Adão disse...

Por aqui não há contraditório!

Anónimo disse...

"Que crime horrendo!!!! Pintar umas pedras de branco!!!"

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Diz o pele e osso.

Julio Amorim disse...

Nunca visitei o local mas na fotografia antiga parece-me que o muro etá coberto por vidro ??

Portanto se era verniz tapava a respiração....certo.
A tinta de água (latex, acrílica, outra?) vai dar o mesmo efeito.

Reversíveis são todas as tintas....os métodos para tal é que podem ser um problema