28/02/2014

S.O.S. à CML: é preciso travar a destruição das portas dos Bairros Modernistas do Areeiro e de Alvalade

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Exmo. Senhor Dr. António Costa
Presidente da Câmara Municipal de Lisboa


Cc. Sr Arq. Manuel Salgado, Vereador do Urbanismo, Sra. Dra. Catarina Vaz Pinto, Vereadora da Cultura, AML, JF Areeiro e Media


Junto enviamos a V. Excelência, Senhor Presidente, foto elucidativa do modo como estão a ser destruídas, paulatinamente e de um modo quase que generalizado, as portas originais dos edifícios dos arruamentos de cariz modernista do Plano de Alvalade, gizado pelo Eng. Duarte Pacheco e pelo Arq. Faria da Costa, entre muitos outros, para a área compreendida entre o Instituto Superior Técnico e o Hospital Júlio de Matos; zona que, recordamos, ainda que não esteja classificada como de interesse público/municipal, como deveria ser, está inserida, na sua quase totalidade, na Carta do Inventário Municipal anexa ao PDM.

Deste modo, cremos que compete à Câmara Municipal de Lisboa conceder, ou não, o licenciamento a toda e qualquer alteração das fachadas dos edifícios, mormente das portas principais; pelo que só podemos concluir o seguinte:

Ou a CML desconhece estas substituições (que são às centenas, havendo até arruamentos, como a Avenida de Roma e a Avenida Rio de Janeiro, por exemplo, em que apenas uma minoria dos edifícios mantém ainda as suas portas originais...) e não autoriza, pelo que todas estas substituições são ilegais, devendo ser corrigidas; ou a CML conhece estas substituições e as autoriza (nem que seja fazendo que as ignora), sendo que neste caso se trata de uma prática hipócrita e imoral da CML, pois se inventaria os arruamentos como sendo de valor para pertencerem a uma Carta do Património, por outro promove a sua destruição.

A foto em anexo, da autoria de Carlos Medina Ribeiro, diz respeito ao nº 26 da Avenida Guerra Junqueiro, que neste momento se encontra em processo de destruição e substituição pelo exemplar aberrrante e descontextualizado que a foto documenta.

Solicitamos, pois, a V. Excelência uma intervenção célere da CML para que esta prática não só termine, como os proprietários dos imóveis desta zona se dêem conta do que estão a fazer, não só descaracterizando estes bairros históricos como desvalorizando-os; e, se todas estas substituições se revelarem ilegais, a CML proceda à devida intimação dos proprietários para que reponham o que retiraram. Deve dar a CML conhecimento desta prática à Associação dos Proprietários.

Com os melhores cumprimentos


Paulo Ferrero, Bernardo Ferreira de Carvalho, Fernando Jorge, Rui Martins, Nuno de Castro Paiva, Júlio Amorim, Virgílio Marques, Nuno Caiado, António Branco Almeida, João Mineiro, Pedro Formozinho Sanchez, Jorge Lima, Pedro Gomes, Alexandre Marques da Cruz, João Oliveira Leonardo, Beatriz Empis, Miguel Lopes Oliveira, Carlos Matos, Miguel de Sepúlveda Velloso, Paulo Lopes

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(TEXTO EDITADO)

Esta era a porta que estava neste nº 26 até há ...dias. A sua substituição é I-N-A-D-M-I-S-S-Í-V-E-L!
(Foto: Carlos Moura-Carvalho)

8 comentários:

Carlos Medina Ribeiro disse...

No prédio onde eu moro sucedeu o mesmo: uma porta do início dos anos 50 (em ferro, vidro e latão) foi substituída por outra de alumínio verde e punhos niquelados.

Tanto quanto sei, o motivo por que elas agradam a alguns inquilinos (aliás, a maioria é indiferente) é o facto de as caixas de correio passarem a ser exteriores e maiores.

Na situação original, era necessário que houvesse alguém no prédio para abrir a porta ao carteiro (e que as campainhas funcionassem...), e muita correspondência também ficava por entregar por não caber nas fendas das caixas (nem nas caixas).

Anónimo disse...

Não valia a pena esclarecer.
Presentemente, somos assim.
Nós, todos, os Portugueses.
Todos, 90%.
Muitas coisas nos preocupam, mas o saldo bancário principalmente.
Tudo é relativo, para nós.
No futebol, às vezes não.
Se Portugal chegou à actual Crise, principalmente de valores, é porque relativisamos tudo.
É um modo de ser, que fabricámos desde 1974.
Sendo que a matriz já lá estava.
Vamos muito ao estrangeiro, mas é só lúdico...
Alguma vez os Suissos permitiam que uma Cidade como Lisboa, estivesse no estado em que está?
Outra característica nossa - Medo.
No futebol, às vezes parece que não.
Mas está lá o Medo, porque não teríamos um futebol falido.
A indignação também dá trabalho...
Dá trabalho, escrever ao Senhorio.
O senhor senhorio substitui a porta por outra igual, ou apresentamos uma acção em tribunal.
Já viram as complicações que íamos arranjar?
Os vizinhos, as inimizades que íamos criar, etc.
E no fundo o medo, talvez tivessemos uma accção de despejo.
Uma porta... Não podemos mudar o Mundo.
Com os suissos talvez fosse diferente.
Mas nós é que somos os machos latinos.
Campeões da conversa.
Queremos andar logo à porrada, mas onde temos os campeões no boxe, no karaté, etc.
Campeões, ao deixarmos chegar Lisboa à actual degradação.
A Culpa não é nossa, é dos políticos, é brilhante?
Pedimos desculpa ao Carlos e ao Blogue.








tivessemos e despej

Anónimo disse...

Mas porque é que substituíram a porta?
Parece estar num bom estado...

Anónimo disse...

CULTURA DE BARRACAS!

Julio Amorim disse...

Como é que noutros países o problema da entrada dos carteiros nos prédios é resolvido ??

Hummm....?

Miguel de Sepúlveda Velloso disse...

E então? As administrações dos condomínos são testa de ferro da destruição do património. Cá no burgo adaptação é igual a destruição.

Vem a Zon ou a MEO para nos instalar uns cabozinhos, não faz mal, a fachada é vossa, o Sr. Carteiro tem que entrar, acabemos com essa maçada, e avance-se para a substituição das portas.

É a marquise na entrada. Boa

Anónimo disse...

Gostaria mesmo muito de saber uma solução para o carteiro. A porta do meu prédio (na zona da Estrada da Luz/Laranjeiras) tb está em vias de substituição precisamente por causa dessa situação. Todos no prédio trabalham fora de casa, ninguém pode abrir a porta durante o dia. Perde-se correio por vezes muito importante.

Xico205 disse...

Não tarda nada sugerem que os carteiros deviam ter a chave de todos os prédios onde distribuem correio.