Não obstante não têm sido dadas explicações coerentes e fundamentadas sobre estas intervenções.
Um Engenheiro Agrónomo contactado pelo Fórum Cidadania Lx, que optou por não dar a sua identificação publicamente, e com experiência de 30 anos na manutenção de arvoredo em meio urbano diz estar escandalizado com o que tem acontecido. Após ter visto imagens e visitado o local afirma, sem sombra para dúvidas, que o que foi feito vai contra todas as regras e boas práticas internacionais, praticadas pela Europa e constantemente transmitidas em colóquios internacionais.
Sinteticamente, a poda consiste na supressão de alguns ramos, particularmente os que apresentem sinais de doença ou secos, mal orientados, ou os que de alguma forma, possam provocar transtornos a pessoas e bens.
Ou seja, trata-se de uma intervenção selectiva na estrutura das árvores, sendo que intervenções mais radicais são sempre o último recurso.
Considera-se que no caso vertente a época ideal da poda seria o período de dormência da árvore (finais de Outono, início da Primavera), tendo em consideração que a espécie Fraxinus (o freixo é a espécie que está plantada na Av. Guerra Junqueiro), em Portugal, é das primeiras a iniciar o seu período vegetativo (Janeiro, Fevereiro).
Os cortes que foram feitos pela Junta de Freguesia do Areeiro contrariam todas as boas práticas internacionais, pelo que não podem ter sido feitos por uma empresa especializada. Foram mal feitos em termos da época do ano em que foram feitos e na extensão, nas árvores podadas e no número de árvores podadas.
As consequências das podas drásticas ou excessivas são:
1- Cada corte é uma ferida, consequentemente, poderão ocorrer entradas de agentes que poderão provocar o aparecimento de novas doenças e podridões.
2- Desenvolvimento desequilibrado da árvore pondo em causa a sua estabilidade, agravando a segurança de pessoas e bens.
3- Aumento de temperatura da rua ou das casas e aumenta o efeito de túnel de vento.
4- Diminuição substancial da longevidade das árvores e das árvores em sua volta.
5- As novas ramagens não possuem uma inserção correcta no tronco, originando quedas dos novos ramos, pondo em risco pessoas e bens. As árvores não são Bonsais e estas intervenções, num ser vivo, não são naturais, nem mesmo em meio urbano.
6- Aumento dos custos de manutenção.
Ou seja, intervenções radicais são sempre o último recurso e devem ser feitas por fases para que o ambiente em volta (as outras árvores, a temperatura, o vento) não se ressinta e não se altere radicalmente.
As intervenções selectivas são mais baratas (envolvem menos transporte de ramos e são mais rápidas) mas também dão garantias de longevidade. Com estes cortes, os próximos ramos irão cair com mais facilidade com pouco vento. Ou seja, estes cortes radicais irão custar mais ao erário público do que uma intervenção selectiva, gradual e programada.
Julgamos que estes casos já só aconteciam em cidades pequenas sem recursos humanos formados. E estamos incrédulos, tendo em conta que existe formação especializada na matéria e que quase todos os anos se realizam congressos e colóquios em Portugal sobre a matéria, onde este tipo de intervenções é mostrado como o que não deve acontecer.
Com a maior facilidade encontramos literatura sobre o assunto e intervenções em colóquios internacionais que confirmam o que o bom senso já nos faz perceber. Estas intervenções prejudicam mais do que ajudam e vão provocar, no futuro, mais perdas do que ganhos.
E não são os cidadãos que têm o ónus da prova quanto aos erros destas intervenções, são as entidades públicas que têm de explicar, fundamentadamente, aos contribuintes, o porquê das suas acções.
Estamos a falar de espaço público, que é de todos e é património comum, e não de um espaço privado de uma Junta de Freguesia.
Existe um relatório dos espaços verdes da Câmara Municipal de Lisboa que conclui: “Consideraram-se o abate de mais 6 exemplares, devido ao agravamento do estado fitossanitário nomeadamente cavidades e podridões internas do lenho. Consideraram-se 46 árvores para poda, recomendando-se o corte de ramos secos, afastamento da fachada dos prédios, reequilíbrio da copa e principalmente redução de carga.”
Ou seja, a intervenção feita pela Junta de freguesia está muito longe deste parecer da Câmara Municipal e viola as boas práticas já referidas. A avaliação feita pela CML (que não refere se existe parecer científico para confirmar as árvores doentes) defende uma poda selectiva e não o corte e abate generalizado. Por outro lado, a CML, em momento algum, defende que a intervenção fosse feita nesta altura do ano.
Acresce que o relatório da CML refere: “planear toda a rearborização do arruamento, de modo faseado, tendo em conta a necessidade de substituição total a médio prazo.”
No local verifica-se que foram cortadas ou abatidas árvores que não eram consideradas de perigosidade elevada e para as quais era preconizado uma intervenção selectiva e substituição gradual. Foram cortadas árvores não apresentavam podridão nem outras mazelas visíveis. O que quer dizer, que deceparam árvores saudáveis
Acresce que a única entidade avalizada para determinar se uma árvore está doente e que extensão é o Instituto de Agronomia, em Lisboa. E não consta que o parecer possa ter defendido esta intervenção generalizada, em Maio, não selectiva, em todas as árvores, mesmo as consideradas saudáveis.
Finalmente, solicita-se às Juntas de Freguesia de Lisboa:
1- Consultem e informem a população, os técnicos da CML e as entidades com competência nesta matéria sobre o tipo de intervenções, a sua calendarização e metodologia, bem como os impactos no espaço público.
2– Informem sobre que empresas têm sido contratadas para estas intervenções, as suas qualificações e os respetivos pareceres/informações.
3- E quando ocorrerão as novas plantações e que espécies serão plantadas, bem como futuras intervenções.
Melhores cumprimentos
Paulo Ferrero, Bernardo Ferreira de Carvalho, Rui Costa, Jorge Pinto, Rui Martins, Fátima Castanheira, António Branco Almeida, João Oliveira Leonardo, Gonçalo Cornélio da Silva, Fernando Jorge, Nuno Castro Paiva, Gonçalo Maggessi, Maria do Rosário Reiche, Carlos Moura-Carvalho, Pedro Henrique Aparício, Jorge Santos Silva, Luís Marques da Silva, Beatriz Empis, Francisco Sande Lemos e Miguel de Sepúlveda Velloso
8 comentários:
Argumentos científicos utilizados sobre os indivíduos burgessos que aquilo fizeram são menos eficazes que água mole a bater em pedra dura.
(Com as minhas desculpas)
O que este número de subscritores pedem é pouco; o que há que pedir é a condenação de quem fez mal e o ressarcimento das perdas substanciais aos moradores, mas estes para tal devem organizar-se.
O que pedem é de novo a culpa a morrer solteira e venha o próximo, porque as consequências são quase nenhumas.
"Ressarcimento aos moradores"? Quando mete dinheirinho, "que se lixe a crise e que pingue para nós", não é? Keep dreaming!
Pois claro, se aquilo está uma obra-prima, exigir responsabilidades não passa pela cabeça de ninguém.
o anónimo está muito incomodado com a iniciativa do Fórum mas, que conste, mais ninguém nesta cidade teve iniciativa semelhante, a qualquer nível.
É fácil criticar.
ó sr anónimo: e o que o senhor fez por esta causa?
Presumo que o sr. anónimo das 3:00, depois do facto consumado (como consumados foram atentados semelhantes já aqui (no CidadaniaLx) retratados, se tenha como aquele heróis da praça Tiananmen que se postou bem em frente das máquinas que à poda tinham procedido (e já se encontravam em merecido descanso)...
Comentário anterior CORRIGIDO:
Presumo que o sr. anónimo das 3:00, depois do facto consumado (como consumados foram atentados semelhantes já aqui (no CidadaniaLx) retratados, tenha feito como aquele herói da praça Tiananmen e se tenha postado bem em frente das máquinas que à poda tinham procedido (e já se encontravam em merecido descanso)...
Enviar um comentário