11/06/2015

Nos Terraços do Carmo, nasceu “uma varanda” sobre Lisboa



In Público (10.6.2015)
Por Inês Boaventura

«Junto ao Convento do Carmo, onde antes estavam uns “barracões” da GNR, há um novo miradouro para conhecer.

Com a há muito aguardada inauguração dos Terraços do Carmo, Lisboa ganhou, além de uma ligação pedonal entre o Convento do Carmo e a Rua Garrett, “uma nova varanda sobre a cidade”. Para o presidente da câmara, são intervenções como esta que permitem recuperar a “autenticidade” da capital.

Com esta obra, inaugurada nesta quarta-feira, fica finalmente concluída a execução do plano pensado pelo arquitecto Siza Vieira para a zona do Chiado, na sequência do grande incêndio que aí ocorreu há quase 27 anos. “Uma versão ampliada e melhorada” do plano, notou o presidente da Câmara de Lisboa, já que não constava do projecto inicial a criação de “um novo miradouro” nos terraços junto ao convento.Isso mesmo foi também destacado pelo vereador do Urbanismo, que lembrou que a intenção inicial da empreitada agora concluída era promover a ligação entre a Rua Garrett e o Convento do Carmo. Só a partir de 2007, contou Manuel Salgado, é que foi ganhando forma a ideia de abrir “mais uma praça, mais um espaço público” nos terraços que até aí estavam ocupados com “barracões” da GNR. “Os Terraços do Carmo foram uma descoberta, não estavam previstos”, afirmou o autarca, constando que “surpreendentemente” esses terraços surgiam desenhados numa carta de 1850 de Filipe Folque, um político e militar. Manuel Salgado deixou ainda uma palavra de apreço a Siza Vieira, sublinhando que o arquitecto esboçou para o Chiado um plano “extremamente rigoroso, fundado na história”, com o qual “ensinou a intervir sobre a cidade existente”. No fundo, rematou, aquilo que obras como a dos Terraços do Carmo permitem é “a descoberta de uma cidade que estava escondida”. “O Chiado não é o mesmo de há 27 anos, mas parece que sempre foi assim”, disse por sua vez o arquitecto Carlos Castanheira, em nome da equipa responsável pelo projecto. Segundo o presidente da câmara, a obra inaugurada neste Dia de Portugal teve um custo de 2,1 milhões de euros, provenientes de “verbas próprias e do Turismo de Portugal”. Fernando Medina não esqueceu as “vicissitudes extraordinárias” que a empreitada teve, e que fizeram com que a sua conclusão derrapasse no tempo, nem os incómodos sofridos pelos lojistas da Rua do Carmo, que serão indemnizados.

Revitalização da Baixa
Aos Terraços do Carmo, cujo chão em calçada portuguesa é pontuado aqui e ali por pequenos relvados, é possível aceder através do largo com o mesmo nome. Para isso há que ultrapassar alguns lanços de escadas, pouco convidativos para visitantes com mobilidade reduzida. Também para chegar à Rua Garrett, num caminho que se faz por um espaço entre prédios e que desemboca no número 10, há vários degraus para vencer.Apesar de a inauguração do espaço ter já tido lugar, e de a placa da praxe ter sido descerrada perante dezenas de convidados, há trabalhos que ficaram por concluir. O elevador que fará o acesso à Rua do Carmo, através do interior de uma loja municipal, só deverá entrar em funcionamento daqui a um mês, de acordo com Manuel Salgado. Também a prometida instalação de uma cafetaria com esplanada no novo miradouro terá de esperar pelo lançamento de um concurso de concessão. “Isto é uma reinvenção permanente”, sublinhou o vereador do Urbanismo, constatando que há para fazer em Lisboa “muito trabalho, para muitas décadas e muitos executivos municipais”. A criação de um percurso dos Terraços do Carmo à Calçada do Duque, e por aí fora até ao Jardim Botânico, a abertura de um terraço no topo do Museu do Design e da Moda (MUDE) e a revitalização da Praça da Figueira são algumas das ideias que Manuel Salgado gostaria de ver concretizadas. Obras que se iriam juntar a “projectos estratégicos absolutamente essenciais para a revitalização da Baixa”, como a intervenção no Terreiro do Paço.
...»

3 comentários:

Anónimo disse...

Aposto que os "artistas" já foram lá grafitar.

Anónimo disse...

27 anos para tirar dali uns "barracões" não está mal. A isto chama-se produtividade.

Anónimo disse...

Pena que a arquitectura "modernista" não contemple a plantação de árvores.

Pinto Soares