06/02/2016

Terreiro do Paço - I

E quem autorizou a "bonita e digna" passadeira na arcada poente do Terreiro do Paço? E os candeeiros de plástico, os sofás de palhinha barata, os expositores a anunciar vários festivais gastronómicos, de Veneza à Lusitânia, uma viagem à incúria com que a mais bela praça de Lisboa é tratada. A típica chico-espertice nacional em pleno. Nivelar para baixo, é o critério.

Que a Tabacaria Mónaco tenha que tirar os seus expositores, fez as parangonas dos jornais 8e ainda bem). Que os muitos e variados restaurantes coloquem o que querem e lhes apetece no Terreiro do Paço, parece não incomodar nada nem ninguém. da DGPC (para que é que serve tão augusto poleiro? Por lá passam vaidades várias, todas iguais na sua eficácia-nula na protecção do património), à CML, à Junta de Freguesia, aos lisboetas de um modo geral. Hoje tudo vale numa das mais extraordinárias praças da Europa.




Cobertura de "plástico". Pátio da Galé.

Assim se cobre um pátio barroco num Monumento Nacional. Lá dentro fazem-se várias efemérides. Todas muito úteis. Acesso vedado ao comum dos mortais


Há ângulos que não enganam. Panorâmica do Arco da Rua Augusta da galeria poente. Os cafés, bares, cervejarias, tem sabido alargar o seu espaço. Já nem as cadeiras obedecem ao modelo que foi aconselhado quando a Praça foi reabilitada. Hoje em dia é um mar de traquitana avulsa na maior parte com muito mau-gosto.

Museu da Cerveja, Aqui nem se deram ao trabalho de colocar flores verdadeiras. A pressa do lucro, o chamariz fácil, a ocupação do espaço com toda a cangalhada, pseudo-esculturas de metal, ilha de apoio à esplanada, aquecimentos iguais aos da Rua Augusta,  chapéus-de-sol com luzinhas várias a lembrar a feira popular, pára-vento de fórmica transparente. tudo em pleno Monumento Nacional.

E todas as outras esplanadas afinam pelo mesmo diapasão.

Refira-se que a reabilitação do Terreiro do Paço foi um dos melhores projectos de Lisboa. Design uniformizado e regras para a ocupação do espaço público,. Infelizmente, hoje nada mais longe do que essa vontade. De uma praça de aparato e de poder barroca, passou-se a uma brutal armadilha para turistas e incautos.

3 comentários:

O Convidado Invisível disse...

Praça do"comércio", remember?

Ruben Teixeira disse...

Não entendo tanto mal-dizer!! Queriam o quê, o Terreiro do Paço vazio? No natal só tive pena de não haver um mercado de natal com jeito e mais atrações na Praça do Comércio. Querem uma cidade de século XIX ou uma cidade moderna, que atraia pessoas e turismo? deixm-se de lamúrias!

Miguel de Sepúlveda Velloso disse...

reagindo a Rubem Teixiera,

deixe-se de comentários.

Ainda por cima com uma lógica mais do que questiionável. Enfim, é o que há.
Nãp entende? Então é porque a ideia que tem da cidade é o vale tudo e mais um par de botas. Boa para si e para algum turismo inimigo de uma cidade histórica e com uma riqueza patrimonial extraordinária como Lisboa.