In Público (14/5/2008)
Catarina Prelhaz
«De um milhão em 2006 para zero euros em 2008: Lisboa vai ter iluminação e animação de rua no próximo Natal sem que a autarquia tenha de despender verbas para o efeito. Segundo a proposta ontem aprovada pela assembleia municipal, a contribuição camarária será substituída pelo dinheiro de promotores a seleccionar mediante concurso público, que em troca serão compensados com direitos de publicidade em vários locais da cidade.
A medida surge depois de, em 2007, a Câmara de Lisboa ter gasto 1,5 milhões de euros com iluminações alusivas àquela quadra festiva, mais de um milhão dos quais referentes ao ano anterior. No último Natal, a autarquia liderada por António Costa (PS) reduziu para menos de metade o dinheiro gasto com as luzes (406 mil euros) e uma das principais artérias da cidade, a Av. da Liberdade, esteve à beira de ficar sem iluminação.
Contudo, a proposta do executivo não agradou a todas as forças políticas. O líder comunista, Modesto Navarro, acusou o executivo camarário de fomentar a "propaganda" e o "consumismo" em detrimento da "fraternidade e encanto" próprios do Natal. Em uníssono no ataque à proposta estiveram o deputado do Bloco de Esquerda (BE) José Guilherme e o líder do CDS-PP, Rui Roque, que se insurgiram contra a isenção das taxas de publicidade. "Não estamos em desacordo com esta substituição [da Câmara pelos promotores], que é a estratégia correcta, mas a isenção das taxas publicitárias não faz sentido", qualificou José Guilherme, para quem os tipos de utilização publicitária deveriam constar dos projectos a avaliar. Ainda assim, o lançamento do concurso foi aprovado com o aval do PSD, PS e BE, a abstenção do CDS-PP e os votos contra do PCP e "Os Verdes" (PEV). Já a isenção da taxas passou com os votos desfavoráveis do CDS, PCP, PEV e BE.
Mas não só de luzes versou a sessão da assembleia: o relatório de contas da câmara de 2007 esteve no cerne da discussão e acabou por ser aprovado com os votos favoráveis do PS, abstenções do PSD (em maioria), CDS-PP e BE e votos contra do PCP e PEV. A gestão do pessoal foi o capítulo que gerou maior controvérsia. Embora as despesas com funcionários tenham caído 4,5 por cento para 243 milhões de euros, PSD e CDS-PP questionaram a "elevada" taxa de absentismo registada em 2007 (11 por cento).
Já o BE optou por criticar a falta de rigor na elaboração dos orçamentos e a verba excessiva destinada a provisões para riscos e encargos (cresceu 170 por cento para 215 milhões). O PCP atacou o imobilismo da câmara em 2007, que apenas executou 43 por cento do seu plano de actividades.
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é o número médio diário de faltas de trabalhadores da CML, de um universo de 12 mil funcionários»
O segredo está na publicidade. E todos os espaços e, pior, todas as ocasiões, estão à venda.
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7 comentários:
Sempre quero ver. Depois da iluminação digna de subúrbio pobrezinho, o que nos calhará este ano.
Aliás, o ano passado, os arredores de Lisboa tinham iluminações mais "iluminadas" que a capital, o que me parece pouco aceitável para uma capital europeia que se diz investir no turismo e na promoção do comércio.
Muita vezes, não é o dinheiro que conta mas o que se faz com ele...
prefiro não ter luzes a ter uma cidade carregada de publicidade.
As grandes iluminações de natal são próprias de países atrasados. Que interessa ter grandes iluminações se temos uma cidade cada vez mais destruída, com um comércio a caminhar para trás, uma cidade onde cada vez vive menos gente?
Choca-lhe terrivelmente o convite ao consumismo, ao luxo, ao inútil duma quadra que se pretende seja o mais simples possível. O dinheiro gasto com essas futilidades seria melhor gasto se fosse em benefício dos que mais precisam. Sem demagogias nem imposturices. Odeio fachadas bonitas para "inglês ver" a esconderem miséria e destruição e atraso.
O mais triste é que ninguém se insurgirá com a venda do espaço público da cidade - que é de todos - a sabe-se lá que banco, ou a que empresa.
As iluminações de Natal de 2007 foram a maior vergonha de sempre - neons na Praça Marquês de Pombal e no Saldanha a dizerem Santander e CML desejam Bom Natal. Mais abaixo, mui nobre Avenida da Liberdade, uns totens ridículos, pouco mais altos do que a minha pessoa, também do Santander foram a única iluminação da principal avenida de Lisboa, que se não fosse a "generosa dádiva" do banco teria estado às escuras.
Mas alguém falou da vergonha que foi aprovada pelo Executivo de António Costa? Não, claro que não.
Aliás, a cedência de ocupação de espaço público para fins publicitários dessas iluminações foi a reunião de câmara? Não, também acho que não.
Penso que António Costa pode até transformar Lisboa em Las Vegas que ninguém vai levantar a bolinha.
Dou o exemplo das telas gigantes de publicidade: já alguém reparou que o António Costa autoriza tudo o que é tela gigante em Lisboa? A troco do quê?
Minha querida e mui nobre cidade de Lisboa...
Novo título: "Câmara de Lisboa perde um milhão de contos em taxas".
Parafraseando um post anterior: será que o executivo de António Costa cedeu ao lobby da publicidade?
Pergunta ingénua: porque será que Lisboa se está a parecer cada vez mais com uma prostituta decadente?
"As grandes iluminações de natal são próprias de países atrasados."
Já foi a Madrid, Londres ou Nova Iorque no Natal?
Lisboa não precisa (nem deve, porque não pode) ser igual.
Não precisa é de ser como foi o ano passado...assim com ar de abandonada.
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