13/05/2008

Reitor exige Botânico e museus intactos, mas descarta biblioteca

In Público (13/5/2008)
Catarina Prelhaz

«Edifício central da Escola Politécnica, Picadeiro, Sala do Conselho, Herbário, Observatório e Edifício da Matemática são para manter, diz Universidade de Lisboa


Depois do debate de ideias sobre o futuro do Parque Mayer, Jardim Botânico e edifícios da Politécnica, a Universidade de Lisboa (UL) já definiu quais são os elementos intocáveis do espaço que tutela no Príncipe Real, em pleno centro da cidade. Para além do Jardim Botânico, cujo acesso deverá permanecer condicionado (em horário e preço), terão de ser requalificados unicamente para actividade museológica e científica o edifício dos Museus da Politécnica, o Picadeiro Real, a Sala do Conselho, o Herbário, o Observatório Astronómico e o Edifício da Matemática.
Fora da lista dos imóveis intactos ficam, na Alameda Sul, a antiga cantina, actual Teatro da Politécnica, e duas casas em ruína, uma das quais virada para a Rua da Escola Politécnica. A Norte, a UL abdica da conservação de todos os edifícios à excepção do Picadeiro e da Sala do Conselho, nomeadamente as 27 casas de função e garagens, a maioria das quais se encontra em ruína (dez continuam ocupadas). As estufas deverão requalificadas ou relocalização.
Abertos a possíveis intervenções para fins culturais, comerciais ou recreativos (apenas para garantir a sustentabilidade financeira do complexo da Politécnica) ficam, então, o edifício que confina com o Picadeiro, a biblioteca e o arquivo histórico, ao contrário do apelo feito pelos investigadores do Botânico e da Politécnica em carta aberta dirigida ao reitor da UL, António Nóvoa.
"A UL está empenhada na manutenção das bibliotecas históricas do conjunto universitário, agregando diversos espólios e acervos e terá de ser encontrada para eles a melhor localização possível, seja naquele espaço [da Politécnica], seja noutro qualquer", admite António Nóvoa.
Museus intocáveis
Excluída está a ideia de desafectar à actividade museológica um terço do edifício central da Politécnica, conforme previa a proposta do arquitecto Souto Moura, um dos vencedores da primeira fase do concurso de ideias. Afectos exclusivamente aos museus ficarão ainda o Observatório Astronómico e o Edifício da Matemática. Já o Picadeiro, monumento classificado, deverá ser reabilitado para albergar exposições, congressos ou eventos culturais e científicos, mas sempre com "uma programação directamente articulada com a missão e objectivos" dos museus.
Sob as zonas sujeitas a intervenção, a UL admite não haver "consequências negativas" na criação de estacionamentos. Quanto ao Botânico, a universidade exige a realização de estudos prévios que afiram o impacte das obras. Por outro lado, defende que seja mantida uma "zona-tampão" criada pelos logradouros das casas contíguas e que as construções não excedam uma altura que "ultrapasse significativamente" a cota do muro do jardim, sob pena de fazer perigar a sobrevivência das espécies que este alberga. De resto, para a UL, nada impede a criação de múltiplos acessos ao Botânico, nomeadamente em articulação com o Parque Mayer.
Embora compreenda e louve as dúvidas dos investigadores da Politécnica em relação ao destino do complexo, o reitor da UL apela agora à união. "Fala-se muito no perigo da especulação imobiliária, mas esquece-se de um bem pior: o do imobilismo. Esse sim pode deitar tudo a perder", adverte António Nóvoa.»

2 comentários:

Anónimo disse...

A idéia peregrina do trocadilho de Nóvoa de que mais vale o "imobiliário" do que o "imobilismo", é Sado-Masoquista!
Reitor Nóvoa:o Parque Mayer e a sua carga especulativo-imobiliária Santanista é para afastar totalmente do Jardim Botânico e dos seus respectivos edifícios,museus( etc).
E para afastar todas as pretensões dos novos patos-bravos arquitectos-vedetas tipo Byrne-Souto Moura,que sequiosos de betão andam á sombra da falida CML ,e,do agora eleitorável Costa(Sócrates).
Este assunto Politécnica/Botânico/P.Mayer promete ser o maior escândalo arquitectónico/imobiliário de sempre da cidade de Lisboa !!
(Esperemos que não)


13-5-08 Lobo Villa

Anónimo disse...

É urgente,antes do mais,desmontar o oportunismo dos arquitectos-vedeta tipo Byrne(torres soviéticas de Casais),tipo Siza(torres de Alcântara) e aqui infelizmente Souto Moura também,que afinal são agora os GRANDES RESPONSÁVEIS pelo actual surto de especulação imobiliária de "prestígio",que assola Lisboa e arredores!
Nunca houve uma especulação assim,encabeçada pelos próprios arquitectos que era suposto defenderem o património e o território!!!


14-5-08 Lobo Villa