07/03/2012

La Bagnole ... toujours La Bagnole .... "era uma vez um castelo"






"Onde há carros, escreveu, havia em tempos um parque temático para crianças." in Blog "Alfama Planeta Alfama"




 Automóveis da vizinhança são nova atracção no Castelo de São Jorge

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Por Carlos Filipe in Público

As ruas da freguesia do Castelo não comportam todas as viaturas automóveis dos seus residentes, pelo que foi encontrada uma solução pouco consensual: estacionam em bolsa própria no interior do castelo


No Castelo de São Jorge, em Lisboa, monumento nacional, dos mais visitados da cidade, um parque de estacionamento automóvel aparenta ser uma nova atracção, por inesperada e não anunciada em qualquer roteiro turístico. Não é, de facto, um parque, mas uma bolsa de estacionamento, muito informal, destinada a acolher até 50 automóveis de residentes na freguesia, que não encontram lugar nas ruas lotadas e estreitas do bairro.
O mais estranho é que o visitante que se dirige para o núcleo museológico, que após trabalhos arqueológicos recentes abriu ao público, revelando vestígios de um bairro islâmico, é apanhado de surpresa quando se depara com uma cerca e é forçado a subir e a descer degraus da fortificação adjacente, já no Norte do perímetro da zona monumentalizada, para aceder ao local de visita.
Nota-se que houve a preocupação de dissimular a presença daquela bolsa de estacionamento, cercando-a com rede, envolvida em tela de tecido acrílico verde. As viaturas acedem pelo Largo de Santa Cruz do Castelo, através de um pequeno portão. E a qualquer hora do dia, mesmo durante a noite, pois ali fica um segurança de plantão.
"Aquele espaço só foi criado pela Empresa Municipal de Mobilidade e Estacionamento de Lisboa [EMEL] após a recuperação do espaço arqueológico, ainda que a intenção inicial era mesmo fazer um parque de estacionamento subterrâneo, com três pisos, no castelo, e sob aquele mesmo local. Mas os trabalhos ao lado revelaram importantes achados e o Igespar [Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico] achou por bem preservar o subsolo onde se encontra a bolsa", disse ao PÚBLICO o presidente da Junta de Freguesia do Castelo, Carlos Filipe Lima.
O autarca diz lamentar, mais que ninguém, a actual situação: "Nasci e aqui fui criado, brinquei muito no castelo e não estou satisfeito com a situação, pois o castelo deve ter muito mais dignidade do que lhe está a ser dada. Sinto algum desconforto com isto [a bolsa de estacionamento], e acho que devia haver alguma forma de conciliar a dignidade do castelo e as dificuldades de estacionamento na freguesia. É que sem este espaço seria mesmo o caos no bairro."

Ruas cheias

Um caos, mesmo que controlado, mas ainda assim um caos, e ainda à entrada de Março, pois nos meses de pico turístico, há-de ser bem pior, é a situação vivida à entrada do castelo. A metros pára o mini-bus da Carris, a carreira 737, que circula entre o monumento e a Praça da Figueira. E é mini porque as ruas da colina estão pejadas de carros e as viragens são complicadas. E mais complicada fica a manobra devido à presença dos táxis que ali despejam turistas e que por ali se mantêm à espera de nova corrida.
A senhora Maria - "simplesmente Maria", diz, está à janela do primeiro andar na Rua Bartolomeu de Gusmão. Diz-se habituada às agruras dos seus vizinhos que perdem um ror de tempo procurando um lugar para enfiar o automóvel. Não tem carro, mas é como se tivesse. "Às vezes ajudo-os a encontrar um lugar, daqui vejo mais longe. Mas sabe, a solução é não ter carro. Façam como eu, que ando a pé, e já tenho 68 anos."

Blogocrítica

Simplesmente Maria não se indigna com o parque no castelo, já o autor do blogue "Alfama - Planeta Alfama", indignou-se com a situação e chamou-lhe "era uma vez um castelo". Onde há carros, escreveu, havia em tempos um parque temático para crianças.
Fernando Nunes da Silva, vereador camarário para a mobilidade, salienta que enquanto não for encontrada uma solução definitiva para o problema do estacionamento na zona, "o parqueamento no castelo deverá ser arranjado e ordenado como deve ser". "Concordo que não se tenha feito o parque subterrâneo naquele local, uma vez que a importância dos achados merece que as entidades da cultura tenham reservado o espaço. Mas, idealmente, onde há carros deveria haver espaços de lazer e estadia para os visitantes do castelo", sublinha o vereador.
O presidente da Junta do Castelo diz não ter recebido queixas na autarquia sobre a localização do estacionamento no castelo, frisa que não haveria soluções milagrosas como alternativa, mas que mesmo assim chegou a propor a adaptação de uma zona encostada à muralha, o Pátio D. Fradique, para a construção de "uma espécie de silo". Mas para ali também está previsto o alargamento de uma unidade hoteleira de luxo - o Palácio Belmonte.
Nas redondezas, dois parques explorados pela EMEL (ver outro texto) poderiam acolher mais viaturas dos residentes da zona 44 (Castelo). Mas, como lamenta Carlos Filipe Lima, "as pessoas acham que dizer que ficam perto é relativo e que os valores pedidos pela entidade que os explora são considerados elevados pela população, para além de dizerem que a insegurança é grande." Todavia, no que se refere ao parque das Portas do Sol, o estacionamento é automático e não possibilita acesso de pessoas ao seu interior.

4 comentários:

Anónimo disse...

que tristeza

Xico205 disse...

Os carros estão no castelo à anos e não é dramatismo nenhum.

Dramatismo só mesmo esta reportagem.

Nunca mais há uma catástrofe a serio em Lisboa para que algumas pessoas se deixem de preocupar com insignificâncias e se preocupem realmente com coisas uteis!!!

madeinlisboa disse...

O problema é sempre o estacionamento.... fo**-se o estacionamento! Já mete nojo esta atitude dos políticos em Portugal. O país transformou-se num gigantesco estacionamento desordenado. Vale tudo desde que seja para calar a boca de um povo que gosta mais do carro do que da própria família.

Paulo Ferrero disse...

Quer dizer: até aqui tinha sido a Junta a deixar que os seus estacionassem ali a seu bel-prazer. Os prostestos eram mais que mtos a começar, e bem, pela EGEAC. Agora, é a EMEL a institucionalizar a coisa. Ah, ganda terra!!!