06/04/2012

Túnel do Marquês finalmente concluído por 32 milhões de euros



"Quanto à factura final, o túnel ficará em cerca de 32 milhões de euros, mais do dobro dos 13,8 milhões estimados no lançamento da obra. Com a abertura ao tráfego a câmara vai liquidar os últimos 700 mil euros."


Por Luís Filipe Sebastião in Público

Último troço de obra de entrada e atravessamento rodoviário desnivelado em Lisboa fica pronto ao fim de quase nove anos e custou mais do dobro do montante pelo qual a empreitada estava estimada no início


Alexandre conduzia o pequeno automóvel Seat atrás de uma moto da polícia. Pela janela aberta exibia dois dedos da mão em sinal de "vitória". O jovem condutor já saberia então que, em vez de ser mandado encostar por uma eventual infracção rodoviária, tinha à sua espera o presidente da Câmara de Lisboa, rodeado da comunicação social, para o cumprimentar por ser o primeiro a sair do túnel do Marquês para a Avenida António Augusto de Aguiar.
Foi às 12h54 que o autarca socialista, António Costa, gracejou com o automobilista, dizendo que não lhe ia dar "um desconto no IMI [Imposto Municipal sobre Imóveis]", mas uma recordação alusiva "à primeira viatura" que passou na saída do túnel do Marquês na Av. António Augusto de Aguiar, como se podia ler no azulejo branco da casa da Viúva Lamego com o símbolo do município. "Foi um espectáculo", comentou o condutor, quando questionado sobre a experiência de percorrer os últimos 350 metros que faltavam ao túnel. Sabia quando o novo troço ia abrir? "Andei a passar para ver se era o primeiro e chamaram-me", brincou.
Pouco antes, quase oito anos depois da data prevista para a sua conclusão, como se previa quando foi adjudicada a empreitada, António Costa e os seus antecessores no cargo, Pedro Santana Lopes e Antonio Carmona Rodrigues, ambos eleitos pelo PSD, haviam retirado as três divisórias em plástico que impediam a passagem de viaturas. "É uma obra que teve muita controvérsia, mas hoje não há ninguém que diga mal deste túnel", afirmou o presidente da câmara, justificando que seria "uma injustiça" não convidar quem lançou o projecto.
"O tempo da polémica é o tempo anterior às decisões. Depois de tomadas as decisões, têm de ser respeitadas", considerou António Costa, defendendo que após o avanço dos projectos "é importante respeitar a decisão que foi tomada, prossegui-la, e concluir a obra". O túnel, salientou, é um bom exemplo disso e como obra de "continuidade" era importante que estivessem presentes os três presidentes do período em que foi lançada e terminada.

Os elogios de Santana

Pedro Santana Lopes mostrou-se satisfeito com a conclusão do túnel e elogiou as diligências de António Costa, que "com o seu equilíbrio e o seu bom senso levou o final da obra a bom porto". O vereador do PSD, que se escusou a comentar outros assuntos da actualidade política, com um persistente "só túnel", notou que o país precisa de "coisas boas, de razões de esperança e de obra feita".
Momentos antes da cerimónia, o PSD retirara da embocadura do túnel na confluência das avenidas António Augusto de Aguiar e Fontes Pereira de Melo um cartaz a criticar António Costa por terem passado mais de quatro anos após tomar posse e o túnel estar "por terminar".
Para Carmona Rodrigues, que sucedeu a Santana Lopes, o túnel esteve envolvido em "muita controvérsia", mas sustentou que tem sido "muito útil para os cidadãos de Lisboa" e para quem o usa para vir trabalhar "com evidentes benefícios de mobilidade e em termos de poluição e ambientais". Quem esteve ausente foi o hoje vereador José Sá Fernandes, por estar "de férias". O vereador da Mobilidade, Fernando Nunes da Silva, que participou na contestação ao projecto inicial, garantiu que a acção judicial "permitiu aumentar a segurança" no túnel e frisou que a demora também se deveu à necessidade de rebaixar os cabos da central de comando do metropolitano, que o túnel rodoviário atravessa a um nível superior.
Quanto à factura final, o túnel ficará em cerca de 32 milhões de euros, mais do dobro dos 13,8 milhões estimados no lançamento da obra. Com a abertura ao tráfego a câmara vai liquidar os últimos 700 mil euros.

1 comentário:

Anónimo disse...

32 milhões de euros para injectar mais tráfego automóvel dentro de Lisboa.

Bravo.