15/06/2012

Câmara de Lisboa quer concessionar Pavilhão Carlos Lopes a privados .



"O programa preliminar do projecto de 2008 abria a possibilidade de demolição parcial do edifício, desde que mantidos "os elementos mais estruturantes da sua memória". O vereador do Desporto na autarquia lisboeta, Manuel Brito, assegura que isso já não irá acontecer - embora aos concorrentes vá ser pedida uma representação gráfica das alterações ou demolições a efectuar, mesmo que parciais."
(...) "Construção de estacionamento subterrâneo será o critério mais pontuável do concurso - valerá 45 pontos, enquanto salvaguarda arquitectónica vale 30."

O que é isto ?!? 

Atenção ... muita atenção a estas alterações ou demolições a efectuar, mesmo que parciais !!
O Pavilhão Carlos Lopes constitui Património Arquitectónico importante da cidade de Lisboa especialmente no seu projecto total de Interiores e Artes Decorativas !!
António Sérgio Rosa de Carvalho.
  

Por Ana Henriques in Público

Construção de estacionamento subterrâneo será o critério mais pontuável do concurso - valerá 45 pontos, enquanto salvaguarda arquitectónica vale 30. Ideia é voltar aos eventos, desportivos ou musicais


A Câmara de Lisboa aprovou ontem uma proposta destinada a concessionar o Pavilhão Carlos Lopes a privados. Tanto o prazo como a renda da concessão estão por definir: serão alvo de proposta pelos concorrentes, cabendo ao vencedor do concurso efectuar as obras necessárias à reabertura do degradado edifício, estimadas em sete milhões de euros. A concessão não poderá ultrapassar os 35 anos.
Construído para a Exposição Internacional do Rio de Janeiro de 1922, cidade para onde foi transportado desmontado, o histórico pavilhão encontra-se fechado e a aguardar obras há perto de uma década. Em 2008, a Câmara de Lisboa, sua proprietária, estabeleceu com o Governo uma parceria para ali instalar um Museu do Desporto que nunca deu frutos além de uma grande cerimónia para anunciar essa intenção. Antes disso tinha havido outro projecto de reabilitação que também nunca foi por diante.
O objectivo da concessão é que o pavilhão volte a ter as suas antigas funções: a realização de competições desportivas, mas também outras actividades como concertos, conferências e colóquios. Previsto está também um parque de estacionamento subterrâneo. A sua construção é, aliás, o critério de adjudicação mais pontuável pelos concorrentes: vale 45 pontos, enquanto a salvaguarda da identidade arquitectónica, espacial e decorativa do edifício vale apenas 30.

Onde estão verbas do casino?

O programa preliminar do projecto de 2008 abria a possibilidade de demolição parcial do edifício, desde que mantidos "os elementos mais estruturantes da sua memória". O vereador do Desporto na autarquia lisboeta, Manuel Brito, assegura que isso já não irá acontecer - embora aos concorrentes vá ser pedida uma representação gráfica das alterações ou demolições a efectuar, mesmo que parciais.
A renda mensal a pagar pelo concessionário terá duas componentes: uma fixa, nunca inferior a cinco mil euros, e outra variável, em função dos resultados de exploração. Outra contrapartida para a câmara será a cedência do equipamento dez dias por ano para as actividades que o município entender. Manuel Brito explica que soluções de engenharia inexistentes quando o pavilhão fechou vão permitir demolir pilares interiores e ampliar o salão para dimensões compatíveis com as actuais exigências legais para a prática do futsal, voleibol, andebol e hóquei em patins. Quanto aos painéis de azulejos do pavilhão, o autarca garante que embora se tenham registado alguns roubos muitos deles foram guardados e serão repostos durante a obra.
"A concessão de exploração permitirá dar uma nova vida ao Pavilhão Carlos Lopes, garantindo o seu desenvolvimento em parceria com entidades privadas que tragam novos projectos e uma nova vocação a este importante equipamento, que de outra forma, e em especial no presente contexto, não seria possível assegurar, condenando-o a uma crescente degradação", refere a proposta aprovada. O vereador Ruben de Carvalho (PCP) votou contra: os comunistas não concordam com este tipo de concessão em troca da reabilitação. "Há quatro anos havia três milhões de euros de contrapartidas do casino de Lisboa para esta obra que nunca foram usados", recorda, garantindo que a verba não se perdeu. O vereador António Carlos Monteiro, do CDS-PP, também quis saber o que é feito do dinheiro. "Foi-me dito que parte foi gasta no sistema de rega do Parque Eduardo VII e que se irá ver o que se fará com os mais de dois milhões remanescentes", refere este autarca.
"Se tudo andar bem, dentro de dois anos poderemos reabrir o Pavilhão Carlos Lopes", calcula o vereador do Desporto.

1 comentário:

RCurto disse...

Ontem passei junto ao Pavilhão Carlos Lopes e é com profunda tristeza que vejo a sua degradação!
Fiquei estupefacta com o que li. E o que me parece é que será mais uma das tristes historias de deixar cair edificios para que se sobreponham outros interesses!!