07/06/2012

Hoje já não há pão e bolos na Panificação do Chiado





Lentamente mas Inexorávelmente, as Lojas Tradicionais de Carácter e Ancestralidade estão a desaparecer … e a serem substituídas por cadeias e “franchisings” globalizantes.
Perda insubstituível para os Lisboetas e Turistas. Perda de Autenticidade e Identidade com consequências para a qualidade de vivência do mesmo Turismo.
E … a C.M.L. … nem ai nem ui … nem ao menos um sinal de pesar ou procupação … já para não falar de estratégia ou urbanismo comercial …
António Sérgio Rosa de Carvalho.



Por Carlos Filipe in Público

Estabelecimento quase centenário, encerrou sem aviso prévio a funcionários e aos clientes apenas foi dito que hoje não há pão


A Panificação do Chiado, casa histórica, quase centenária, na Calçada do Sacramento, em Lisboa, encerrou ontem as portas, deixando uma certeza aos seus fiéis clientes, a quem apenas foi dito que a partir de hoje não haverá pão nem bolos para lhes vender.
Os 25 funcionários souberam de tal sentença pela manhã e só às 16h, em reunião com a gerência da empresa, lhes terão sido comunicados pormenores sobre o seu futuro, se ainda válidos para a empresa ou se irão engrossar a ala dos desempregados. Todos os esforços do PÚBLICO para apurar outros contornos da decisão foram infrutíferos. Ao longo de todo o dia, a gerência da empresa nunca esteve disponível para prestar qualquer esclarecimento.
Na página da Panificação do Chiado na rede social Facebook sucederam-se notas de lamento de vários clientes, incrédulos com o que iam lendo em outras plataformas de informação. Ao fim do dia, alguém que se disse ex-gerente daquela padaria anunciava, em jeito solene e triste, o fim da fábrica, apelando a que alguém a compre para lhe devolver o glamour de outros tempos.
Fundada em 1917, a casa que diz ter importado de Viena para Portugal a popular vianinha, que era onde Salazar mandava comprar o seu pão, também teve direito a reportagem de Marcelo Rebelo de Sousa na TVI. Em visita à secção de produção de bolos, deteve-se o professor no que chamou produto anticrise, por evitar, no corte, desperdícios.
Segundo o PÚBLICO apurou, o edifício onde se situa a Panificação do Chiado tinha projecto antigo para "recuperação de edifício pombalino" (2007) do gabinete de arquitectura Atelier 70, para fins de comércio, indústria e habitação, já que três dos pisos superiores estavam devolutos. No Boletim Municipal de 2 de Junho de 2011 ali se deferiu, pelo Departamento de Urbanismo Comercial, pedido de licenciamento de obras de alteração, intenção demonstrada em placa ainda visível no prédio.
Catarina Portas, que ontem comentou com tristeza o encerramento da panificação, refere o facto de a antiga livraria Portugal, na Rua do Carmo, ir ser agora ocupada por um estabelecimento da cadeia de sandes de pão artesanal Kayser. "Fecham padarias para abrirem boulangeries", diz, desgostosa. Em Fevereiro o fecho de uma das ourivesarias mais bonitas de Lisboa, a Aliança, da Rua Garrett, gerou muitos protestos - apesar de os proprietários do prédio terem garantido que os seus interiores estilo Luís XVI serão mantidos. Antes disso, a alfaiataria Picadilly, poucos metros acima, tinha sido transformada num pronto-a-comer. No ano passado contam-se entre os desaparecimentos históricos a charcutaria Nova Açoreana, na Rua da Prata, para dar lugar a um hotel. com Ana Henriques

1 comentário:

Filipe Melo Sousa disse...

Claro. Agora que cortaram todo o trânsito para a baixa, as lojas fecham. Depois admirem-se.