10/09/2014

Adiada votação de propostas sobre brasões da Praça do Império

A Câmara de Lisboa vai agora elaborar os termos de referência do concurso de ideias que pretende lançar.

Por Inês Boaventura, Público de 10 Setembro 2014

A proposta do vereador José Sá Fernandes que previa o lançamento de um concurso de ideias para a renovação do jardim da Praça do Império foi retirada durante a reunião da Câmara de Lisboa desta quarta-feira e só voltará a ser discutida depois de serem definidos, “em articulação com a Direcção-Geral do Património Cultural” (DGPC), os termos de referência desse concurso.
Retiradas foram também duas propostas da oposição sobre o mesmo assunto: uma do CDS, que defendia a “recuperação e preservação da totalidade dos brasões” existentes no jardim, e outra do PCP, que propunha que o município contratasse novos jardineiros e promovesse o ensino “da arte de modelação de espécies vegetais em canteiro, vulgo mosaicocultura”, cujo “conjunto mais significativo se encontra nos jardins da Praça do Império”.  
“Foram retiradas todas as propostas e eu e a vereadora Catarina Vaz Pinto [que tem o pelouro da Cultura] fomos mandatados para elaborar os termos de referência do concurso”, explicou Sá Fernandes, acrescentando ter a expectativa de que esse trabalho possa estar concluído “até ao fim do ano”. Quanto à possibilidade de a Junta de Freguesia de Belém assumir a manutenção da Praça do Império, o autarca defendeu, em declarações ao PÚBLICO, que “este jardim deve continuar na câmara”.
Já o vereador do CDS sublinha que apesar de não ter havido votação de propostas sobre este assunto ele foi debatido, tendo sido possível verificar que “existe uma tendência de consenso, entre CDS, PSD e PCP, para que se mantenha o essencial da traça e do espírito deste jardim”. João Gonçalves Pereira acrescenta que considera “fundamental” ver que posicionamento irá a DGPC assumir nesta matéria.
O autarca aproveita para deixar uma crítica ao vereador da Estrutura Verde, que disse recentemente “há cerca de 20 anos” que os brasões da Praça do Império “não eram intervencionados”. “Sá Fernandes fala em 20 anos de abandono, mas sete são da responsabilidade dele”, lembra João Gonçalves Pereira.   


7 comentários:

Ines B. disse...

Acho que a solução apresentada pelo PCP é que responde melhor ao problema: a contratação de novos jardineiros conhecedores da arte da mosaicocultura (modelação de espécies vegetais em canteiro), bem como a promoção do seu ensino. Este é menos um problema ideológico e mais um problema de conhecimento técnico dos jardineiros da CML ou das empresas que a mesma contrata para a manutenção dos jardins de Lisboa.É portanto um problema em tudo semelhante ao da calçada portuguesa e da falta de calceteiros especializados.

Anónimo disse...


Ainda mal despertou a ideia e já se procura envenená-la. Se a ideia até parece boa, com estas tricas, já parece transformar-se numa guerra de galinheiro. Deixem acontecer com toda a liberdade dos criativos, um concurso de ideias, sem tabus nem condições. Depois disso, exponham ao público que as julgará e só então se proceda a um rigoroso juizo útil e moderno da proposta a concretizar. Eu pretendo apresentar uma ideia que seja simbolo do século XXI - deixem trabalhar...

Julio Amorim disse...

Isso sim....promover a "arte de modelação de espécies vegetais em canteiro, vulgo mosaicocultura”.

Jardins bem tratados = visitantes = postos de trabalho = economia sustentável

Carlos Medina Ribeiro disse...

Quando um gestor não sabe o que há-de fazer, nomeia uma Comissão ou um Grupo de Estudo. Esta do Concurso de Ideias é uma variante curiosa...

Vamos ver o que dá. Para já, serve para ganhar tempo e para não se fazer o óbvio: tratar do património da cidade (de que os jardins são uma parcela fundamental).

Anónimo disse...

É absolutamente de estarrecer que se perca tempo com assuntos destes quando a situação geral de desmazelo e bandalheira do espaço público no centro histórico de Lisboa é o que se sabe.

Anónimo disse...

Qualquer dia também se pode promover um concurso de ideias para "rentabilizar" e "modernizar" o uso dos Jerónimos, da Torre de Belém, do Mosteiro da Batalha e de tantos outros monumentos que celebram uma época ou feitos de alguns antepassados que, pasme-se, estão ultrapassados! Desde bares e discotecas, para além de hotéis de charme tudo seria possível. Certamente apareceriam ideias "giras", como algumas coisas que têm sido "inventadas" em certas zonas históricas de Lisboa, a título de restauro, para não ir mais longe...
J Honorato Ferreira

Anónimo disse...

Para o sr. comentador anterior: O uso de monumentos como esses para fins no género desses já está legalizado. Alugam-se por quantias que estão estabelecidas em lei. Nesta terra, tudo se vende, se aluga, se prostitui.