22/03/2015

A diferença entre as recomendações e a prática. em Lisboa

Prédio Lisboa Entre-Séculos de grande aparato na Barata Salgueiro. Foi completamente destruído, restando a fachada. Será acrescentado em três ou quatro pisos e tem sido a estrela da publicidade vistos Gold no aeroporto.

Na mesma zona, outra vítima. Nada sobrou do seu interior. Relembra-se que nesta zona, bairro Barata Salgueiro, foram chamados a intervir os grandes nomes da época, como aliás, fica provado pela elevada qualidade arquitectónica do último quarteirão da Alexandre Herculano.

As demolições em todo o centro histórico, são, infelizmente mais do que comuns. Tornaram-se uma prática na chamada "reabilitação da cidade".

Rua Fernandes Tomás próximo de Santa Catarina

Prédio pomblino. Tal como outros mais recentes, também os que pertencem a períodos anteriuores são vítimas de demolições integrais. Na paisagem de Lisboa, na Baixa, são comuns as soluções de novas mansardas cobertas de zinco.

Palácios, palacetes, prédios de rendimento, um pouco por todo o lado, o património de Lisboa é esquecido ou intervencionado de tal forma que fica para sempre irreconhecível face aos valores originais que emprestavam à cidade o seu carácter único e excepcional. Palácio Almada-Carvalhais, Monumento Nacional, detido em parte por um Fundo Imobilário agregado à CGD.

Palácio da Quinta das Águias IIP numa rua toda ela classificada.

Quarteirão da Lisboa Entre-Séculos completamente destruído. Rua Andrade Corvo - Avenida Duque de Loulé.

"O valor do património arquitectónico não se limita à sua aparência visual. Depende, também, da integridade de todas as partes que o compõem, pois é um produto único da tecnologia da sua época. Consequentemente, deve ser evitada a remoção dos elementos estruturais internos, para apenas manter as fachdas."

Assim se pode ler nos "Princípios Para Análise, Conservação e Restauro de Elementos Estruturais do Património Arquitecónico, no seu nº1 - 1.3."  Documento eleborado pelo ICOMOS na sua reunião em Victoria Falls (Zimbabué), 31 de Outubro de 2003. in "Património Cultural, Critérios e Normas Internacionais de Protecção", de Flávio Lopes e Miguel Brito Correia

Por mais justas que sejam estas palavras, nada mais longe da realidade de Lisboa., onde o património é visto como coisa descartável, vítima de todos os excessos e destruído em nome de vários interesses. Todos eles bem conhecidos e tipificados. Apelos, recomendações, cartas, princípios, vários são os instrumentos existentes para regulamentar as intervenções no espaço urbano. É, contudo, gritante o fosso entre o esforço teórico das autoridades, organismos e demais intervenientes e a sujeição prática ao facilitismo e às visões de cutro-prazo,  que, na sua maioria, ainda são quem norteia as decisões que fazem (destroem) a cidade.

2 comentários:

Anónimo disse...

A especulação imobiliária fazia muita falta.

Anónimo disse...



PARA A HISTÓRIA DO VANDALISMO EM LISBOA

com os nomes dos implicados