24/08/2007
É preciso recuperar o salão nobre do Conservatório Nacional!
Inaugurado em 1881 segundo projecto do arquitecto Eugénio Cotrim e dispondo de um tecto pintado por José Malhoa, o Salão Nobre do Conservatório Nacional foi palco de importantes efemérides como a célebre polémica entre Luis de Freitas Branco e Ruy Coelho, verdadeiro julgamento público sobre a atribuição de um prémio de composição à 1ª sonata para violino e piano de Luís de Freitas Branco, à primeira audição em Portugal da integral das sonatas para piano de Beethoven a cargo do eminente pianista Vianna da Motta, à primeira audição em Portugal de obras como o Pierrot Lunaire de Schöenberg, Canção da Terra de Mahler (versão de câmara), Il Mondo Della Luna de Avondano ( 1ª audição moderna), etc.
Sujeito nos anos 40 do século passado a amplas obras de remodelação (datando dessa altura a inclusão de um órgão de concerto), esta sala dispõe de uma acústica ímpar gabada por artistas como Karl Leister (clarinetista solista da Orquestra Filarmónica de Berlim), Anthony Pey (solista inglês de grande nomeada), e os cantores Peter Schreier , Sarah Walker e Mara Zampieri, entre outros. Vários músicos portugueses têm seleccionado o Salão Nobre para efectuarem gravações de discos devido à sua excelente acústica e dentre os quais salientamos António Rosado, Artur Pizarro, Nuno Vieira de Almeida, José Bom de Sousa, Elsa Saque, Emídio Coutinho, João Pereira Coutinho, etc.
Ora desde esses anos 40 do século passado que não se têm efectuado obras na referida sala, e 62 anos de constante utilização para concertos, audições e aulas deixaram as suas marcas, encontrando-se actualmente o Salão Nobre com um dos balcões laterais suportado por varões de ferro (para não cair), um número considerável de cadeiras totalmente destruídas, tectos com buracos, cortinas rasgadas, camarins em precárias condições. Enfim num adiantado estado de degradação que ameaça chegar ao ponto de não retorno.
Como se trata de um equipamento cultural indispensável não só para as actividades do Conservatório Nacional mas também como pólo dinamizador de uma zona que engloba não só o bairro alto como a cidade de Lisboa, desde há anos que insistentemente se reclamam, aos organismos competentes, obras tendo mesmo sido objecto de concurso público (publicado no D.R.), foi o mesmo concurso subitamente cancelado não se sabendo até à data as razões desse cancelamento. O salão Nobre do Conservatório Nacional com os seus magníficos tectos Malhoa não poderá aguentar mais tempo sem obras de recuperação.
É preciso salvá-lo sob pena de estarmos a pactuar num crime de lesa-património.
É nesse sentido que apelamos à sensibilidade dos cidadãos .
Juntamos fotografias que dão uma noção, bastante favorecida aliás, do péssimo estado em que se encontra esta jóia da nossa arquitectura que gostaríamos de ver recuperada.
Virgílio Marques
(http://suggia.weblog.com.pt)
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