Os moradores da Rua da Fé, em Lisboa, estão impacientes com o comportamento dos jovens que frequentam as festas Jukebox. Dizem que partem garrafas e que armam desacatos. A organização fala em "gente pacata".
São festas já famosas no circuito rock'n'roll: todas as matinés de sábado, um antigo ginásio da Sociedade Filarmónica João Rodrigues Cordeiro, em Lisboa, é cenário das festas Jukebox, evento que junta centenas de jovens adeptos do rock alternativo de inspiração gótica e vagamente punk e uma pequena representação da tribo do heavy metal.
O sucesso da Jukebox é visível: enquanto lá dentro muitos dançam, não falta gente na rua, sentada, a conviver, no "engate", enfim, a rock'n'rollar. Só que os vizinhos andam inquietos.
"Começamos a ter aqui problemas com desacatos que se criam e situações de sexo ao vivo", disse, ao JN, José Silva, que mora "parede com parede" com a colectividade. Diz estar cansado dos excessos da juventude. "Eles chegam a um ponto em que estão de tal forma alcoolizados que não ligam a mais ninguém", acusou, citando um caso recente de duas raparigas que foram apanhadas a fazer sexo oral à porta de sua casa. Mais ainda: "Eles partem as garrafas de cerveja contra as paredes e urinam na via pública".
"Nós, moradores, estamos fartos de tentar um bom diálogo", lamentou José Silva. Conta que, há uns dias, foi chamar a atenção a uns jovens que estavam a partir garrafas. "Ainda fui cuspido e agredido", desabafa.
O morador disse ao JN que está a preparar um abaixo-assinado para entregar na Câmara e frisou que a intenção não é fechar a colectividade: "O que nós gostaríamos é que o directores da colectividade chegassem à conclusão que há outras hipóteses de sobrevivência que não esta que cria confusão", explicou. José Silva recordou que não há muito tempo foi falar com um dos jovens que organiza estes eventos. "Mas ele disse-me: "Ó bacano, faz queixa a quem quiseres porque o meu pai é da ASAE!", contou, revoltado.
"Os exaustores do local onde fazem o evento dão para o meu jardim", confessou ainda, "e se eu quisesse fumar uma ganza bastava encostar a minha cara junto à saída dos exaustores!".
O JN passou ontem pelo local onde se realizava mais uma festa. O ambiente estava animado, é certo, mas não testemunhámos qualquer problema ou situação anormal: basicamente era juventude a divertir-se normalmente. Pormenor relevante: ninguém podia sair para a rua com garrafas de vidro; o porteiro, jovem vagamente metaleiro, fazia questão de verter a cerveja para um copo de plástico.
Dina Pereira, uma das responsáveis pela festa, refutou as acusações dos moradores e disse que ali a juventude "é gente pacata". Assume, todavia, que possam ser partidas garrafas na rua mas lembra que são trazidas de outros locais. Além disso, frisou que no final de cada festa, há sempre alguém da organização que vai à rua limpar o lixo ali deixado.
In JN
7 comentários:
Palavras para quê? Mais um bando de gente armada em coitados a querer acabar com as noites em Lisboa.
Estava a comentar com um amigo meu há dias que em Madrid ou Londres, á noite, parecia que as ruas burbulhavam com gente, como se fosse de dia. Em Lisboa? Cai a noite e isto torna-se um deserto, sem vivalma na rua. É triste.
M.B.
Estas festas são à tarde.
O Sr. MB quer confusão à porta da sua casa de noite para que aquilo não pareça um deserto?
E já lhe passou pela cabeça a razão pela qual há tanta " gente armada em coitados a querer acabar com as noites em Lisboa"? Será por mera embirração? OU será isto sinal de que há algo de muito errado na relação entre a diversão nocturna e a cidade/moradores?
Claro que é por embirração.
Quem escolheu ir morar para o Bº Alto e Santos é porque gosta de paisagens rurais e à noite ouvir grilos, e de manhã ao acordar abrir a janela do quarto e respirar o ar puro que vem da serra, enquanto observa as vaquinhas a pastar.
Sim, Xico205
As pessoas escolhem onde vivem; só não sei porque tanta gente escolheu morar nos bairros degradados e etc...
Esse argumento da "embirração" é, perdoe-me que lho diga, totalmente imbecil e não merece mais comentários.
Enquanto não se perceber que a noite de Lisboa é um problema, que as coisas funcionam sem o mínimo controlo e sem qualquer consideração pelos direitos dos moradores, não será possível passar para outro paradigma onde noite e moradores não sejam incompatíveis. Por enquanto são, porque não há fiscalização e porque o negócio da noite funciona à margem da lei, com o alegre beneplácito da CML.
Enquanto houver gente a achar que querer dormir antes das 4 da manhã, ou sair de casa sem ter copos partidos à porta de casa e vómito e etc, é "embirração", grande parte de Lisboa continuará a ser um mau sítio para se viver. Mas você não mora nesses sítios, não é? E ai de quem quiser interferir com o seu "direito" a berrar e vomitar à porta dos outros até às 6 da manhã.
Bom descanso e boa "diversão"
Obrigado pela Boa Diversão, vai-se fazendo o que se pode a contrariar as leis ridiculas da CML.
Que engraçado, o Bº Alto SEMPRE foi um local de diversão nocturna e só já no séc. XXI é que se vêm queixar. Alias um vizinho meu com 70 e tal anos viveu a sua infância no Bº Alto na Rua Luz Soriano e ele diz-me que já naquela altura (anos 40 e 50) aquela era uma das melhores ruas do Bº Alto para viver porque ficava fora da confusão e barulho de prostitutas e marinheiros que andavam pelas ruas da Atalaia, Barroca, Diario de Noticias, Fieis de Deus, etc...
Alias as casas do Bº Alto e Santos são tão baratas que uma pessoa que lá vive coitada, não tem opção de escolha. Pela sua conversa percebe-se que são bairros degradados onde impera a exclusão social.
Quanto à javardice em que ficam as ruas culpe antes a Camara de Lisboa por não fazer o que lhes compete, limpar. Os bares pagam impostos municipais, a camara que faça o que lhe compete.
Todos os Sábados a seguir à Feira da Ladra a Camara vai limpar o lixo da via publica que fica no Campo de Santa Clara. Todos os Domingos segue-se uma tarde e noite de limpeza às feiras do Relógio e Galinheiras, logo se a camra não limpa as ruas do Bº Alto e Santos é porque para a câmara esses municipes não têm interesse. Logo se vo^cês se acham vitimas da diversão nocturna e nem a Câmara quer saber de vocês, têm bom remédio, que se pensar um bocado chega lá sr. Rui Mateus.
Boa tarde, só hoje dia 19 de Novembro é que me deparei com este artigo de jornal publicado pelo JN. Confesso que sou cliente assídua da JukeBox já há vários meses, costumo frequenta-la praticamente todos os sábados (o horário de funcionamento da mesma é apenas aos sábados e para que conste, trata-se de uma matiné, funcionando assim apenas de tarde). Tenho a dizer que o que é dito neste artigo de jornal não é muito claro, o pessoal que a costuma frequentar já sabe que tem de respeitar várias normas para que o funcionamento da mesma seja impecável, normas essas que implicam o uso de um copo de plástico onde deverá ser posta a cerveja de modo a que as garrafas da mesma não sejam levadas para o exterior, deste modo não poderá haver quaisquer vestígios de "lixo" nas ruas ali perto. Contudo, as garrafas que eventualmente se poderão ver por ali, são garrafas de litro que não são vendidas no interior da Jukebox, não sendo assim o "lixo" da responsabilidade dos donos da mesma. Ainda assim, na hora do fecho há sempre um empregado que tem como responsabilidade a limpeza das ruas, voltando assim tudo a ficar novamente limpo e pronto para mais um sábado. Visto isto, não percebo o porquê de tanto descontentamento da parte dos moradores. Quanto ao comportamento dos frequentadores da Jukebox, penso que também não será bem assim, como já disse costumo ir todos os sábados e nunca vi tal tipo de comportamento por ali nas ruas, sitio publico. É óbvio que como gente jovem que somos, acaba por haver um ou outro casal aos beijos de forma um pouco mais calorosa mas não ao ponto de haver cenas de sexo nas ruas. Penso que é um pouco exagerado da parte de quem relatou tal comportamento ao JN, visto que nenhuma pessoa no seu perfeito juízo iria ter este tipo de comportamentos na rua, por muito bêbado que um individuo esteja, passo a expressão, nunca iria chegar a este comportamento. Queria apenas mostrar com este comentário, que o pessoal que frequenta a Jukebox, é de facto boa gente que não provoca quaisquer tipo de problemas nem aos moradores nem aos donos da Jukebox.
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