15/05/2012

Cidadãos protestam contra falta de segurança no acesso a Santa Apolónia



"Fizemos um projecto de execução que já foi entregue há meses no gabinete do vereador Manuel Salgado [que tutela as Obras Municipais], para ir para obra", afirma Nunes da Silva, sublinhando que está "absolutamente solidário" com os moradores por ainda nada ter sido feito. Os contactos para o gabinete de Manuel Salgado também não obtiveram resposta até ao fecho da edição.


Por Marisa Soares in Público

Moradores exigem que seja aberta uma porta no muro do lado norte da estação de comboios, mas a câmara e a Refer preferem alterar o trânsito e abrir outra porta. Marcha dos Atropelados está marcada para hoje


A resolução do problema da falta de segurança no acesso pedonal do lado norte à Estação de Santa Apolónia, em Lisboa, está num impasse. O vereador da Mobilidade, Fernando Nunes da Silva, diz que concluiu "há meses" um projecto que prevê a abertura de uma das portas (actualmente encerradas) que dão acesso pela Rua dos Caminhos de Ferro, o que implica a transformação desta artéria numa viade sentido único. Mas a solução, que ainda não saiu dos gabinetes da câmara, não agrada aos moradores.
O problema arrasta-se há anos. Na Rua dos Caminhos de Ferro, paralela à Av. Infante Dom Henrique (junto ao rio Tejo), os passeios são estreitos e não há passadeiras para atravessamento de peões. Quem lá passa queixa-se da falta de segurança e do risco de atropelamento. Basílio Vieira, morador na zona, resolveu dar voz ao protesto e lançou, em 2010, o movimento Entrada Norte e uma petição pública - já com mais de 700 assinaturas. No documento, os signatários exigem à Refer a abertura de uma porta no muro do lado norte da estação que daria acesso ao cais 1 pela Rua da Bica do Sapato, onde os passeios são mais largos.
A solução, refere Basílio Vieira, "é a mais simples e mais barata", até porque "a Refer [Rede Ferroviária Nacional] só teria de autorizar a obra, nem sequer teria de pagar" (ver caixa). Mas depois de, em Fevereiro de 2011, ter mostrado abertura para aceder ao pedido dos moradores desde que a entrada fosse exclusiva para utilizadores da ferrovia, a Refer terá chegado a um acordo diferente com a câmara. O PÚBLICO questionou a empresa, mas não obteve resposta.

Projecto entregue há meses

Segundo o vereador Nunes da Silva, "rasgar a porta no muro iria criar problemas de segurança no acesso às vias férreas". Por isso, a solução encontrada foi a abertura de uma porta já existente (mas que está fechada), com acesso pela Rua dos Caminhos de Ferro. Esta artéria passaria a ter um único sentido, com os passeios alargados e mais lugares de estacionamento. Os veículos teriam de passar a utilizar a Av. Infante Dom Henrique e o viaduto sobre a linha ferroviária para inverterem a marcha.
"Fizemos um projecto de execução que já foi entregue há meses no gabinete do vereador Manuel Salgado [que tutela as Obras Municipais], para ir para obra", afirma Nunes da Silva, sublinhando que está "absolutamente solidário" com os moradores por ainda nada ter sido feito. Os contactos para o gabinete de Manuel Salgado também não obtiveram resposta até ao fecho da edição.
A ideia de transformar a Rua dos Caminhos de Ferro numa via de sentido único não agrada ao presidente da Junta de Freguesia de Santa Engrácia, José Pires (PSD). O principal receio do autarca e dos moradores é que a alteração prejudique a circulação da carreira 735 da Carris, que serve a zona e transporta cerca de 14.300 passageiros por dia.
O secretário-geral da Carris, Luís Vale, diz que "não tem conhecimento" do projecto municipal e que a alteração do percurso da carreira num dos sentidos representaria um acréscimo "entre três e quatro minutos".
José Pires diz que está "200%" de acordo com a contestação dos moradores e vai participar na Marcha dos Atropelados, manifestação convocada para hoje. Munidos de ligaduras, tinta vermelha a simular sangue e T-shirts com marcas de pneus a atravessar o peito, os moradores vão concentrar-se às 19h junto à Estação de Santa Apolónia, em protesto contra a Refer. "Eles têm uma solução simples, mas não querem implementá-la. Parece que aquele muro é sagrado", remata Basílio Vieira.

3 comentários:

Anónimo disse...

gostava que os moradores pedissem antes um passeio mais largo...

Anónimo disse...

a porta não pode ficar em frente à passadeira. com um passeio daquela largura a porta precisará de uma grade à frente para evitar que os descuidados ou crianças saiam pela estrada a dentro. por outro lado a grade não pode ficar a tapar a passadeira. seria bom que os moradores pensassem nisso...

Xico205 disse...

Passeio mais largo é que era para tornar ainda mais irregular os horários das carreiras 706, 735 e 794. É que vendo bem o estreitamento do Terreiro do Paço não é suficiente. O que vale é que os lisboetas só têm ideias maravilhosas para a sua cidade e só elegem competentes acima de tudo.