10/07/2014

Carros não vão poder circular na Ribeira das Naus ao fim-de-semana e durante as férias escolares

No domingo, é assinalado o fim da segunda fase das obras nesta artéria da frente ribeirinha de Lisboa.
Por Inês Boaventura, Público de 9 Julho 2014 | Foto de Rui Gaudêncio

A primeira fase da obra de requalificação da Ribeira das Naus foi inaugurada em Março de 2013
O final da segunda fase das obras na Ribeira das Naus, em Lisboa, vai ser assinalado no domingo, com uma visita à Doca da Caldeirinha e à Doca Seca, estruturas centenárias que foram recuperadas no âmbito desta intervenção, e com um passeio de barco no Tejo. Mas a reabertura desta avenida ao trânsito, pela qual muitos automobilistas anseiam desde Abril, só vai ocorrer em Setembro, e mesmo aí apenas aos dias úteis.
Segundo foi anunciado esta quarta-feira pelo presidente da Câmara de Lisboa, durante uma reunião camarária que decorreu à porta fechada, a ideia é que esta artéria passe a estar fechada ao trânsito durante as férias escolares e os fins-de-semana. Para que, explicou António Costa numa mensagem transmitida ao PÚBLICO por um elemento do seu gabinete, “o maior número de pessoas, as crianças e as famílias, possam usufruir deste espaço espectacular”.
Os automóveis estão impedidos de circular no local desdeo início de Abril, devido à realização dos trabalhos da segunda fase da requalificação desta zona ribeirinha. A Rua do Arsenal e a Rua da Alfândega foram as alternativas então apontadas pelo município.
Cerca de três meses volvidos, o presidente da câmara faz saber que considera que “os esquemas e os hábitos de circulação que têm vindo a ser experimentados permitem, para já, optar por esta nova solução”, em que os veículos motorizados só podem transitar na Avenida Ribeira das Naus entre segunda-feira e sexta-feira à noite. E apenas depois de terminadas as férias escolares recentemente iniciadas.
Segundo foi transmitido por um elemento do seu gabinete, a circulação na frente ribeirinha poderá ter de sofrer novas alterações num futuro próximo, à medida que forem avançando outras obras previstas para esta zona de Lisboa, nomeadamente a construção do novo terminal de cruzeiros de Santa Apolónia,a criação de um parque de estacionamento no Campo dasCebolas e a requalificação do espaço público do Cais do Sodré. “São intervenções que eventualmente irão implicar condicionamentos no eixo ribeirinho”, faz saber António Costa.
Miguel Barroso, que em Maio criou uma página no Facebook chamada“Ribeira das Naus SEM Carros”, na qual se fazia uma apelo à autarquia para que deixasse a Ribeira das Naus “para as pessoas”, considera que aquilo que agora foi anunciado “é um pequeno passo”. “Se calhar é capaz de ser suficiente para que se chegue à conclusão que é melhor estar sempre fechado”, diz o arquitecto, a cuja causa já se associaram mais de mil pessoas.
“O trânsito adapta-se sempre nestas situações. Há um fenómeno de evaporação de tráfego, as pessoas arranjam alternativa de transporte”, afirma, sublinhando que “é um lirismo achar-se que vamos poder continuar todos a ir de carro de um lado para o outro em Lisboa”. Miguel Barroso não tem dúvidas de que as restrições à circulação automóvel na Ribeira das Naus vão “melhorar a qualidade deste espaço nobre”, além de irem contribuir, numa perspectiva menos imediatista, para “diminuir o tráfego na zona central e antiga de Lisboa”.  
O arquitecto vai mais longe e defende que o desejável seria ir mais longe, e limitar-se a circulação na Rua do Arsenal a transportes públicos. “A Baixa deve ser tudo menos um local de atravessamento”, conclui Miguel Barroso.    
Já o vereador do CDS, João Gonçalves Pereira, diz ver com bons olhos a solução que vai agora ser introduzida na Ribeira das Naus. Mais cautelosos são Carlos Moura, do PCP, e António Prôa, do PSD.
O autarca comunista frisa que esta avenida de Lisboa “é uma via extremamente importante na ligação entre as zonas Ocidental e Oriental da cidade”, pelo que o seu encerramento só deve ocorrer se se encontrarem “boas alternativas”. “É muito interessante a possibilidade de as pessoas apropriarem-se daquele espaço ribeirinho, mas temos que ter algum cuidado”, diz Carlos Moura, acrescentando que “não se pode prejudicar a mobilidade por causa do lazer”.
“A ideia parece-me interessante à partida”, diz por sua vez António Prôa, sublinhando no entanto que há dois aspectos que precisam de ser esclarecidos pelo município: se foi feito algum estudo de tráfego que sustente a solução a adoptar e se as alternativas existentes são as adequadas.


21 comentários:

Filipe Melo Sousa disse...

Lisboa já sem habitantes vive apenas para os turistas. Corta-se o único eixo de circulação. Quem vive para lá do Terreiro do paço fica de prisão domiciliária ao fim de semana.

Anónimo disse...

Que estupidez. Encerrado nas férias escolares do Verão é durante meses! E nas do Natal aquilo vai estar cheio de banhistas, está-se mesmo a ver.

Ainda se houvesse alternativas, mas manifestamente a Rua do Arsenal não o é e tirando essa as voltas a dar para quem quer ir da 24 de Julho para a Infante D Henrique (ou vice-versa) são inenarráveis.

CrocDundee disse...

Felipe Melo Sousa
Circulem de transportes, de bicicleta, a pé...ou vão dar a volta.
Tens de começar a andar menos de popó.

Zipper disse...

Não percebo porque vai ser retomada a circulação automóvel.
Há várias vias alternativas para os automóveis.

Vasco Soeiro disse...

"O autarca comunista frisa que esta avenida de Lisboa “é uma via extremamente importante na ligação entre as zonas Ocidental e Oriental da cidade”, pelo que o seu encerramento só deve ocorrer se se encontrarem “boas alternativas”. “É muito interessante a possibilidade de as pessoas apropriarem-se daquele espaço ribeirinho, mas temos que ter algum cuidado”, diz Carlos Moura, acrescentando que “não se pode prejudicar a mobilidade por causa do lazer”." assim de repente, ocorre-me a 2ª circular, a cril e a crel para ligar as zonas oriental e ocidental. mais todas as ruas e avenidas no centro de lisboa. o autarca achará que é preciso construir mais alguma coisa???

Vasco Soeiro disse...

Filipe Melo e Sousa, o eixo não é único (2ª circular, cril, crel, ruas e avenidas interiores) nem vai ser cortado: continuará a poder percorrê-lo de transportes públicos, a pé, de bicicleta... e até de automóvel ao fim de semana.

Miguel Barroso disse...

A Baixa de Lisboa tem de deixar de ser uma zona de atravessamento. Há alternativas que demoram o mesmo tempo, por vias e zonas mais adequadas a tráfego elevado. Porque não se trata apenas de melhorar a Ribeira das Naus... toda a Baixa tem de caminhar para um futuro com muito menos automóveis pois são muitos os problemas de poluição, ruído e ocupação de espaço. A Baixa é muito bem servida de Transportes Públicos. O acesso automóvel terá de ser a excepção e nunca a regra - os centros históricos em toda a Europa estão a seguir este caminho.
Aliás, todo o Eixo Sta.Apolónia - 24 de Julho merece ser revitalizado e melhorado, com redução do nº de vias, alargamento de passeios, etc. Ninguém quer viver numa cidade cheia de vias rápidas... as pessoas querem viver em espaços humanizados.
É não só uma questão de qualidade do espaço público, é uma questão de qualidade de vida!

https://www.facebook.com/ribeiradasnaus.SEMcarros/posts/309203762572694

Filipe disse...

Por este andar sua excelência vai impedir o trânsito em todas as ruas de Lisboa

Anónimo disse...

Que alternativas há quando a própria CML dizia que as alternativas eram a Rua do Arsenal e a da Alfândega, que manifestamente não o são? O mal desta gente é que NÃO FAZEM NENHUM nem deixam os outros fazer!

Filipe Melo Sousa disse...

As alternativas são patéticas. Alguém que mora na zona ribeirinha para além do terreiro do paço fica isolado. A bike não nos leva para fora de Lisboa. Essas considerações de mobilidade são do século passado.

Por essas e por outras é que não pago mais impostos nesse país. Quem ficou que se amanhe com a troika e os credores. Boa sorte.

Anónimo disse...

Para ir de alfama para alcântara sem passar pela baixa, sugerem o quê? Crel?

Anónimo disse...

"Quem vive para lá do Terreiro do paço fica de prisão domiciliária ao fim de semana."

Olhe que não é o meu caso.
Eu que vivo na Av de Roma e trabalho ao pé do Cais do Sodré,
utilizo todos os dias (Sábados incluídos) os transportes públicos.
Uns dias vou de metro, outros de autocarro.
E até já cheguei a ir de bicicleta. Hábito que, por agora, interrompi temporariamente por causa do calor.

Se ao menos plantassem mais árvores em algumas vias e ruas, de modo a protegerem-nos do calor destes dias infernais, já era uma ajuda.

Infelizmente tenho verifico precisamente o oposto.
Aqui ao pé de minha casa até as abatem para no dia seguinte estar um carro a ocupar o seu lugar.

Anónimo disse...

Para ir da zona de Santos para a zona do Parque das Nações ou da zona do Parque das Nações para a zona de Santos, variadíssimas vezes por semana, é para ir por onde, ó senhor Costa?

Pela Morais Soares?! Vá você, que o Intendente fica em caminho.

Anónimo disse...

"Para ir de alfama para alcântara sem passar pela baixa, sugerem o quê? Crel?"

electrico, autocarro,
a pé, bicicleta, ou trotinete.

Anónimo disse...

"Alguém que mora na zona ribeirinha para além do terreiro do paço fica isolado."
isolado?!

"A bike não nos leva para fora de Lisboa."
e a Ribeira das Naus leva?

Anónimo disse...

Porque é que continuam a responder ao Filipe tal e coiso? Não sabem que ele tira prazer em irritar e sacar reações, como um exibicionista. E que é tudo menos a favor de uma cidade mais humana, mais civilizada. Não se cansa de escrever que não paga mais impostos aqui mas paga num país que é tudo aquilo que ele critica e que o deve achar um selvagem! Façam como eu, assim que vejo o pullover verde desligo...

Anónimo disse...

Sinceramente, sendo um grande apoiante da grande aposta no espaço publico na cidade de Lisboa, prefiro uma Ribeira das Naus com carros e que nao sirva simplesmente para encher o olho e tirar fotografia. A Ribeira das Naus já se tornou um espaço pedonal de excelência, não precisa deste tipo de medidas radicais. Se se preocupam tanto com a mobilidade pedonal façam qualquer coisa quanto ao descalabro do estacionamento selvagem.

Caro Miguel Barroso, nao se esqueça que nas outras cidades as pessoas vivem dentro da cidade e nao fora da cidade como acontece cá, onde temos uma área metropolitana completamente dependente do automovel devido à dispersao e pessimo planeamento. mas concordo com a linha de pensamento.

Anónimo disse...

Pior só mesmo aquelas duas enormes estruturas de betão que ocultam o complexo da marinha e que mais aprecem sair da cabeça de um provinciano qualquer.
Como se estivéssemos num vulgar povoado de férias..
Qlq dia voltam a inserir no centro da Rua do Carmo dezenas de canteiros e esplanadas de cimento.

Julio Amorim disse...

Tem piada....ano após ano o assunto que aqui leva mais comentários à forja é sempre o mesmo....os popós !?

Anónimo disse...

É impressão minha ou "os passeios" da zona são feitos de paralelos? Então e a calçada? Então e o novo chão que há anos vem sido prometido pela autarquia? Estão à espera que alguém vá para ali quando aquilo começar a abater, ou se transformar num lamaçal com o Inverno? Mas esta gente deve gostar de deitar o nosso dinheiro à rua.

Alface Ciclista disse...

Acho interessante que neste blogue quando alguém procura alternativas de deslocação com a Ribeira das Naus encerrada, lhes responda com:
- transportes públicos!

Quem assim responde ou é movido por uma paixão cega que o impede de ver a realidade (a realidade que mude, sff), ou desconhece o que se está a passar na Baixa desde que a Avenida foi fechada.

Eu recordo.
A Avenida Ribeira das Naus era a passagem das carreiras 728, 735 e Expressos 781 e 782, que vinham do Cais do Sodré (o 728 vem do Restelo, Belém, Alcântara, Santos) até Santa Apolónia, ponto a partir do qual começam a divergir para os respetivos destinos.
Ora, com o seu corredor de passagem encerrado, as carreiras foram desviadas para as Ruas do Arsenal e Alfândega onde se deparam com um trânsito caótico, paragens mal situadas e de péssima qualidade onde as pessoas estão expostas a todos os elementos, curvas apertadas onde só passa um autocarro à vez, enfim, todo um malabarismo que torna a opção "transporte público" muito sofrível, nas raias do indefensável.

Acontece que com este desvio, a viagem de Santa Apolónia ao Cais do Sodré que demorava 5 ou 6 minutos, passou a demorar 13-14 minutos nos dias em que tudo corre bem. Mas há relatos de 40 minutos! Imaginem quem vem dos Olivais no Expresso 781 para a Baixa, demora 10 minutos a chegar a Santa Apolónia e depois tem de gramar com estas políticas da treta do Sr. António Costa, para parecer que é verde?