Por Inês Boaventura, Público de 16 Outubro 2014
Durante 40 anos, a Hemeroteca Municipal de Lisboa esteve instalada no Palácio dos Condes de Tomar
De um palácio no Bairro Alto para um edifício residencial nas
Laranjeiras: a Hemeroteca Municipal de Lisboa, que fechou as portas em Setembro
de 2013 com a promessa de reabrir no ano seguinte no Complexo Desportivo da
Lapa, vai passar a funcionar num espaço camarário na Rua Lúcio de Azevedo a
partir do início de 2015.
A
notícia, que tinha sido avançada pela publicação online O Corvo, foi confirmada esta
quarta-feira ao PÚBLICO pela Câmara de Lisboa. Segundo informações remetidas
pelo gabinete da vereadora da Cultura, a reabertura da hemeroteca “está
prevista para o final do primeiro trimestre de 2015, princípio do segundo” e ocorrerá,
“provisoriamente”, nos números 21 A e 21 B da Rua Lúcio de Azevedo, na
freguesia de São Domingos de Benfica.
Questionada sobre quais as valências que a hemeroteca terá nesse
novo espaço, o município fez saber que nele “serão disponibilizadas as valências
nucleares de uma hemeroteca municipal, assegurando desta forma o normal e
eficiente funcionamento deste equipamento, atendendo às necessidades
manifestadas pelos munícipes e utilizadores”.
E foi o projecto de instalação deste equipamento municipal no
Complexo Desportivo da Lapa, cuja propriedade transitou da imobiliária de
capitais públicos Estamo para o município, abandonado? A vereadora Catarina Vaz
Pinto garante que não, informando que “o projecto de instalação definitiva da
Hemeroteca no complexo da Lapa encontra-se em desenvolvimento”. Sem resposta
ficou a pergunta sobre quando é que se prevê que essa intenção seja
concretizada.
A ideia de que esse projecto está “em desenvolvimento” não é
nova: tanto em Outubro de 2013 como em Fevereiro de 2014 a câmara transmitiu ao
PÚBLICO, através do gabinete do vereador do Urbanismo e Reabilitação Urbana,
que “a solução” para o Complexo Desportivo da Lapa ainda estava “em estudo”,
sendo certo que incluiria uma vertente cultural e outra desportiva.
A hemeroteca, que em 2011 celebrou o seu octogésimo aniversário,
esteve instalada durante quatro décadas no Palácio dos Condes de Tomar, na Rua
de São Pedro de Alcântara. Quando o edifício passou para a posse da Santa Casa
da Misericórdia de Lisboa, os mais de 20 mil títulos de publicações periódicas
portuguesas e estrangeiras que ali estavam reunidos foram armazenados e
deixaram de estar acessíveis ao público.
Nessa altura, a câmara informou que “durante o
período de encerramento” iria funcionar, na Biblioteca Camões, no Largo do
Calhariz, “o Serviço de Referência Especializado em Publicações Periódicas,
criado para garantir todo o apoio informativo e de referência aos
utilizadores”. Na prática, explicou então o município, esse serviço serviria
“para ajudar a pesquisar, informar e encaminhar os leitores e investigadores
especializados” para locais de consulta alternativos à hemeroteca.
Mas, afinal, ao contrário do que tinha sido anunciado, esse
serviço acabou por ser prestado presencialmente apenas durante um mês. Depois
disso, segundo transmitiu o município já em Março de 2014, ele passou a ser
assegurado “à distância, por e-mail ou por telefone”. “Após balanço
interno da actividade e desempenho do serviço de referência, constatou-se que
afluência de leitores da Hemeroteca à Biblioteca Municipal Camões era pouco
significativa”, justificou a autarquia, explicitando que num mês tinha havido
75 pessoas a recorrer a essa possibilidade.
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