04/10/2014

Hospital Miguel Bombarda vai ter obras e o edifício principal vai ser classificado


In Público Online (3.10.2014)
Por Inês Boaventura

«O apelo da Assembleia Municipal de Lisboa à realização de obras urgentes no Hospital Miguel Bombarda, nomeadamente para sanar o risco de colapso da estrutura do Balneário D. Maria II, parece ter surtido efeito: a Estamo vai, “no curto prazo”, introduzir “melhoramentos” na cobertura deste imóvel, para que a sua degradação "não se agrave". Além disso, a Direcção-Geral do Património Cultural fez saber que decidiu classificar o edifício principal do hospital.

Essa decisão foi, segundo o PÚBLICO apurou, assumida pelo Director-Geral do Património Cultural, Nuno Vassallo e Silva. Ao contrário do que se solicitava num pedido subscrito em Março de 2013 pelas sociedades portuguesas de Psiquiatria, de Neurologia, de Arte Terapia e de Arte Outsider, pela Congregação de S. Vicente de Paulo e por historiadores de arte, a classificação agora determinada não abrange o edifício das chamadas "enfermarias em poste telefónico", o "telheiro para passeio dos doentes" ou o poço e tanque da Quinta de Rilhafoles, limitando-se ao edifício principal do Miguel Bombarda.

A informação de que o hospital vai ser alvo de obras consta de um ofício, enviado há alguns dias à presidente da assembleia municipal pela chefe de gabinete da ministra do Estado e das Finanças. Nele, Cristina Sofia Dias adianta que “está em curso ou já foi adoptado um conjunto de diligências” naquele hospital, que fechou as portas no verão de 2011 e é propriedade da Estamo, a imobiliária de capitais públicos.

Segundo a chefe de gabinete de Maria Luís Albuquerque, no edifício principal do hospital “encontra-se em curso o processo de consulta para adjudicação dos trabalhos de análise, levantamento de anomalias e reparação da cobertura, com ênfase nas zonas de maior valor histórico e patrimonial, nomeadamente sobre a capela, salão nobre e gabinete de Miguel Bombarda”. Esses trabalhos, diz-se, “permitirão identificar a origem das infiltrações que, aparentemente, são a causa próxima da deterioração dos espaços interiores”. [...]»

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E, ainda:

In Expresso Online (3.10.2104)
Por Paulo Paixão e António Pedro Ferreira (foto)

«Edifício principal do Miguel Bombarda já é património classificado

A Direção-Geral do Património Cultural já tornou o edifício principal do Hospital Miguel Bombarda, em Lisboa, património classificado, atribuindo-lhe o estatuto de Imóvel de Interesse Público (IIP). A decisão foi comunicada na quinta-feira à Associação Portuguesa de Arte Outsider (APAO), uma das entidades que subscreveu o pedido de classificação daquela unidade, desde há anos devoluta.

O edifício principal do hospital, onde se situa o gabinete de Miguel Bombarda - e no qual o psiquiatra morreu na noite de 3 de outubro de 1910, na antevéspera da instauração da República, assassinado por um seu paciente -, junta-se agora ao Pavilhão de Segurança e ao balneário de D. Maria II, que já detinham o estatuto de IIP.

A classificação do património - solicitada igualmente por entidades como a Sociedade Portuguesa de Psiquiatria e Saúde Mental, Sociedade Portuguesa de Neurologia, Sociedade Portuguesa de Arte Terapia, Província Portuguesa da Congregação da Missão de S. Vicente de Paulo e personalidades como os historiadores de arte Raquel Henriques da Silva e Vítor Serrão - fica aquém do pretendido, pois visava um conjunto mais vasto de edifícios e estruturas existentes no perímetro do hospital. [...]»

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A «abertura do procedimento de ampliação da classificação do Balneário D. Maria II e do Pavilhão de Segurança (8.ª Enfermaria) do Hospital Miguel Bombarda, de forma a abranger o Edifício Principal (antiga Casa da Congregação da Missão de São Vicente de Paulo), na Rua Dr. Almeida Amaral, na Rua Cruz da Carreira e na Rua Gomes Freire, Lisboa, freguesia de Arroios, concelho e distrito de Lisboa», foi publicada hoje, em https://dre.pt/web/guest/home/-/dre/57968620/details/maximized?p_auth=cxXjoEx0&serie=II&parte_filter=31&dreId=57968610.

TEXTO EDITADO

3 comentários:

Miguel de Sepúlveda Velloso disse...

Boa notícia. Ainda não todo classificado, mas uma parte importantíssima.

Pena que as obras no balneário se fiquem pela consolidação e não pela reabertura plena do balenário e visita ao público.

De qq modo estão de parabéns todos os que têm lutado para salvar o máximo do riquíssimo património da Colina de Sant'Ana

Anónimo disse...

Cheira a eleições.

J A disse...

Talvez fosse bom pensarmos quais os mecanismos que levam edifícios JÁ classificados como IIP....chegarem a este estado ?
Porque enquanto estes maus hábitos não mudarem, continuamos a proteger património com tigres sem dentes.