19/05/2007

Carmona prepara volte-face e pode avançar

In DN 19-05-2007 FRANCISCO ALMEIDA LEITE* Com Pedro Correia

"O Tribunal Constitucional esteve ontem reunido o dia todo e ao princípio da noite decidiu-se pela anulação do despacho do Governo Civil que marcou as eleições intercalares para a Câmara Municipal de Lisboa para o dia 1 de Julho. Em causa está o pouco tempo que as candidaturas independentes e as coligações tiveram para recolher as quatro mil assinaturas necessárias, bem como a sua legalização.

Perante esta decisão, António Carmona Rodrigues poderá voltar atrás e apresentar-se como candidato. Os juízes do TC analisaram os recursos apresentados por Helena Roseta e pelo Movimento Partido da Terra e acabaram por lhes reconhecer razão. O acórdão só será publicado na segunda-feira, mas o DN sabe que deverá ser omisso em relação a uma nova data. Ao anular o despacho do Governo Civil, o TC devolve ao órgão legislador o poder de emitir nova decisão em relação à data. Para o efeito, o Governo Civil deverá voltar a ouvir os partidos e os interessados e então decidir. A data mais apontada é agora 15 de Julho.

Ontem, Cunha Vaz, que fez a campanha de Carmona em 2005, admitiu: "É uma óptima decisão". O estrategista de Carmona não quis, no entanto, adiantar mais nada, garantindo que "primeiro é preciso ler o acórdão". O DN sabe que Carmona irá reunir o seu núcleo duro amanhã e ponderar um eventual avanço para as eleições intercalares. "15 de Julho chega perfeitamente para se fazer uma lista em condições e arrancar com tudo", diz uma fonte próxima do autarca.

Carmona Rodrigues, esta quinta- -feira, tinha anunciado que não iria concorrer nas condições actuais, frisando que "o prazo apresentado corta muito as pernas aos candidatos independentes". Mais, para o presidente cessante da CML, "fazer listas e escolher uma equipa não é compatível com pressas". Apesar disso, ontem o DN revelou o "slogan" e o logotipo da campanha de Carmona Rodrigues, que já estavam preparados há uma semana: "O meu partido é Lisboa" e "Lisboa com Carmona".

As hostes de Carmona não pararam a recolha de assinaturas, apesar da declaração de quase desistência. Ontem estimava-se que Carmona teria já perto das três mil assinaturas, em quatro mil necessárias. Um dado que estará a animar os apoiantes são as sondagens que o dão em segundo lugar, a poucos pontos de Costa e à frente de Roseta e de Negrão. Ao DN, o próprio Carmona considerou que a sondagem da Marktest que lhe dava 15,7% brutos contra 25,2% de Costa, 13,5% de Roseta e 9,5% de Negrão "traduz um reconhecimento do trabalho feito e da minha postura na vida".

Ao mesmo tempo, diz Carmona, "é penalizante para os partidos, porque o meu score e o de Helena Roseta é um dado muito curioso. Já viu o que representa em termos de vereação?"

Roseta declarou-se satisfeita com a decisão do Tribunal. Isto apesar de elementos da sua candidatura terem receado a existência de pressões sobre os juízes para impedir uma candidatura de Carmona. Roseta conseguiu já reunir praticamente o número mínimo de quatro mil assinaturas previstas na lei autárquica para a legalização de candidaturas. Mesmo assim, mandou ontem afixar um cartaz no centro de Lisboa em que renovava o apelo a novos subscritores"

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