Dar vida aos centros urbanos
E bem precisam
1
A Associação Portuguesa de Gestão de Centros Urbanos foi criada no dia 18 de Maio, tem sede em Mira e abrange 75 concelhos (55 centros urbanos). Isso, para objectivo de «combater o esvaziamento dos centros urbanos». Um dos seus objectivos é «convencer os comerciantes de rua a adaptar os horários dos seus estabelecimentos às necessidades dos consumidores, o que passa por manter as portas das lojas abertas pelo menos ao sábado à tarde e à hora de almoço aos dias úteis. Para tal, sublinha o responsável, há que "mostrar que é um investimento e não um custo", tarefa difícil porque qualquer alteração "mexe com a vida de milhares de pessoas".»
Mais: «A necessidade de combater o chamado "efeito donut", que é como quem diz "o esvaziamento dos centros urbanos" a que se vem assistindo nas últimas décadas, esteve na origem da criação das unidades de acompanhamento e coordenação de projectos de urbanismo comercial», que são 15.
In ‘Público’
2
No caso concreto de Lisboa, a solução, tanto quanto tenho reflectido, observado ‘in loco’, lido e re-reflectido, passa por muitos passos que é preciso ter a coragem de dar, sem os quais tudo não passa de retórica bem intencionada. Ouvimos e lemos estas coisas e pensamos: «Têm razão, mas como é que vão conseguir combater um centro comercial com estacionamento, abrigo, ambiente de ‘glamour’, diversões para os miúdos e tal?»
Pois bem: para combater esta guerra, só com armas iguais ou superiores. Em primeiro lugar, a habitação. Reabilitá-la a custo baixo, arrendar a custo baixo, vender a custo baixo. Este passo é essencial: ter gente nos centros urbanos. É o primeiro passo para combater o actual estado da Baixa, por exemplo.
Segundo passo: o tipo de estabelecimentos e de produtos.
Terceiro: as técnicas de vendas.
Quarto: o estacionamento: fácil, muito próximo, gratuito.
Quinto: a guarda, entretenimento e diversão da miudagem.
Sexto: o crédito nas vendas.
Oitavo: a promoção.
Nono: os preços dos produtos.
Décimo: a quantidade deve fazer baixar os preços gradualmente.
Décimo primeiro: a promoção.
Décimo segundo: a promoção.
3
Repare: não são 13 passos. São um só passo. Uns sem os outros, nada feito.
Mais: recorrer só ao noticiário, à promoção, não é solução, como se viu nos últimos 6 anos em Lisboa: de vez em quando, investem-se uns milhões em propaganda – mas as condições factuais no terreno mantêm-se. Por isso, a desertificação também lá continua, impávida e serena. E de forma crescente.
Lamento se parece difícil. Mas há coisas que a vida ensina e as Operações Especiais confirmam: se és atacado com uma bazooka, precisas de um RPG, ou, no mínimo, de outra bazooka. E, se a não tens à mão, tens de a construir…
É a vida, senhores. Dura, mas vida. A alternativa é a mortezinha certa e segura.
E bem precisam
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A Associação Portuguesa de Gestão de Centros Urbanos foi criada no dia 18 de Maio, tem sede em Mira e abrange 75 concelhos (55 centros urbanos). Isso, para objectivo de «combater o esvaziamento dos centros urbanos». Um dos seus objectivos é «convencer os comerciantes de rua a adaptar os horários dos seus estabelecimentos às necessidades dos consumidores, o que passa por manter as portas das lojas abertas pelo menos ao sábado à tarde e à hora de almoço aos dias úteis. Para tal, sublinha o responsável, há que "mostrar que é um investimento e não um custo", tarefa difícil porque qualquer alteração "mexe com a vida de milhares de pessoas".»
Mais: «A necessidade de combater o chamado "efeito donut", que é como quem diz "o esvaziamento dos centros urbanos" a que se vem assistindo nas últimas décadas, esteve na origem da criação das unidades de acompanhamento e coordenação de projectos de urbanismo comercial», que são 15.
In ‘Público’
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No caso concreto de Lisboa, a solução, tanto quanto tenho reflectido, observado ‘in loco’, lido e re-reflectido, passa por muitos passos que é preciso ter a coragem de dar, sem os quais tudo não passa de retórica bem intencionada. Ouvimos e lemos estas coisas e pensamos: «Têm razão, mas como é que vão conseguir combater um centro comercial com estacionamento, abrigo, ambiente de ‘glamour’, diversões para os miúdos e tal?»
Pois bem: para combater esta guerra, só com armas iguais ou superiores. Em primeiro lugar, a habitação. Reabilitá-la a custo baixo, arrendar a custo baixo, vender a custo baixo. Este passo é essencial: ter gente nos centros urbanos. É o primeiro passo para combater o actual estado da Baixa, por exemplo.
Segundo passo: o tipo de estabelecimentos e de produtos.
Terceiro: as técnicas de vendas.
Quarto: o estacionamento: fácil, muito próximo, gratuito.
Quinto: a guarda, entretenimento e diversão da miudagem.
Sexto: o crédito nas vendas.
Oitavo: a promoção.
Nono: os preços dos produtos.
Décimo: a quantidade deve fazer baixar os preços gradualmente.
Décimo primeiro: a promoção.
Décimo segundo: a promoção.
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Repare: não são 13 passos. São um só passo. Uns sem os outros, nada feito.
Mais: recorrer só ao noticiário, à promoção, não é solução, como se viu nos últimos 6 anos em Lisboa: de vez em quando, investem-se uns milhões em propaganda – mas as condições factuais no terreno mantêm-se. Por isso, a desertificação também lá continua, impávida e serena. E de forma crescente.
Lamento se parece difícil. Mas há coisas que a vida ensina e as Operações Especiais confirmam: se és atacado com uma bazooka, precisas de um RPG, ou, no mínimo, de outra bazooka. E, se a não tens à mão, tens de a construir…
É a vida, senhores. Dura, mas vida. A alternativa é a mortezinha certa e segura.
E parece-me que, por este andar, é para lá que a Baixa de Lisboa caminha.
4
A questão não pode ser apenas a de considerar a tarefa hercúlea, impossível. A questão deve ser a de considerar quais os meios que se têm para atingir o alvo. Juntar no mesmo carrinho Estado e associações, técnicos e políticos: a «inteligência» a funcionar para se sair do buraco escuro a que a Baixa está sujeita em crescendo, de ano para ano.
E, se calhar, o resto dos centros urbanos também…
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A questão não pode ser apenas a de considerar a tarefa hercúlea, impossível. A questão deve ser a de considerar quais os meios que se têm para atingir o alvo. Juntar no mesmo carrinho Estado e associações, técnicos e políticos: a «inteligência» a funcionar para se sair do buraco escuro a que a Baixa está sujeita em crescendo, de ano para ano.
E, se calhar, o resto dos centros urbanos também…
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