In Diário de Notícias (21/3/2009)
por LUÍSA BOTINAS
«Se houver um sismo, a 'serra lisboeta' é um dos locais mais estáveis. Por isso, a Câmara e o comando querem criar reserva de sapadores no antigo restaurante Panorâmico.
Se Lisboa for atingida por um sismo de grande magnitude (grau 8), há fortes probabilidades de alguns dos quartéis do Regimento de Sapadores Bombeiros (RSB), localizados em vários pontos da capital, não passarem incólumes ao sinistro. "O socorro poderia, em alguns casos, ficar comprometido", disse ao DN Joaquim Leitão, comandante daquele serviço pertencente à Câmara Municipal de Lisboa.
A transferência para Monsanto do novo quartel de comando, actualmente sediado na Avenida D. Carlos I, em Santos, é, pois, considerada "necessária" pelo responsável do RSB e pelo presidente da autarquia, que apoia a medida. O facto de o maciço rochoso de Monsanto "apresentar mais garantias de resistência em relação a este tipo de fenómenos", é um dos argumentos que sustentam a ideia de mudar o quartel do comando para as instalações do antigo restaurante Panorâmico de Monsanto com as funções de centro estratégico de prevenção e socorro.
Neste contexto, é a própria estrutura de Protecção e Socorro que vai ser repensada. Assim, neste novo quartel ficará sediado o comando do RSB, uma componente operacional - o actual quartel da Cruz das Oliveiras já existente em Monsanto - e os meios de reserva do RSB (carros e outros meios que só são accionados para reforço em caso de sinistro). Para o Panorâmico de Monsanto também deverá passar o Departamento de Protecção Civil Municipal. Naquele edifício ficará igualmente a funcionar a nova Sala de Operações e Comunicações Integrada, onde vão operar além do Regimento de Sapadores Bombeiros,a Polícia Municipal, a Polícia Florestal e a Protecção Civil.
O espaço onde irá funcionar o novo CEPS inclui além do edifício redondo do antigo restaurante construído nos anos 60 (que será recuperado), o terreno envolvente, cuja área tem perto de 21500 metros quadrados.
De acordo com o projecto de arquitectura (elaborado pelos serviços da autarquia) e que aguarda aprovação do executivo municipal, além da reabilitação do imóvel, será ainda necessário construir dois corpos novos de edifícios para complementar o já existente e que, de acordo com os responsáveis do RSB, "é insuficiente para dar resposta às necessidades. O total da área de implantação terá 8700 metros quadrados. Segundo os cálculos, usarão este espaço 200 pessoas, durante o período diurno. Haverá 150 lugares de estacionamento para veículos operacionais (parte dos quais virá do actual quartel da Cruz das Oliveiras) e de reserva.
Perante as críticas sobre o impacte e eventual sobrecarga nas condições ambientais do Parque Florestal lisboeta decorrentes desta nova utilização, Joaquim Leitão contrapõe. "O projecto foi elaborado com base em premissas que passam pela recuperação do edifício e pela minimização do impacte arbóreo. Além disso, iremos libertar espaço nobre na cidade ocupado pelo actual quartel e ainda iremos permitir o acesso público ao miradouro do restaurante, existente no topo do edifício", sublinhou o comandante.
Sustentado em estudos elaborados pelos serviços municipais, Joaquim Leitão insiste que o acréscimo de tráfego (mais 137 veículos) devido à instalação do Centro de Comando em Monsanto é pouco significativo e não provocará aumento de poluição sonora ou da qualidade do ar.
Quem não ficou totalmente convencida com a bondade destes argumentos foi Helena Roseta, vereadora do movimento Cidadãos por Lisboa. "Há aspectos críticos como os impactes sonoros e de circulação de viaturas que precisam de ser ainda mais fundamentados. Depois nos pronunciaremos. Quanto ao facto de abrirem ao público o miradouro, isso é positivo", disse a eleita ao DN. Aos reparos a um eventual aumento da impermeabilização de áreas, com mais construção, Joaquim Leitão responde: "Houve a preocupação no projecto de se aproveitar ao máximo as áreas impermeáveis já existentes".
Com um orçamento previsto de 22,5 milhões de euros, este projecto para o Panorâmico de Monsanto, que se articula com a reorganização das infra-estruturas do RSB (os 10 quartéis existentes no centro da cidade passam a Postos de Socorro Avançado, ocupando áreas de implantação mais pequenas mas dotados com iguais meios operacionais) será, se for aprovado, uma realidade dentro de dois anos. »
...
Se Lisboa for atingida por um sismo de grande magnitude (que é isso que se fala) não haverá comando operacional que lhe valha. Isso é um dado adquirido. Por outro lado, é sabido que a Ajuda, por exemplo, é mais sólido do ponto de vista anti-sísmico do que o poiso do antigo restaurante panorâmico. Por favor, não nos metam os dedos pelos olhos adentro.
O que está aqui em causa são $$$. Apenas isso. Primeiro é o quartel da Dom Carlos I, depois será o da Praça da Alegria, seguidinho pelo da Barão Quintela. Cada qual o seu destino, certamente. Porque se fosse o interesse público puro e duro, teríamos:
- Nem mais uma operação de retalho em Monsanto. As clareiras, sr. Vereador JSF, são para arborizar, não são para impermeabilizar. O Arq. Ribeiro Teles não lhe ensinou isso?
- Um concurso de ideias para o antigo restaurante panorâmico, e o vencedor que se encarregue das obras;
- A central de bombeiros num dos 'n' quartéis que o Estado se prepara para vender na Ajuda.
Já basta de prestidigitação!!
23/03/2009
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8 comentários:
Pode esclarecer porque "é sabido" que a zona da Ajuda é "é mais sólido do ponto de vista anti-sísmico do que o poiso do antigo restaurante panorâmico"? É que não sei desse é sabido, alias, sei que o Palácio da Ajuda não é certamente comprovativo disso.
Pode haver argumentos contra, como a favor, este argumento em caso de catástrofe é claramente mais que valido e que deve ser tomado em consideração.
Diz “Um concurso de ideias para o antigo restaurante panorâmico, e o vencedor que se encarregue das obras”, já pensou que o antigo restaurante está no estado em que está porque ninguém tem qualquer interesse no espaço?
Fico curioso.
1) Quem foi o geólogo que disse que que o Monsanto dá mais garantias? Em que circunstâncias e com epicentro onde?
2) Que mente brilhante da logística quer pôr os meios de socorro a salvo, bem longe da hipotética catástrofe? Porque não pôr a cidade no Monsanto e o Monsanto na cidade? E como se há-de tornar eficazmente com o socorro de volta a Lisboa?
3) Para quem vai o quartel da D. Carlos I? Para quem pagou à agência de informação esta notícia/reclamo?
Cumpts.
LOBO VILLA , 22-3-09
A especulação imobiliária ganha novos parceiros (inimagináveis...) todos os dias !.
Agora são os Bombeiros ...
É extraordinário como o Comandante dos Bombeiros de Lisboa,Sr Joaquim Leitão ,aceita esta especulação dizendo que "iremos libertar espaço nobre na cidade"...
(os Bombeiros não são suficientemente nobres para esse espaço ?...)
Aceitam saír do centro da cidade,da Av de Dom Carlos I porquanto poderá haver um " terramoto de grau 8 " ...e esses locais são "maus" para os terramotos ; melhor será o rochoso Monsanto ...(Com vista panorâmica...)
E,segundo a notícia, mais 10 quartéis de bombeiros serão abandonados,em Lisboa (para especulação imobiliária),rochosos ou não,com panorâmicas ou não.
Está bem á vista de qualquer cidadão que se trata de especular/urbanizar o quartel da Av. de Dom Carlos I e de mais 10 quartéis e , claro e sobretudo, do Parque de Monsanto (!),que todos os Presidentes da inconcebível CML querem "urbanizar" á fôrça !!!
(É o salazarento complexo "Duarte Pacheco" ainda em vigor).
O objectivo central de tudo isto,sob a capa de um futuro "terramoto de grau 8" ,(que azar, nunca houve...!) , é óbviamente de URBANIZAR MONSANTO e já agora o quartel RSB da Av D. Carlos (e mais 10 quartéis...),para realizar muito capital para a muito falida Câmara de Lisboa, para os Drs.Soares/Santana/Carmona/e especialmente o socratino Dr António Costa...para este socratino senhor
ganhar as socratinas eleições , que seguem...
Conclusão ?
Não especular mais.
"1) Quem foi o geólogo que disse que que o Monsanto dá mais garantias? Em que circunstâncias e com epicentro onde?
2) Que mente brilhante da logística quer pôr os meios de socorro a salvo, bem longe da hipotética catástrofe? Porque não pôr a cidade no Monsanto e o Monsanto na cidade? E como se há-de tornar eficazmente com o socorro de volta a Lisboa? "
1)Não interessa as circunstâncias ou o local do epicentro, o Monsanto trata-se de um local basaltico assente sobre calcário, basalto porque se trata de um antigo vulcão já muito erodido, e um local basáltico é sempre resistente a sismos, seja onde for o epicentro ou a circunstância, seja lá o que quis dizer com circunstância.
2) Bem, julgo ser óbvio que é melhor os bombeiros possuirem umas infra-estruturas e veículos que em caso de catástrofe não sejam afectados, podendo ajudar a população e não andarem a salvar-se a si próprios.. Quanto ao porque não mudar a cidade de Lisboa para o Monsanto, é interessante, fique a saber que muito se pensou na altura da reconstrução de Lisboa de mudar esta mais para Oeste.
Sim...mas parte da argumentação é bastante nobre: "libertar zonas bla bla bla bla..."...puuh!
Bem...um sismo com essa magnitude pode obstruir muitas das vias para/e em Lisboa....e depois?
Ao primeiro anónimo:
O Palácio da Ajuda não existia em 1755 quando se deu o grande terramoto de Lisboa.
O seu estado actual deve-se à incúria, desrespeito pelo património e completa insensibilidade típica dos políticos portugueses. O estado usa o palácio para eventos de alta representação como recepção a chefes de estado estrangeiros mas não gasta um cêntimo para o restaurar e manter na sua glória original e TERMINÁ-LO. Esse dinheiro vem na sua maioria do grupo de amigos do palácio e de patrocinadores. Mas existe dinheiro para um novo museu dos coches!!
Temos então um geólogo anónimo que não sabe a pergunta 3.
Cumpts.
Praça da Alegria, seguidinho pelo da Barão Quintela?
não tem nada a ver, não são estruturas do RSB, são bombeiros voluntários que tÊm os seus próprios edificios, de rsto precários e impróprios.
e os da praça da alegria tem uma operacionalidasde próxima do zero,
se fecharem ninguém na cidade notará verdadeiramente a diferença
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