11/03/2009

Sobre o Novo Museu dos Coches e da transferência do Museu de Arqueologia

Agora que as obra de construção do novo Museu dos Coches arrancaram impõe-se dizer que o Estado não pode pura e simplesmente fazer o que lhe apetece. Há que haver o direito a nos insurgirmos contra estas coisas e de uma vez por todas impedir que se faça tamanho disparate só para que também eles tenham uma obra de regime que, quando da do CCB, tanto criticaram.
Neste caso, mais do que um edifício completamente desproporcionado para o local, é despropositado para o objectivo. A somar ao disparate de colocar o Museu de Arqueologia na Cordoaria Nacional, a conclusão final não pode ser outra senão perguntar quem diabo é o Ministro da Cultura e o que raio está lá ele a fazer.

Jorge Santos Silva

12 comentários:

zoto disse...

O ministro da Cultura está a ver se muda a ortografia, atabalhoadamente e à pressa...

(Mas neste caso era preciso perguntar onde anda a ministra da Educação, e o que tem o da Administração Interna a ver.)

Anónimo disse...

Escrevi, mais do que uma vez, que o novo edifício projectado para acolher o Museu dos Coches tem imensa qualidade técnica e seria ideal se fosse conter uma colecção de coches em São Paulo, cidade natural do seu arquitecto. Em Lisboa e em Portugal é que NÃO!!!! Não me entendam mal, São Paulo é uma cidade cheia de cultura, uma das mais importantes metrópoles do mundo onde o design e arquitectura imperam. No entanto é uma cidade que, apesar dos seus 500 anos, reflete escassos traços da sua história mais antiga. Lisboa é a capital de um país com quase mil anos de história: como podemos pensar que podemos colocar uma colecção como a dos coches reais, a mais importante do mundo, num edifício de betão e vidro!!! O que pensam os responsáveis por esta aberração?. Se decidissem terminar o palácio da Ajuda e aí colocar a colecção pouco se poderia dizer. Se decidissem colocar a colecção num dos inúmeros palácios que em Lisboa estão esquecidos poderíamos todos concordar se este tivesse uma dignidade semelhante ao Picadeiro Real. Mas nunca num edifício moderno, estéril, sem personalidade harmonizável com os coches.
Estou entre aqueles que pensam que o Picadeiro Real é demasiado pequeno para albergar a totalidade da colecção. Então porque não restaurar e adaptar os armazéns do material de engenharia - que por si só deveriam ser protegidos - e dividir a colecção entre os dois edifícios, deixando o picadeiro como o coroar da visita onde se recrearia a Embaixada de D. João V ao Papa - adquirindo e juntando tudo o que sobreviveu deste acontecimento, quer em Portugal, quer no estrangeiro e restaurando os dois coches de gala que se encontram na mais precária situação. E isto é uma mera sugestão, no meio de tantas bastante melhores do que os planos actuais.

Anónimo disse...

Totalmente de acordo com o comentário de Alexandre Marques da Cruz.

Anónimo disse...

É um verdadeiro escândalo, em pleno século XXI, iniciar uma obra contra todas as disposições regulamentares de carácter cultural e ambiental.
É um crime.
É o oposto do que se faz por toda a Europa, na reabilitação e preservação do património histórico e cultural.
Já não nos chegou a vergonha dos comentários sarcásticos sobre a ignorância e presunção portuguesas, aquando da Expo 98, pela criação de um novo e grande Aquário, orgulho dos governantes deste país. Quando, nessa data, já todo o mundo civilizado via esses tanques como meras gaiolas ou prisões de peixes e animais arrancados aos seus habitats.
Quando já todos procuravam reabilitar, preservar e mentalizar a população a conservar os espaços e meios naturais onde se desenvolvem as espécies, tentando detectar e minimizar todos os factores de risco para os evitar, fomos nós mostrar a nossa "categoria", digo, a falta dela, criando, em grande escala, precisamente aquilo que é o exemplo do que se ensinava às criancinhas na verdadeira Europa que se devia evitar; que tinha sido um erro andar a fazer isso em vez de andar a perceber e a tentar preservar a natureza, pugnando pelo sua sobrevivência.
No meio das coisas boas que nessa data se fizeram, isto foi a chacota total, com que nos desacreditamos aos cultos que nos visitaram (não foram assim tão poucos, pois os comentários, não divulgados por cá, apareceram bem lá fora).
Mais uma vez, vamos prendar o mundo com a nossa falta de conhecimento e civilidade, dando provas de incompetência pura.
Quando vamos lá fora visitamos museus.
Eles, quando se dignam vir cá, visitam os nossos museus.
O museu dos coches é o melhor, o mais visitado, e como tal subejamente conhecido por esse mundo fora.
Vamos dar cabo dele.
Vamos vestir os nossos velhos coches de um embrulho branco, vasto e triste.
Eles que se encontravam aconchegados e acarinhados no berço de um velho espaço à sua escala, à sua côr, à sua proporção; envoltos no sentido do ambiente dos cavalos. Cavalos esses sem os quais os coches nunca se moveram. Isto é um casamento centenário que sá a incúria, a má fé e o despeito poderão querer separar... ou então a falta de conhecimento, de sentimento, de um mínimo interesse pelo bem fazer.
Os coches vão morrer, pois é impossível aguentar tal rotura.
O edifício vai-se perder, da memória de um século de visitas de todo o povo.
Vamos ser novamente a chacota do mundo civilizado: por não sabermos fazer, e pior, por deixarmos fazer mal quem não sabe o que anda a fazer.
É triste.
É muito triste, e, dentro de pouco tempo, vamos ser acusados pelos nossos filhos de termos permitido que isto se fizesse quando por aqui andávamos.
Muito se disse dos que, durante a 2ª guerra, lavaram as suas mãos e permitiram a chacina que ocorreu.
É o que agora se vai dizer de nós.
Uma vergonha...
Depois de dar cabo desta pequena jóia preciosa, sá falta dar cabo da outra: da Torre de Belém; a única que se pode comparar com esta, pela escala e pelo carinho que, do povo, lhe temos...
Para fazer este novo "prédio à beira Tejo", não importa o custo ambiental, o investimento económico ( num período em que o povo passa fome), que seja o exemplo do que não se deve fazer, que até nem seja preciso, que não respeite o regulamento térmico, e venha a ser mais um monstro consumidor de energia e de terrível manutenção (estes custos futuros vão multiplicar por 20 ?...)
Que se está a fazer agora no 1º e 2º mundos? Edifícios de custos energéticos e de manutenção reduzidos, que diminuam as emissões de dióxido de carbono, que tratem naturalmente as ventilações e a iluminação natural... Olhem como os Espanhóis dão à população como exemplo a seguir, o desempenho ambiental do "supositório" de Barcelona. E já tantos outros que se encontram construidos. Isto já não é novidade em projecto. É já a realidade que nos envolve por este mundo fora.
E vamos nós agora, timonados por quem não sabe, nem quer ouvir de quem sabe, pagar e aturar no futuro mais uma atoarda... uma grande burrice...
Haverá ainda alguém que se consiga fazer ouvir por tamanhos moucos?...
Vamos todos à concentração marcada para dia 18, no local da obra.

Anónimo disse...

Em relação ao projecto ao novo projecto até gosto dele. Só não consigo entender a sua necessidade.

Qual é o plano e a razão que está por detrás deste novo museu?

1 - Segundo entendi, o actual museu dos coches é dos mais visitados em Portugal e com rentabilidade. Há mesmo algum estudo que justifique a necessidade da sua alteração? Falta de condições de apoio, lojas? É provável que exista uma justiçarão, mas ainda não a vi.

2 - O que é que vai acontecer ao actual espaço do museu dos coches (picadeiro real), continuará a ser visitável no âmbito deste museu? Ou vai ser encerrada, tornar-se numa sala de banquetes, ou abandonada? Ouvi em tempos, que gostariam de a utilizar para uma escola equestre!! Espero que isso não seja verdade, alguém já pensou no impacto que isso teria na degradação das pinturas do salão?

3 - Afinal para onde é que vai o espólio do IGESPAR que está actualmente no local no novo projecto? Há algum plano inteligente para a valorização e armazenamento desse espólio ou vai ser empurrado para a cordoaria e ou Jerónimos, porque tem de ir para qualquer lado?

4 – Sendo que pelas notícias que circulam na imprensa, os museus têm pouco dinheiro para os manter abertos, porque é que se vai realizar este grande investimento em algo que já é provavelmente rentável? Será que há alguma análise de rentabilidade que séria que diga que o retorno deste investimento seja rápido?

Peço desculpa a quem não gostar deste projecto de arquitectura (porque eu gosto), mas se me conseguirem responder e justificar positivamente às minhas dúvidas creio que me tornarei defensor deste projecto.

Se não forem positivas, então acho que este projecto é estrategicamente uma autêntica parvoíce.

Anónimo disse...

Perdoem-me mas, para além de muitas outra questões, isto já não se pode colocar ao nível do "gosto" ou do "não gosto".
Põe-se ao nível da sobrevivência humana no planeta.
Os exemplos à população deviam vir do topo. E não o contrário.
Quando os nossos governantes intervêm, deviam deixar exemplos e métodos a serem seguidos.
Passamos agora um período em que estamos a sofrer consequências ambientais e económicas que resultam da forma de viver que nós, os humanos, provocamos ao planeta.
O efeito de estufa, o degelo, a desarborização, os problemas da qualidade e falta da água: resultam da nossa mão.
Agora temos: fome, desestabilização social, migrações (tentativas).
Muitas destas situações já não têm retorno.
Não podemos esperar pela mudança de atitude pela educação das próximas gerações.
Cada trabalho, cada acto nosso agora, não pode deixar de ser um exemplo de bem intervir no meio ambiente.
Racionalizar custos ambientais tem que ser a 1ª premissa em tudo o que se vai fazer, pois JÁ É tarde!
Não podemos permitir mais um mastodonte desnecessário, sem premissas ambientais, que vai acabar com uma das nossas melhores jóias culturais, com provas mais que dadas, que é assumido por todos como das melhores coisas a nível mundial - o actual museu dos coches.
Somos assassinos culturais e ambientais ao permitirmos ainda estes devaneios, a quem não sabe o que anda a fazer... Isto está a "sobrar" para todos nós... Desta forma, estamos a acabar com a vida no planeta em muito pouco tempo.
E isto é sobretudo arquitectura; digo, é mesmo falta dela.
Esta intervenção neste local, o mais nobre do país, na margem do Tejo, só podia ser qualquer coisa de bom, de exemplificativo do que deve ser feito em prol do nosso futuro... aíás o que agora só se devia fazer em qualquer lado!
Mas não é perfeitamente o contrário...
Porra!

Anónimo disse...

«E isto é sobretudo arquitectura; digo, é mesmo falta dela.(...) só podia ser qualquer coisa de bom, de exemplificativo do que deve ser feito em prol do nosso futuro...»

já agora ò ilustre Ferreira arq.(!) mostre lá o que proporia, ou o que já alguma vez propôs em termos de arquitectura!?

AB

Lesma Morta disse...

É ao ver estes comentários ao post que coloquei que apesar de tudo entendo que ainda ha esperança. Concordo com todas as intervenções e, sobretudo com o facto de também eu não estar em desacordo com a qualidade tecnica do projecto que não discuto, mas sim da sua adequação ao projecto Museu dos Coches. discordo totalmente destes num ambiente "esteril" sem história, sem graça, pois um dos sucessos deste magnifico espólio é precisamente o seu enquadramento espacial.
Quanto à necessidade de construção de um novo museu, nada mais me ocorre do que lhe chamar Obra de Regime.

Anónimo disse...

Deste ilustre , para o ilustre que o chamou de ilustre:
Caso se dê ao trabalho de conseguir ler e perceber o que se escreveu, valerá o trabalho de lhe mostrar algumas intervenções que tenho vindo a fazer, onde se cuida do meio ambiente, como se ele fosse a nossa casa.
E se mais não tivesse feito, se o poste que aqui deixei fizer o parco trabalho que faz uma só pequena abelha obreira, daria a minha parte por cumprida.
E a sua: é também construtiva? Parece mais trabalho encomendado...

Anónimo disse...

Mas vocês são todos estúpidos ou assim?! O que é histórico essencialmente são os coches. O facto de se virem a inserir num ambiente mais sóbrio só vai destacar a sua beleza e história. Que gente imbecil é que pode achar que temos de continuar para sempre agarados a um passado, que sim, de facto é importante, mas não é tudo. E mais uma vez, acima de tudo o que é histórico são os coches. o edificio actual que é pequeno para tal exposição pode, por e simplesmente ser restaurado e utilizado como edificio de apoio, que pode albergar outras exposições do genero ou complementares.
Agora, questionar o trabalho de dois excelentes arquitectos (um brasileiro e outro portugues), é sem duvida de gente desrespeitosa e ignorante. Se querem fazer melhor, que o tentem (não vão conseguir), mas desrespeitar o trabalho de pessoas tão respeitadas por todos só pode vir de gente que só olha para o seu umbigo e que não sabe ver mais além. Tirem as palas dos olhos e abram horizontes! Como podem querer que Portugal seja mais se acham que ficar agarrado ao passado é tudo. Não percebem que não é um passado assim tão respeitoso. Ficar agarrado a ele é ser timido e acomodado. Enquanto os outros evoluem, nós ficamos parados à espera que o passado nos valha de algo. Mas não vale...

Anónimo disse...

E já agora, para o Sr. Doutos Ferreira Arq, aqui vaiuma reflexão:

Não foi assim que cobe o projecto do pavilhão de Portugal na Expo Zaragosa, pois não????

E que eu saiba, ninguem conhece obra sua... Logo, esteja masé caladinho em vez de andar a comentar a obra de pessoas mais vividas que você, com mais experiência que você e muito melhores arquitectos que você.

Anónimo disse...

Falar com arrogância não é a mesma coisa que falar com convicção.
Pode mesmo ser falta de educação.
Pode até demonstrar que se tem “interesses” no caso.
Sobretudo quando se defende uma asneira.
Asneira patrimonial, cultural, arquitectónica, humanista, altruista, ambiental, em termos de turísmo, e em termos económicos.
Para quem leu agora a revista exame, o edividamento do país, resultado em boa parte de alguns investimentos desmesurados, a partir de 2014, vai obrigar os portugueses a pagar encargos relativos a esses investimentos que, a ser distribuidos equitativamente, custarão a cada um de nós pelo menos três mil e quinhentos euros (3.500,00€)!!!
Por isso, continue a defender este tipo de investimentos, que eu continuarei convencido que, quem o faz é porque tem uma qualquer mais valia nisso, e está a chamar patego a todo o povo português que vai ter que pagar essas merd... , apenas porque estes referem que são muito boas.
E ainda se manda calar o povo, pois estão devidamente controladas por alguns importantes cargos ou títulos!, e assim sempre as fizeram. Esta é apenas a base da ditadura. Que acabará também sempre em punição.
Esta intervenção é mesmo má.
É errado retirar o local e a escala actual do museu dos coches (em equipa que está a ganhar não se mexe, como diz o povo, e é o caso).
Este museu precisa só de reabilitação; seja o edificío, sejam os coches. E precisa apenas de instalações para o apoio logístico. Não falta património público em Lisboa onde poderá ser criado (mas que preferem vender a alguns privados, para hotéis de luxo, etc.), locais que poderiam ser reabilitados, e ser também um complemento turístico e cultural válido. Ou fazer uma pequena ampliação, que podia ser mesmo no local previsto para este novo museu. Mas seria um apêndice complementar do museu actual, que se manteria (o núcleo de Vila Viçosa está lá muito bem).
E uma nova intervenção, de custos reduzidos, devia ter parâmatros meritórios para este período que atravessamos, no âmbito da cultura arquitectónica, cultural e científica actual, que só pode acrescentar outros objectivos ao programa depois de se enquadrar e ultrapassar as premissas ambientais. Que já não são meras especulações: são uma realidade que já sentimos a todo o momento: o clima está a ficar caótico – as implicações começam a ser de tal forma na vivência urbana e social que não deixam indiferentes as populações. Mas alguns arquitectos continuam estupidamente quadrados ao desenvolver apenas conceitos já ultrapassados.
Tiveram o seu tempo, o que é meritório.
Agora, é uma estupidez deixarmos fazer, em 2009, a esta escala, com esta referencialidade, “coisas” que têm o carisma daquilo que está errado e levou ao estado ambiental que estamos já a viver. E não é só por este edifício: é por todos aqueles a quem este vai ainda servir de exemplo,sem quaisquer cuidados ambientais, com um consumo energético brutal! Para preterir uma jóia preciosa do nosso património! – não é isto a aculturação? Onde está a erudição dos nossos governantes? E daqueles que os apoiam tecnicamente? Está apenas nos interesses económicos directos ou indirectos de cada um dos que fazem parte interveniente?
Ainda não perceberam que, “antes”, calavam os jornais e a televisão, faziam as negociatas que queriam, e o que constava eram “conversas de café”!- no problem- “Agora” nem que calem quinhentos, vão ficar dezenas de milhar a berrar!!! E só pode acabar mal para tamanhas alarvidades...
E vamos sofrer. Não tem filhos?
Como não quis perceber os textos anteriores, também não vai perceber este. Por isso deixo-lhe uma história para dar aos seus filhos. Talvez eles possam fazer alguma coisa por si...
http://lucianoanaluisacolibri.blogspot.com/2009/03/enviar-todas-as-criancas-o-luciano-ana.html