29/03/2009

'Massa Crítica' invade ruas e pede respeito pelas bicicletas

Final de tarde de sexta-feira, hora de ponta em pleno centro de Lisboa. Subitamente, no Marquês de Pombal, mais de 50 pessoas montadas em bicicletas invadem a rua. Dão três voltas à rotunda, o ritmo lento, as campainhas a fazer "drin drin", os carros obrigados a abrandar o andamento, o povo espantado a olhar. Mas o que é isto? Uma prova de ciclismo? Nada disso.

"Nós não andamos aqui a brincar aos ciclistas", esclarece João Branco, 27 anos, engenheiro aeroespacial. "Este é o nosso veículo para ir trabalhar, para ir às compras, para fazer as nossas vidas", explica. E sublinha: "É um veículo que tem dignidade e tem que ser respeitado".

Não é, repita-se, uma prova de ciclismo: isto é a malta nas bicicletas a ocupar a rua para que a cidade pare e veja que existem alternativas aos popós que saturam a metrópole e amiúde tornam o ar irrespirável. O evento, a manifestação, a concentração, enfim, o que lhe queiram chamar, tem um nome: ""Massa Crítica"". E acontece em várias cidades do mundo a cada última sexta-feira do mês. O JN também pedala neste serpentear pelas artérias da capital.

"A bicicleta voa no trânsito de Lisboa!", cantam alguns. São 54 bicicletas, outros tantos a dar ao pedal. A grande maioria é gente dos 20 aos 30 anos. Nem todos se conhecem mas o diálogo flui com facilidade porque ali há algo que os une: uma certa consciência ecológica, um gozo tremendo em rasgar o vento montado no mais inofensivo meio de transporte.

A "Massa Crítica" segue em pelotão pela Avenida Fontes Pereira de Melo, passa o Saldanha, segue pela Avenida da República, vira à direita no Campo Pequeno. Os carros, atrás, parecem respeitar a meia centena, ainda que muitos não devam perceber o que se passa. Sempre que podem, ultrapassam pela esquerda, sem reclamar, uma apitadela talvez, mas nada de grave. No passeio, volta e meia, há peões que sorriem e aplaudem.

Curiosamente (ou não) uma parte significativa dos participantes não é grande apologista das ciclovias. Admitem que podem ser úteis mas também as encaram como factor de segregação: "Nós devemos estar integrados dentro do trânsito", refere João Branco. É ele, também, o autor de uma petição na internet que se insurge contra o facto do Orçamento de Estado para 2009 incluir um incentivo fiscal à compra de veículos eléctricos ou movidos a energias renováveis não combustíveis mas não contemplar as bicicletas.

A "Massa Crítica" chega ao final, no miradouro da Graça. Erguem-se as bicicletas ao ar. E como que por intervenção divina, o sino da igreja dobra-se num "doing" - como se o céu agradecesse a ausência de fumo nestes 54 que atravessaram o trânsito.

In JN

12 comentários:

Filipe Melo Sousa disse...

sou muuita maaaauu!! olha que tenho uma bike man! are iú tókine to mi??

Anónimo disse...

Enfim, palhaçada.

Xico205 disse...

Palhaços são os automobilistas que não facilitam e põe em perigo os utilizadores deste meio de transporte! Quando o fazem comigo, faço questão se possivel de embaraçar a marcha dos mesmos, para baixarem a crista.

Nuno disse...

"sou muuita maaaauu!!"
Intelectualmente sem dúvida nehuma que és... uma nódoa....
"Enfim, palhaçada"
Palhaçada é andar de carro em Lx em hora de ponta sozinho, é uma atitude estupidificante e que resulta num nível intelectual semelhante ao comentado acima.
Acordem da bovinidade em que estão mergulhados e promovam uma sociedade melhor e até menos feia que a que patrocinam actualmente.

Filipe Melo Sousa disse...

é uma bovinidade ter de ganhar a vida, e sair do trabalho, pasme-se, à hora de sair do trabalho. há coisas incríveis.

claro que os parasitas que não trabalham e vivem à conta dos outros não percebem isso

Filipa Lex disse...

Não percebo a agressividade desajustada em relação aos automobilistas e desconhecia que existiam grupos fundamentalistas que percorriam Lisboa de turbante em cima de bicicletas. Andar de carro não é o mesmo que andar de arma em punho ou vender droga às crianças. O Carro é uma opção de escolha que advém de um valor bem maior que a possibilidade de fazer "drin-drin" numa rotunda, a Liberdade! A malta tem que aprender a viver sem catalogar, não estamos na Guerra das Estrelas e a distinção entre as pessoas é bem mais rica e complexa que as Forças do Bem e do Mal. E já agora, lembrem-se quem é que usa capacete no filme...

Nuno disse...

"O Carro é uma opção de escolha que advém de um valor bem maior que a possibilidade de fazer "drin-drin" numa rotunda"
Parece-me óbvio que esse valor está posto em causa quando a maior parte dos carros que circula em Lisboa nem é de Lisboetas.
O que está posto em causa é um valor ainda mais elevado que a liberdade e que se chama direito à vida, ao qual podemos juntar a dignidade...
Mas o valor da liberdade também é posto em causa quando a maior parte dos habitantes de Lisboa, idosos e sem carro têm que morrer de cancro no pulmão ou atropelados para que a liverdade dos quadrúpedes (com rodas) seja mantida....

Xico205 disse...

O Nuno sempre teve umas saídas "fabulásticas". Por ele os habitantes dos bairros históricos não tinham carros e até acha que os residentes das ruas estreitas do centro de Lisboa estão a mais. Até já se propôs a comprar as casas dos residentes do centro de Lisboa que por aqui aparecem!

O Nuno devia ter vivido na época medieval!

Anónimo disse...

este filipe tem ar de ser aqueles betos que odeiam o 25 de abril porque lhes roubaram as pratas e tudo quanto são ideias progressistas é pessoal do xapitô.

santa paciência.

Filipe Melo Sousa disse...

atenção: a bicicleta é uma invenção do PREC. o carro não serve para nada, é uma nefasta importação do imperialismo americano. e como o carro não serve para nada, Lisboa não tem problemas de estacionamento.

Ave Guevara cheia de graça, o Marx é convosco. Amen!

Anónimo disse...

É muito chato quando nos roubam as pratas.

Xico205 disse...

Eu como utilizador dos dois meios de transporte, acho que há alturas em que cada um é melhor opção que o outro. Mas isso é uma escolha pessoal e cada caso é um caso e não se pode criticar as escolhas de cada um quando não sabemos a vida dessas pessoas e as suas necessidades de deslocação. Se eu for trabalhar para o concelho de VIla Franca de Xira não estão à espera que vá a pedalar até lá! Parece mal chegar a uma reunião todo transpirado!