26/03/2009

COMENTÁRIOS AOS COMENTÁRIOS Á CARTA ABERTA DA PP Cult AOS DEFENSORES DO NOVO MUSEU DOS COCHES



1.Para grande alegria nossa: “A Câmara de Lisboa aprovou hoje uma moção que recomenda aos clubes de futebol da capital a realização de jogos de futebol de dia, evitando o consumo de energia das partidas nocturnas.” ...” recomenda aos clubes "que sejam tomadas as providências necessárias para a realização dos respectivos jogos de futebol durante o dia, contribuindo com esta medida para a redução do consumo de energia eléctrica e, simultaneamente para a sensibilização de toda a população"....”A iniciativa surgiu a propósito do evento mundial "Hora do Planeta", que se realiza sábado, em que Lisboa se associa pela primeira vez a 742 outras cidades de 75 países, "apagando as luzes" durante uma hora.Locais como o Palácio de Belém, Mosteiro dos Jerónimos, Torre de Belém, Padrão das Descobertas, Ponte 25 de Abril e o Castelo de São Jorge vão ficar às escuras durante uma hora no sábado, no âmbito deste evento que começou há três anos na cidade australiana de Sidnei.”(http://noticias.sapo.pt/lusa/artigo/9479190.html)

2.Venham agora explicar porque é que:
a) Nestes termos, os nossos políticos demonstram um nivel de conhecimento ambiental consentâneo com uma atitude mundial actual, interventiva e adequada, sensibilizadora da população. MUITO BEM.

b) Quando à palermice do novo edifício para o museu dos coches, querem:
- Rebentar com uma união coches/antigo picadeiro (que devia ser património mundial), de reduzidas dimensões, baixo custo de utilização e manutenção (se comparado com a escala do novo empreendimento), elevado coeficiente de utilização, etc, tendo aqui uma atitude retrógrada de mais de 40 anos.
-Investir, nesta data, os previstos trinta e tal milhões de euros, que serão no final mais de setenta milhões, como já nos habituaram, num dispendio energético brutal, se comparado com o proveito e a necessidade do dito “pirolito”.
-Criar um grande edifício, com escala e custos de utilização exponencialmente superiores ao actual em quase todos os aspectos. Ainda por cima um edifício sem quaisquer características de defesa ambiental, do que devia e merecia ser um exemplo, mas que virá a ser mais um monstro do consumo!!! Isto não é o que deviamos andar já a demolir por todo o país???

3.Será porque os nossos políticos nunca ouviram falar de relação custo/benefício? Em racionalização de custos? Em organização e rentabilidade para não desperdiçar energia e poupar ao meio ambiente – não é apenas poupar com a classificação energética do edifício – é mesmo racionalizar o aproveitamento dos espaços – isto é poupar o meio ambiente – não desperdiçar, diminuindo assim a nossa pegada ecológica ao indispensável, já que, nos termos actuais, é sempre excessiva!

4.Aqui já não se faz aculturação como agora no caso do futebol diurno? - TUDO ISTO É EFECTIVAMENTE CONTRADITÓRIO!!!...

5.Ora, se nós sabemos que os nossos políticos são tudo menos estúpidos (podem ser sabidos, mas estúpidos é que não), é porque há outra explicação...

6.Há quem diga que a falta de esperteza e de actualidade dos nossos políticos, neste caso do museu dos coches, se deverá então a uma cegueira intencional. Algo que não interessa ver, porque poderão ser conseguidas outras mais valias na promoção do dito empreendimento, estando já algo adiantado, e não interessando aos intervenientes fazer parar.

7.Não parece assim de bom decoro, para todos nós, estarmos aqui com paninhos quentes, a corroborar este tipo de atitudes.

8.Se está provado que este empreendimento é um atentado cultural, e ainda mais que isso, que é um atentado ambiental, despesista, energeticamente desastroso, etc... E ainda por cima, os nossos políticos dão-nos provas de que, afinal, estão mesmo com o meio ambiente: querem poupar energia, até nos campos de futebol...

9.Alguém tem que explicar isto muito bem ao povo... tintim por tintim... ou vamos conseguir ter o povo na frente das máquinas.

10. Mais: Para quem leu agora a revista exame, o endividamento do país, resultado em boa parte de alguns investimentos desmesurados, a partir de 2014, vai obrigar os portugueses a pagar encargos relativos a esses investimentos que, a ser distribuidos equitativamente, custarão a cada um de nós pelo menos três mil e quinhentos euros (3.500,00€)!!!

11.Está tudo tolo ou quê? Se só sabem esbanjar... rua com eles o mais cedo possível. Porque isto vai acabar mal, e aí vai ser ainda pior – bancarrota!!!

12.É errado retirar o local e a escala actual do museu dos coches (em equipa que está a ganhar não se mexe, como diz o povo, e é o caso).

13.A este museu é necessária só a reabilitação e manutenção; seja ao edificío, sejam os coches. E seria bom conseguir instalações para o apoio logístico dos trabalhos de reparação dos coches. Não falta património público em Lisboa, já ali ao lado, onde tal possa ser colocado (mas que preferem vender a alguns privados, para hotéis de luxo, etc.). Locais esses que poderiam ser reabilitados, e ser também um complemento turístico e cultural válido, com esta utilização. Ou fazer-se uma pequena ampliação, que podia ficar no local previsto para este novo museu. Mas seria apenas um apêndice complementar do museu actual, que se manteria (o núcleo de Vila Viçosa está lá muito bem).E ser sempre uma intervenção de custos reduzidos; ter parâmatros meritórios para este período que atravessamos, no âmbito da cultura arquitectónica, cultural e científica actual. Que só pode acrescentar outros objectivos ao programa do projecto, depois de se enquadrarem e ultrapassarem as premissas ambientais.Que já não são meras especulações: são uma realidade que sentimos todos os dias: o clima está a ficar caótico – as implicações começam a ser de tal forma na vivência urbana e social que não deixam indiferentes as populações (até já os nossos políticos ponderam isso quanto ao futebol!).Mas alguns arquitectos continuam estupidamente quadrados, ao desenvolver apenas conceitos já ultrapassados.Tiveram o seu tempo, o que é muito meritório, mas agora NÃO PODE SER!

14.Para os que vivem ainda numa atitude de projectar arquitectura, onde não conseguem abdicar dos preciosismos despesistas a que se vulgarizaram, deixo-lhes uma pequena história para darem aos filhos, aos miúdos, que têm mais sentimentos que eles. http://forumsociedadecivil.blogspot.com/2009/03/o-luciano-ana-luisa-e-o-colibri.html

2009.03.26 F Ferreira, arq


Ora bem, quando as questões são colocadas em termos dignos e, apesar da discordância no fundamento, fica a critica construtiva e o debate de ideias, que é aquilo que deve ficar, entre pessoas civilizadas e educadas.

Critica-se, opina-se, discorda-se ou não mas, antes de tudo e para uma intervenção deste âmbito e desta natureza, não deve ser posta a carroça á frente dos bois e começar-se pelo fim:

Exige-se um debate público, fundamentado e honesto sobre o assunto porque é assim que se deve entender a democracia! Caso contrário, ficará sempre a pairar sobre esta obra, "empurrada á pressa" para a frente não se sabe bem porquê nem como, o espectro das dúvidas quanto á honestidade das intenções que lhe estão subjacentes.

A despropositada ideia de que este projecto vai ordenar urbanisticamente a zona, é falsa. Nada nos garante que sejam criados fluxos pedonais entre os vários museus (electricidade, coches, cordoaria, etc):

Há falta de um projecto de requalificação da zona, que garanta esse intercâmbio e essa disposição ás pessoas. Por outro lado, os custos de uma tal solução, válida, sustentada e que devolvesse o Tejo á cidade, seriam enormes.

Depois vêm os custos do novo museu, a sua reduzida necessidade e a menos valia que vai trazer á colecção; discutir a obra de arquitectura e/ou o seu autor, é para mim completamente extemporâneo e errôneo. O que aqui interessa é discutir o acervo museológico e a sua envolvência e, quanto a isso, parece evidente que a actual solução fica a ganhar. Retirar os Santos, as talhas, os altares e os paramentos, de uma qualquer igreja e colocá-los num espaço muito "desinfectado" não dignifica o espaço-igreja nem os objectos de culto. O actual está adequado e não é preciso mais.

Por outro lado, gastar dinheiro e muito, só para ter uma obra de autor e de regime, parece tudo menos razoável. E mais, é que estar a defender um projecto que ainda não passou de 3D apresentados em Power Point e maquete, atribuindo-lhe méritos que não sei se os tem ou não, também me parece algo que tem a ver com seguidismos académicos e não com espiritos livres e esclarecidos.

Por tudo isto e mais algumas coisas e, apesar de respeitar as diferenças de opinião que sejam honestas e fundamentadas, sou absolutamente contra o novo Museu dos Coches!


Luís Marques da Silva, arq

4 comentários:

Anónimo disse...

Para quem se queira inteirar um pouco mais sobre a gravidade da questão do elevado consumo energético dos edifícios que por aí se criam sem responsabilidade, vale a pena ler o artigo todo de que deixo o link, e um pequeno excerto:

http://forumsociedadecivil.blogspot.com/2009/03/eficiencia-energetica-verdadeira.html

"Com inovações tecnológicas - e um pouco de bom senso - é possível dar grandes passos rumo ao uso eficiente dos recursos que hoje se perdem pelo caminho."
...
"Um estudo do McKinsey Global Institute, braço de pesquisas da consultoria, indica que o uso mais racional da energia poderia garantir metade do esforço global de manter a concentração de gases de efeito estufa na atmosfera em um nível aceitável de 550 partes por milhão. Inovar - e ter bom senso com um recurso tão precioso como a energia - é hoje uma questão de sobrevivência para o planeta."

Anónimo disse...

Parece que tem medo de tocar co dedeo na ferida.
O projecto é muito mau. não se pode escamotear a verdade, isto porque:
1º-A escala do edificio em relação ao ambiente urbano local.
2º-O desenho formal de uma mega estrutura industrial, voluntariamente exagerada.
3º-Um espaço interior desconstextualizado, minimalista de exposição de coches barrocos.
4º-Uma praça/forum coberta sem sentido, sombria desagradável por uma mega laje.
5º-Um projecto politico sem sentido servindo-se dos coches da monarquia para celebrar a republica.
6º- Não sabemos valorisar o pouco que temos, um dos exemplares veio do atelier de Carlo Fontana, aprendiz de Bernini, o maior escultor barroca de que há memoria.
7º-Subserviencia à vaidade egonorância e egocentrismo de pseudo elites totalitarias e fascizantes.

Quando estiver construido, um outro comentador, tal como foi para o Cais do Sodré , vai chamar mais um mamarracho. Porque é distoque se trata mamarracho.

Anónimo disse...

(http://noticias.sapo.pt/lusa/artigo/9485697.html)

"Museus: IMC abriu concursos para colocar 131 vigilantes em museus e palácios nacionais carenciados
...
A polémica tem sido recorrente nos últimos anos, e alguns museus decidiram até pelo encerramento temporário de salas de exposição por falta de vigilantes, como os casos do Museu de Arte Antiga e do Museu do Chiado, ambos em Lisboa.
...
Numa época de crise e de restrições financeiras, com implicações nomeadamente nas programações dos museus, segundo Bairrão Oleiro, "a resolução da questão dos recursos humanos foi prioritária" para o IMC.
...
"A suborçamentação dos museus vem desde o início dos anos 1990 e afecta várias áreas. Eu gostaria de aceder aos pedidos dos directores dos museus para a área da programação, que continua a ressentir-se, mas considerei prioritário solucionar a falta de vigilantes", sustentou, comentando que, "com menos recursos, é preciso fazer opções"."

Dá para concluir:
Museus fechados por falta de pessoal!!! Restrições financeiras desde 1990 nos Museus que existem!!!
E há aí trinta e tal milhões para desbaratar sem necessidade???
Querem fazer um museu enorme, esbanjador, energeticamente ineficiente, com mais de 15.000,0m2... E vão programar poupanças depois??? Só para fazer agora a vontade de alguns???
Não sabem o que fazem...
Já deviam ter parado com isto e ainda não o fizeram. Não merecem perdão.

Anónimo disse...

(...) sim, claro que concordo, acordo, ou não viesse de uma sesta, de um transe de passar pelas brasas, o melhor é dar-me um toque, ou espera vamos antes combinar um distoque, é que apetece algo diferente, pois já esgotei os que havia na TMN, e isto depois da Optimus e da Vodafone, nem sempre ZON, diga-se, enfim enjoei, foi o que foi, do ambiente, talvez até do bitoque, ou das batatas, fritas mas antes congeladas, quantas vezes requentadas, desbaratadas em sal, suas sonsas sem graça!!!!

prof+qJubilado,arq