02/09/2010

Lisboa disse adeus ao museu automóvel que nunca existiu


In Público (2/9/2010)
Por Luís Filipe Sebastião

«O Museu Fernando Pessa foi criado a partir do antigo carro do jornalista, mas o espaço viu agora partir os clássicos que abrigava

Rali em risco

Pode um museu municipal funcionar quase nove anos sem nunca ter existência formal? Em Lisboa, pode. O Museu Municipal Fernando Pessa foi anteontem esvaziado do último automóvel de entre os mais de 40 clássicos que exibia.

Foi em Novembro de 2001 que o então presidente da câmara, João Soares, inaugurou o Museu Municipal Fernando Pessa. O jornalista, como garantiu à revista AutoMotor (Abril 2002), nem queria o seu nome no museu. Mas lá ficou, como espécie de homenagem da cidade. O seu velho Rover 2000, de 1966, foi guardado num pavilhão do antigo mercado abastecedor de Lisboa, à Av. das Forças Armadas. "Contactámos pessoas que tinham carros antigos e assim nasceu o museu", recorda Armando Rodrigues, parceiro de andanças de Pessa.

O museu abriu regularmente nos primeiros meses. Mas depois funcionava ao ritmo dos contactos, por exemplo, "do turismo de Lisboa para mostrar o museu a visitantes estrangeiros". Os executivos camarários foram mudando sem a criação formal do museu. "Houve um protocolo que ficou por assinar à última hora", conta Armando Rodrigues, sem resposta às diligências para dinamizar o espaço. Isto até ao final do ano passado, prazo dado pela EGEAC, empresa municipal que gere os equipamentos culturais municipais de Lisboa, para que o espaço fosse desocupado. "Sinto-me enganado, mas, por outro lado, também um grande alívio pela responsabilidade em ter ali os carros", comenta o entusiasta dos automóveis. É que entre as relíquias figuraram um Mercedes 28/95 (1921), com carroçaria em madeira; um Peugeot 81.B (1906), oferecido ao médico da família da marca Peugeot; um Bentley Speed (1924); um Darracq (1901), ou um Cottin & Desgouttes (1913).

A Câmara de Lisboa, em Abril de 2009, promoveu uma exposição sobre viaturas históricas do município no "Museu Municipal Fernando Pessa". No entanto, para Paulo Braga, administrador da EGEAC, o espaço "não é mais do que um depósito" de carros, sem projecto museológico. Agora, o pavilhão será demolido ao abrigo do Plano de Urbanização de Entrecampos e a autarquia pagou 4000 euros para entregar os veículos aos donos. "Não se pode dizer que a cidade perdeu um espaço museológico, porque não o era", frisa Paulo Braga. É fácil adivinhar o que diria Fernando Pessa, se ainda por cá andasse: "E esta, hem?"»

...

Faz falta a Lisboa um Museu do Automóvel, um museu a sério, não um barracão como o caso em apreço, até porque há coleccionadores com fartura dispostos e interessados em participar e patrocinar semelhante museu. Porque não no espaço onde estão as fazer as fundações para o novo Museu dos Coches, esse imenso e tonto desperdício de dinheiros públicos?

9 comentários:

Xico205 disse...

Num blog onde são odiados automóveis, onde todos os dias vários membros vomitam barbaridades, vêm pedir um museu do automóvel para Lisboa!!!

E esta hein?

Anónimo disse...

Conclusão: Pessa (ou os seus herdeiros), assim como as restantes pessoas que para lá encaminharam as suas relíquias automóveis, tinham feito melhor se lhes têm dado outro destino.

Pelo meos, poupavam-se a desgostos.

Nuno disse...

E porque não um museu do frigorífico ou da varinha mágica, ou dos carrinhos de bébé, ou das mesas de jantar...
Porque é que tem que haver um museu de algo que polui, rouba espaço às pessoas, provoca mortes e empobrece o país?
Já deveria ter fechado à imenso tempo, ou melhor nunca deveria ter existido, se querem museus deste tipo de objectos particulares peçam-nos ás marcas de automóveis.

Anónimo disse...

Usa-se haver museus de automóveis antigos, como de aviões antigos, como de eléctricos e autocarros antigos, como de peças de radiotelevisão antigas, como de fatos antigos, como até há Conímbriga, as gravuras rupestres do Coa, os Jerónimos e a Torre de Belém, o Castelo de Guimarães, etc, etc. É próprio de um ser humano que tenha ultrapassado a fase Cro-Magnon.


Sempre aparece aqui cada cromo!

Anónimo disse...

Xico205,

pensei que tivesse abandonado a linha de intervenções com que nos brinda nos últimos anos mas parece que não. São este tipo de intervenções que confirmam o que todos sabemos: que vem a este sítio para mostrar as penas de pavão e não para contribuir para o aperfeiçoamento da cidadania. Se não percebe a diferença entre a luta que se faz contra a hegemonia do carro e o estilo de vida novo-rico de levar o carro até à porta de casa em vez de caminhar e exercitar as pernas e a confunde com a necessidade de ter um museu do automóvel pergunto-me se este é o blog para si. Já que gosta de frases famosas que tal esta especialmente para si: "carros há muitos oh pal..."

Xico205 disse...

Pois é, carros há muitos mas cada um é unico.

Gosto de carros, há problemas?!

Novo rico? Já o meu avô andava de carro nos anos 40. A ser rico é um velho rico.
Lá porque tu não tens ou não tinhas dinheiro para carros concentra o problema só em ti! Novo rico és tu pelos vistos.

E já agora identifica-te. Tas com medo do quê? Aqui ninguem te bate.

Nuno disse...

A questão não é haver um museu de latas antigas, a questão é isso ser pago com dinheiro dos contribuintes, dado que não há interesse público nenhum em promover utilização de automóvel particular.

Anónimo disse...

Xico205,

mostra-se ofendido com o meu post mas realmente não vejo porquê porque notoriamente não o percebeu nada - aliteracia é de facto um problema das sociedades modernas! caso tivesse percebido o meu post teria, sim, razões para estar realmente ofendido porque escrevi, e volto a escrever, que as suas intervenções nada mais servem que a tentativa de se armar em "xico(205)esperto".
Novo-rico, caso saiba o que é, não é ter um carro que de facto tenho. É o que se faz com ele e como se usa!
Quanto a identificar-me, identifique-se você primeiro porque xico205 não está no seu BI, pois não? Caso se queira realmente identificar informe-nos do seu nome completo e onde mora.

Xico205 disse...

Nuno o que é que o cu tem a ver com as calças?

Em que é que um museu promove a utilização de automóvel paticular?

Dah!