02/06/2011

FESTAS da CIDADE ou FESTAS da CERVEJA? Más práticas de publicidade









Exmo. Sr. Presidente da Câmara Municipal de Lisboa,
Dr. António Costa
Exmo. Sr. Vereador do Espaço Público
Dr. José Sá Fernandes


Vimos pelo presente apresentar o nosso protesto pelas más práticas de publicidade de alguns dos patrocinadores das Festas de Lisboa de 2011.

Embora conscientes da importância dos patrocinadores na manutenção de um programa cultural neste evento, lamentamos que tanto a EGEAC como a CML não tenham ainda criado novas regras que disciplinem a publicidade, de uma vez por todas.

Todos temos um papel a desempenhar; os munícipes, porque os bairros históricos onde vivem e trabalham são o palco principal das Festas, e a EGEAC enquanto organizadora do evento. Mas é à CML que compete regulamentar a publicidade no espaço público. É pois com grande preocupação que mais uma vez constatamos a existência de publicidade agressiva e excessiva no âmbito das Festas de Lisboa.

A EGEAC, enquanto empresa municipal responsável pelas Festas de Lisboa, deve encontrar contrapartidas de publicidade com menor impacto na cidade histórica.

Este ano vemos novamente experiências muito negativas em arruamentos históricos que foram invadidos por dispositivos de publicidade agressivos, como por exemplo:

- Quiosques de uma marca de cerveja instalados em zonas classificadas como Monumento Nacional (ex: Terreiro do Paço) e bairros históricos (Castelo);

- Quiosques de uma marca de gelados (na forma do próprio logótipo da marca) instalados em zonas classificadas como Monumento Nacional (ex: Terreiro do Paço);

- Autocolantes publicitários de uma marca de cerveja, explorando ícones da identidade cultural de Lisboa e com o logótipo oficial das Festas de Lisboa, aplicados indiscriminadamente nas fachadas de edifícios nos bairros históricos classificados (Alfama, Castelo, Bairro da Bica, Bairro Alto, Madragoa, Graça, Baixa, etc);

Gostariamos também de saber se a EGEAC / CML obtiveram, antecipadamente, os obrigatórios pareceres do organismo do Estado a quem compete a salvaguarda dos bens culturais imóveis, o IGESPAR, para a colocação de publicidade em zonas classificadas da cidade.

Enviamos em anexo algumas imagens para ilustrar aquilo que consideramos ser a degeneração das Festas de Lisboa em "Festas da Cerveja".

Aproveitamos esta oportunidade para contribuir com algumas sugestões de melhoramentos com vista a:

- Resolver o problema do monopólio das marcas de cerveja convidando, por exemplo, marcas de vinho;

- Resolver o problema dos intrusivos quiosques de plástico das marcas de cerveja, gelados e refrigerantes convidando designers para criarem um modelo de "Quiosque Festas de Lisboa" a que todas as marcas se teriam de sujeitar, seguindo a prática de outras cidades da UE;

- Exigir responsabilidade social aos patrocinadores, sensibilizando-os para os problemas ambientais associados à produção dos dispositivos de publicidade (em plástico, descartáveis e cujos desperdícios não são recolhidos pelas marcas que os lançaram no espaço público, de que são um mau exemplo os milhares de autocolantes aplicados nas fachadas dos bairros históricos onde ficam de ano para ano).

Em colaboração com a CML, esperamos que a EGEAC sensibilize os vários parceiros envolvidos na necessidade de qualificar as Festas de Lisboa.

Se houver vontade genuína, a EGEAC e o Pelouro do Espaço Público, conseguem resolver o problema da poluição visual e ambiental que, infelizmente, ainda marcam as Festas de Lisboa deste ano.

Com os melhores cumprimentos,



Paulo Ferrero, Fernando Jorge, Bernardo Ferreira de Carvalho, Luís Marques da Silva e Júlio Amorim


CC: AML, IGESPAR, DRCLVT, Media, Unicer, Super Bock, Unilever, Olá




8 comentários:

Anónimo disse...

O "melhor" de tudo é o que se vê no Terreiro do Paço. Como é que é possível existir uma única pessoa que acha isto normal?

Isa disse...

Apoiado.Os patrocinadores são importantes mas isto é uma selvajaria publicitaria, sem rei nem roque.

Anónimo disse...

por mim, vou boicotar a superbock

Anónimo disse...

como é que depois querem ter autoridade para dizer aos outros que não podem ter publicidade nas esplanadas etc. Se a CML não se dá ao respeito com é que quer ser respeitada?Os exemplos têm de vir de cima e de cima só vem disto.

Anónimo disse...

Se ao menos fosse Sagres!

Anónimo disse...

Parabéns ao Fórum por esta carta/exigência.

Ultrapassa todos os limites esta agressão ao património de Lisboa.

Sugiro também, com texto idêntico, um protesto ao IGESPAR e Associação Turismo de Lisboa.

E mais !

Quando o país está em BANCARROTA e precisa das receitas do importante Sector do Turismo, o que se está a fazer é uma despromoção da Imagem de Lisboa, uma cidade de turismo cultural, com sérios efeitos negativos na ECONOMIA.

É urgente a retirada destas palhaçadas do centro histórico de Lisboa !

Xico205 disse...

Anónimo disse...
Se ao menos fosse Sagres!

12:47 PM

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Tens toda a razão. =)

Anónimo disse...

O largo de S. Paulo está uma vergonha, com uma barracona de plástico mesmo junto à entrada da igreja.

Mas quem será o Zé que tais m#$das admite???