14/06/2016

Activistas contra corte de árvores por causa das obras de requalificação do Eixo Central


POR O CORVO • 14 JUNHO, 2016
Texto: Samuel Alemão

«O corte de diversas árvores na Avenida Fontes Pereira de Melo, justificado pela Câmara Municipal de Lisboa (CML) como necessário para prosseguir com as obras de requalificação do Eixo Central da cidade, está a provocar a irritação de diversos activistas. O abates feitos em alguns jacarandás e o que está previsto, nos próximos dias, para diversos choupos negros na artéria que liga o Marquês de Pombal ao Saldanha levam mesmo a Plataforma em Defesa das Árvores a falar em violação da lei. Na tarde desta segunda-feira (13 de junho), feriado da cidade, pelo menos dois activistas protestaram na avenida contra o anunciado corte – apesar da autarquia prometer substituir os exemplares a tirar.

A Plataforma – que congrega cidadãos e entidades como o Geota, o Fórum Cidadania LX ou a Associação Lisboa Verde – emitiu ontem um comunicado em que critica a opção pelo abate e questiona a câmara sobre as razões dos cortes efectuados na Avenida Fontes Pereira de Melo. O grupo apela a “que sejam tomadas medidas para a preservação destas árvores, lembrando que a lei vigente só permite o seu abate quando estas estão doentes e representem perigo para pessoas ou bens e nunca no âmbito de uma empreitada de requalificação e à revelia do próprio projecto apresentado aos cidadãos”.

Uma das principais razões de descontentamento da Plataforma em Defesa das Árvores, exposta no documento enviado à CML, é o de que, dizem, referindo-se à requalificação em curso no Eixo Central, “o projecto previa manter as árvores existentes e a versão do mesmo apresentada à opinião pública também não mencionava quaisquer abates”. “Os fotogramas não deixam antever nenhum abate nem substituição drástica que normalmente acompanha a jusante essas operações. Inclusive nas ilustrações aparecem as árvores existentes”, alegam.

E acrescentam: “Eventuais alterações em curso de empreitada carecem de legitimidade uma vez que podem afastar-se dos pressupostos que estiveram na base da aprovação do projecto. Na nossa opinião estes abates inscrevem-se nesse perigoso distanciamento dos valores do projecto original: manutenção do arvoredo adulto existente e multiplicação das zonas de árvores com plantio novo”. “A diversidade específica em arvoredo de alinhamento deve ser encorajada e promovida”, sustentam ainda.

Após questionar as razões por detrás da decisão de cortar as árvores – lembrando que os “choupos fazem parte do património da cidade e pertencem a todos os lisboetas” -, a Plataforma em Defesa das Árvores questiona a autarquia lisboeta sobre “qual o destino dos restantes exemplares existentes na Av. Fontes Pereira de Melo, nas placas ajardinadas em frente ao hotel Sheraton e ao longo da Avenida da República”, mas também em relação às tipuanas da Praça Duque de Saldanha.

“Finalmente, esta situação leva-nos também a questionar qual a metodologia que irá ser seguida pela CML para todas as zonas arborizadas da 2ª Circular”, frisam os responsáveis do colectivo de cidadãos e associações, lembrando que a Plataforma aplaudiu, desde o início, quer este quer o projecto do Eixo Central.

Ontem, a meio da tarde, O Corvo encontrou dois activistas ligados à Plataforma a realizarem um protesto junto a um dos choupos a abater, em breve, na Avenida Fontes Pereira de Melo. “Querem cortar esta árvore”, lia-se num cartaz por eles envergado, visível para os automobilistas que seguiam na direcção do Saldanha. “Não faz qualquer sentido abaterem estas árvores, com o argumento de que vão fazer uma reabilitação para colocar mais árvores. Tirá-las daqui vai causar instabilidade geológica nestes terrenos”, dizia Emanuel Sousa, 25 anos, técnico de agronomia e autor do cartaz.»

6 comentários:

Anónimo disse...

eheheh tira a árvore e passa a bicicleta

Anónimo disse...

Nas plantas do projecto aparecem 3 fileiras de árvores, só não sei a espécie, mas tudo leva a crer que serão plantados jacarandas e outra espécie, mas não sei qual.

Anónimo disse...

Tiram-se as árvores, mas continuam as marquises.

Anónimo disse...

Transplantem as árvores para outros locais! Não as abatam!!!

Vasco disse...

O DN tem uma notícia a dizer que irão plantar mais de 700 novas árvores. Das existentes 30 serão transplantadas e 15 abatidas.

Anónimo disse...

Vão plantar mais de 700 árvores no eixo central.

http://www.dn.pt/sociedade/interior/mais-de-700-arvores-vao-ser-plantadas-no-eixo-central-5229935.html

Mas disso não convém falar. A velha máxima aplica-se: é bem mais fácil destruir do que criar.