Jardim Botânico pode "crescer" sobre Parque Mayer

In Público (4/3/2008)
Catarina Prelhaz


«Cinco projectos apurados para a segunda etapa do concurso de ideias serão alvo de discussão pública. Câmara de Lisboa quer aprovar plano de pormenor em Agosto


O júri foi unânime e não hesitou em atribuir-lhe uma classificação de 100 por cento: o projecto apresentado pelo gabinete de arquitectura Aires Mateus & Associados para a reabilitação do Parque Mayer é o vencedor da primeira fase do concurso de ideias lançado pela Câmara de Lisboa e cujos resultados foram ontem divulgados. Este projecto alarga a actual zona verde do Jardim Botânico, prolongando-a sobre parte das novas construções a erguer na zona onde em tempos se celebrava a Revista à Portuguesa.
Mas esta não é ainda uma vitória definitiva. A par da proposta mais cotada, o júri seleccionou outras quatro soluções que, juntamente com a primeira, serão submetidas a discussão pública. De resto serão também expostas as outras 22 propostas que ficaram de fora do lote das que passaram à segunda fase do concurso, após a qual será ultimado o plano de pormenor para aquela zona histórica. A autarquia prevê poder vir a apreciá-lo em Agosto.
Dos 27 projectos submetidos a apreciação (outros dois foram excluídos por motivo de atraso na entrega) continuam no concurso as propostas dos gabinetes de Aires Mateus (primeiro lugar), Nuno Mateus ARX Portugal (segundo), Vão Arquitectos Associados (terceiro), Souto Moura Arquitectos (quarto) e a equipa encabeçada por Gonçalo Byrne (quinto). "Os projectos mais pontuados, embora com ocupações bastante diferentes do solo, têm em comum a valorização económica, ecológica, sociocultural e arquitectónica do quarteirão", sintetizou o presidente do júri, o arquitecto Nuno Portas. "Esta fase do concurso não é ainda de pormenores", admitiu aquele responsável, para quem a câmara deve agora proceder a uma melhor definição de critérios de funcionalidade e de limites de construção.
Mais ou menos verde
Nuno Portas explicaria ao PÚBLICO que foram consideradas propostas muito diversas, umas com uma presença mais forte de espaços verdes, outras em que ocupação do espaço com construções era maior. A latitude das ideias seleccionadas permitirá, agora, perceber as que melhor poderão enquadrar uma melhor definição do programa do concurso que inclua já uma maior participação da Universidade de Lisboa e uma definição, pelo Igespar, do destino do único imóvel classificado no espaço do Parque Mayer, o antigo Capitólio, objecto de um concurso diferente.
O presidente da autarquia, António Costa, recusou comentar os resultados preliminares do concurso. "Não cabe à câmara pronunciar-se sobre estas propostas. Qualquer uma das equipas está ainda em condições de vencer", sublinhou o autarca. "O objectivo é no início de Maio levarmos à câmara os termos de referência e um programa para elaborar o plano de pormenor."
O vereador do Urbanismo, Manuel Salgado, admitiu que as obras possam arrancar no final de 2009, qualquer que seja o resultado final da permuta com a Bragaparques. "Mesmo que esta zona se tornasse propriedade privada, é a câmara que dita as regras numa área tão sensível quanto o Parque Mayer. Aliás, se for necessário, a nossa intenção é adquirir o terreno ou expropriá-lo", afirmou ao PÚBLICO. Também em 2009 deve começar a reabilitação do Capitólio, a concluir no ano seguinte. "A ideia é que venha a ser uma sala fiel ao propósito original de café-concerto", frisou Manuel Salgado. Para já, as cinco propostas para o Parque Mayer estarão patentes no Salão Nobre dos Paços do Concelho, e a partir de 3 de Abril são mostradas, com as restantes candidaturas, nos museus da Universidade de Lisboa, na Rua da Escola Politécnica. A.P.C./C.P. »