16/09/2009
Ex. (péssimos) de espaço público (2)
«Construir estacionamento subterrâneo junto à Igreja da Memória». Como disse?
Na reunião pública de CML de 02.09.09, numa intervenção a propósito da actividade da SRU Ocidental, a presidente desta empresa municipal referiu-se a um projecto de estacionamento subterrâneo que a SRU Ocidental iria construir junto à Igreja da Memória, o que se me afigura estranho. Porque:
1. Sendo a Igreja da Memória um Monumento Nacional (D-L 8 627, DG 27, de 08-02-1923), usufrui desde 1960 de uma Zona Especial de Protecção de 50 metros em seu redor (http://www.ippar.pt/pls/dippar/pat_pesq_detalhe?code_pass=70253).
2. A esmagadora maioria dos carros estacionados no único bocado de terreno espectante em redor da Igreja da Memória é um amontoado de carros velhos, possivelmente à venda, possivelmente abandonados ou roubados (ver imagem acima). Portanto, será tudo menos uma necessidade de estacionamento para residentes.
3. Toda a envolvente à Igreja da Memória devia ser objecto de profunda requalificação paisagística, com mobiliário urbano de gabarito e não objecto do desleixo de que tem sido alvo, muito menos de intrusões construtivas ou de esventramento de subsolo para estacionamento. Coisas, aberrações dessas já basta a do estacionamento subterrâneo no Largo de Jesus (imagem abaixo).
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6 comentários:
Lembras-te Paulo do nosso passeio com o Luis Marques da Silva em que passampos pelo área da igreja da Memória? É de facto extraordinário o que de mau se consegue aprovar nesta cidade. Continuo a defender que devia haver responsabilidade criminal pelos atentados ao patrimonio, como o é a que a imagem documenta.
Abraço
Jorge Santos Silva
Ou seja, tanto faz lá estarem estes como outros quaisquer.
Minto, estes engana(ra)m mais, muito mais.
Quanto ao facto de a Ig. da Memória ser MN e ter uma ZEP, teve ser tão irrelevante como foi para muitas obras levadas a cabo tanto em Lisboa como em qualquer outra cidade do país.
Os casos são muitos e não chegam dedos das mãos para os contar...
Portugal, infelizmente, é assim...
A foto de baixo até me faz doer cá dentro. Haja vergonha!
Mas que barbaridade!!!
Alguém sabe quem foi a Exa. que aprovou este projecto?
Concordo com a falta de delicadeza do parque de estacionamento no Largo de Jesus, mas algumas ressalvas têm que ser feitas.
1. A perspectiva da fotografia é a mais desfavorável do local. Qualquer pessoa consegue fotografar qualquer obra para mostrar como foi prejudicial para a envolvente. Este foi claramente o caso.
Aqui fica outra perspectiva do mesmo largo: http://maps.google.pt/maps?f=q&source=s_q&hl=pt-PT&geocode=&q=largo+de+jesus&sll=39.639538,-7.849731&sspn=6.140486,14.743652&ie=UTF8&hq=&hnear=Largo+de+Jesus,+Lisboa&ll=38.71214,-9.150466&spn=0.00015,0.001206&t=h&z=20&layer=c&cbll=38.712159,-9.150614&panoid=3TwmBr5cBc615Igxky41Wg&cbp=12,25.11,,0,-7.24
2. O largo com estacionamento desordenado era bastante pior, incomparavelmente, e qualquer pessoa que ali tenha vivido sabe que é impossível simplesmente retirar o trânsito ou estacionamento daquela área.
Enfim, alguma coisa foi feita. Também concordo que um pouco mais de sensibilidade não fazia mal nenhum.
Quanto ao estacionamento da Igreja da Memória, acho que as coisas têm que estar em cima da mesa para serem discutidas. Moro na Calçada do Galvão e posso assegurar que os carros desse estacionamento espontâneo não estão abandonados, nem foram roubados. Esse tipo de comentários parecem-me aliás retirados de uma coluna de opinião de revista cor-de-rosa cujo autor simplesmente acha "possidónio" alguém conduzir um Renault 5. Pouco abonatório para um blogue que considero bastante útil.
A esta questão podemos ainda juntar o estacionamento que se faz à porta da Igreja, no meio da estrada, que atrapalha bastante mais o trânsito, esse deve ser a razão maior da proposta deste estacionamento subterrâneo. Por isso é que as questões têm que ser discutidas, sem comparações alarmistas com exemplos menos conseguidos, em áreas completamente diferentes. O estacionamento é necessário, se calhar não é subterrâneo, se calhar nem é ali, mas é ali que ele é possível. São os tabus urbanísticos que levam ao caos das cidades, sobretudo numa cidade como esta.
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