28/09/2009

Estado de conservação da Sé de Lisboa é de alerta público

In Público (29/9/2009)

O director do Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico (Igespar), Elísio Summavielle, afirmou que "o estado global da Sé de Lisboa é de alerta público", mas acrescentou que está em curso um plano de recuperação. "Não só o órgão que é importante, mas talvez mais grave é situação do claustro há quase 20 anos, e o estado de abandono a que esteve votado aquele monumento nas últimas duas décadas", disse Summavielle.

O director do Igespar, questionado pela Lusa sobre a situação do órgão daquele templo, que o director do Festival de Órgão Internacional de Lisboa, João Vaz, disse estar a tornar-se "impraticável", afirmou que "se procura financiamento". "A recuperação do órgão da Sé poderá ser feita independentemente do resto dos trabalhos, mas é preciso encontrar financiamento para isso", afirmou Elísio Summavielle.

Relativamente à recuperação da Sé de Lisboa, o director afirmou que "já se está a trabalhar nisso no âmbito da Rota das Catedrais" e "haverá novidades ainda este ano". Summavielle afirmou que foi constituída uma comissão autónoma que integra técnicos do Igespar, do Ministério da Cultura e da Conferência Episcopal Portuguesa, "que está a trabalhar, e haverá novidades antes do final do ano".

"Há um plano de intervenção faseado para recuperar integralmente a Sé de Lisboa, valorizar o claustro, as capelas adjacentes e os vestígios arqueológicos da campanha que aconteceu em finais da década de 1980", adiantou.

"Há que consolidar a igreja, o torreão Sul e também o património integrado onde se inclui o órgão", acrescentou. Adiantando que os órgãos "são património integrado, pois fazem parte da arquitectura do imóvel, e já no passado o Estado assumiu o seu restauro com a concordância da Igreja".

Summavielle afirmou que "o Estado tem um cadastro dos órgãos, pois há um inventário do património e na parte das igrejas está lá também o património integrado". "Temos uma relação dos órgãos das igrejas", enfatizou, mas não enjeitou a possibilidade de algum não estar inventariado.

E explicou que "não está nas atribuições do Igespar, mas seria importante fazer esse inventário dos órgãos antigos". O responsável referiu que o Igespar "veria com bons olhos e daria apoio a um projecto delineado de uma entidade, equipa ou investigador".

A Sé de Lisboa foi mandada erigir por D. Afonso Henriques em 1150, três anos após a conquista da cidade, mas sob alicerces existentes de uma mesquita como revelaram as escavações da década de 1980.

Devemos temer que o súbito ímpeto reformista de Elísio Summavielle para a Sé de Lisboa inclua "ideias modernas" como a de incluir arte contemporânea no Museu do Côa?

2 comentários:

Lesma Morta disse...

Até que enfim que se preocupam com isso. A degradação principalmente das capelas do claustro (que se paga para visitar tal como a charola), está de bradar aos céus. Há anos que urge uma rápida intervenção sendo que a ausencia da mesma já arruinou de vez alguns dos elementos.

FJorge disse...

Isto prova, mais uma vez, que os governos andam com as prioridades todas trocadas. Novo Museu dos Coches!!?? Museu da Lingua!!??

E se fosse apenas a Catedral de Lisboa a estar nesta vergonha...