11/09/2009

Jardim de Santos vai renascer até ao final do ano



In CML (vídeo aqui)

«A ExperimentaDesign 2009 está de regresso a Lisboa e por aqui vai ficar até 8 de Novembro com onze espaços que acolhem um total de 71 eventos. Sob alçada da designer Guta Moura Guedes, organizadora da ExperimentaDesign 2009, este ano o evento é subjacente ao tema It?s About Time.

Respondendo a este mesmo repto e a convite da Câmara Municipal de Lisboa, a ExperimentaDesign vai coordenar um projecto de design total com vista à reabilitação urbana do Jardim de Santos. Esta intervenção pretende converter o jardim num espaço multifuncional e em sintonia com as novas exigências e desafios do quotidiano contemporâneo, concretizando em pleno o potencial das suas características físicas e localização privilegiada.

Na inauguração formal da bienal, que teve lugar no dia 9 de Setembro, o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, António Costa, presente na ocasião, referiu o grande contraste que havia naquela zona degradada do jardim com a realidade da marca Santos Design District e a "ideia do vereador Sá Fernandes foi precisamente essa, a de aproveitar a ExperimentaDesign para transformarmos este jardim e ser mais um símbolo desta marca do Santos Design District". "E é no fundo uma forma de a Câmara, que até agora tão pouco apoiou a dinâmica comercial desta zona, poder construir para a valorizar" referiu o autarca.

Esta iniciativa insere-se num conjunto de intervenções na frente ribeirinha que estão programadas ou em curso, desde a requalificação do Terreiro do Paço e da Ribeira da Naus, aos planos para a Boavista nascente e poente, o plano de urbanização de Alcântara e, no fundo, dar um seguimento em toda a linha ribeirinha da cidade de Lisboa que é a área da cidade que mais nos distingue de qualquer outra cidade do mundo.

António Costa sublinhou também a importância deste evento como que "traduz o espírito com que a Experimenta está na cidade de Lisboa, de não ser simplesmente um evento efémero mas que pretende deixar uma marca na cidade. E esta iniciativa da Experimenta deixará, pelos menos, duas marcas na cidade: este jardim e uma ponte para ligar duas vias cicláveis por cima da 2º circular", conclui.

Na inauguração formal da bienal, bem como a celebração dos seus 10 anos de existência, a directora da ExperimentaDesign, explicou que toda esta temática tinha ganho um sentido acrescido, pois foi para "nós claro que seria o momento ideal para que a bienal ExperimentaDesign começasse a utilizar o design e arquitectura para criarem um legado para a cidade, para os cidadãos e para as pessoas que vivem ou que passem por Lisboa." Guta Moura Guedes confidenciou as diversas trocas de impressões que teve desde 2008, com o vereador dos Espaços Verdes, José Sá Fernandes, sobre a possível intervenção urbanística no Jardim de Santos, e foi decidido criar uma equipa
pluridisciplinar de criadores (João Gomes da Silva, Fernando Brízio, o atelier Pedrita, Rui Gato, José Álvaro Correia e António Silveira Gomes) para pensar o que seria este novo jardim para o século XXI. Os projectos estão neste momento em fase de aprovação final na CML e foram neste apresentados a todos os que assistiram à cerimónia.

A responsável pela ExperimentaDesign sublinhou a irreverência da proposta que fez na altura ao vereador José Sá Fernandes, que consistia "não só que a equipa faria todo o redesenho deste projecto, oferendo à Câmara e oferecendo a Lisboa, como também iríamos ficar encarregues por conseguir a sua viabilização financeira", confessou orgulhosa de ter conseguido este feito. "Por isso, se hoje se inaugura a Experimenta, se vão ser cinco dias onde vão ser apresentados 71 projectos que vão invadir Lisboa, todos têm um significado especial e um sentido especial, mas este, sem dúvida tem para nós um sentido muito mas muito especial e vai de encontro à ideia que temos e que queremos deixar cada vez mais claro, que o design é algo que deve ser discutido, debatido e reflectido mas que é algo que acima de tudo serve para tornar a vida das pessoas mais fácil, mais simples, melhor e mais agradável",
concluiu a directora da mostra.

Única mancha verde numa área de densa malha urbana, o Jardim de Santos é um local de frequência regular ou ocasional. A Experimenta propõe convertê-lo num espaço público centrado no utilizador e em sintonia com os novos hábitos de vida urbana. Em plena freguesia de Santos-o-Velho, o jardim de Santos insere-se hoje numa zona de crescente importância estratégica da cidade, quer pela intensa circulação de pessoas e veículos, quer pelos novos impulsos socioeconómicos que aí convergem. Uma das artérias principais de tráfego que acompanha a frente Tejo, a Avenida 24 de Julho é um animado centro de vida nocturna cujos bares e restaurantes atraem largas centenas de frequentadores.

Por outro lado, circundam o Jardim várias instituições culturais de relevo, responsáveis por um afluxo de visitantes estrangeiros e nacionais: o Museu Nacional de Arte Antiga, o Museu da Marioneta, o Teatro A Barraca e a Fundação e Museu das Comunicações.

Mais recentemente, a freguesia beneficiou de uma iniciativa revitalizadora promovida por agentes económicos locais, em articulação com parceiros estratégicos e instâncias oficiais. O Santos Design District tem por objectivo insuflar um novo fôlego à zona, consolidando a presença e fixação em Santos de actividades ligadas ao design e à cultura de projecto. Reunindo inúmeras lojas de prestigiadas marcas e criadores, escolas superiores nas áreas do design e artes, oferta gastronómica e de lazer, o Santos Design District visa valorizar a zona e convertê-la um novo pólo de atracção turística. Não obstante estar no epicentro desta zona, o Jardim permanece adormecido, um mero local de passagem ou paragem ocasional.

A requalificação do Jardim de Santos é um projecto multidisciplinar que integrará o programa da 5ª edição da ExperimentaDesign em Lisboa, fazendo eco de um dos seus objectivos: construir um legado para a cidade e os seus habitantes.»

...

Pelos vistos, e lidos, falou-se de tudo nesta cerimónia até da 2ª Circular, do que é um jardim romântico, intimista, de finais do séc.XIX, é ninguém falou. E nem sequer o DJ começou a debitar decibéis.

20 comentários:

Anónimo disse...

Já me tinha apercebido que começaram já a estragar o jardim, com aqueles horrorosos objectos publicitários, que lá ficam horrorosamente, mesmo antes de se iniciar a idiotice dos sons e luzes e casas metálicas empoleiradas em árvores.

Aquela gente não merece respeito porque não se dá ao respeito nem respeita o jardim.

Arq. Luís Marques da silva disse...

Mas porque não se dedicam estes senhores a fazerem experimentações nos locais apropriados da cidade, como zonas de cariz moderno?
Porque têm que vir para aqui, para as zonas românticas, fazer as suas experiências?
Será porque estas zonas, são aquelas que já têm carisma próprio e que não precisam de ninguém para alcançar categorias superiores, ao contrário dos "artistas", que precisam delas como de pão para a boca, para se sobreelevarem e atingirem os píncaros da fama?
Como alguém disse e muito bem, é mais um caso em que "para renascer é preciso morrer"...

Miguel Drummond de Castro disse...

No texto acima releva a palavra "marca"- essa palavra que se tornou um mantra embriagou o presidente da CM tal como embriagou a designer-chefe. Marca. marca, marca.

Vão marcar as árvores, com gravações mas o eufemismo é "sinalética."

Vão fazer "inscrições nas árvores" outro eufemismo para gravar na árvore (como as dos namorados apressa-se a acrescentar com colheradas de água de rosas e mel, a jornalista Prado Coelho, ou seja tipo Tó love Marisa ou Sandra love Quim, grandes exemplos de poesia lírico-trovadoresca contemporânea)

O jardim vai passar a ser uma marca. Sá fernandes dixit.

Há marca a mais, parece-me. Há claramente uma marcação hipermaníaca de território. Aquele jardim já tinha a felicidade de ser marcado pelas mijas colectivas da contemporânea e moderna juventude, agora além disso, que não vai acabar, vai ter marcas sonoras e luminosas e sinaléticas dos designers, dos autarcas e tutti quanti.


A nível conceptual, no texto acima repare-se no emoprego da ideologia já arqui-gasta do funcionalismo no design e na arquitectura: a do multi-funcionalismo.

Portanto, temos a passagem, a renovação , a reabilitação, a metamorfose de um jardim para o que se crê candidamente serem "novos tempos": Um jardim multi-funcional, e repare-se na linguagem platónica e compulsivamente pseudo-conceptual que se segue " em sintonia com as novas exigências do quotidiano contemporâneo"

Ora, na verdade, a realidade quotidiana daquela zona é um bando de imaturos mijionários nocturnos, atracados a copos de plástico com cerveja, que aos uivos, de noite, percorre o bairro inteiro.

O multi-fucional parece-me ser, de facto, tendencialmente multi-miccional.

O autarca diz ainda que isto é "um modo da Câmara que até agora tão pouco apoiou a dinâmica comercial desta zona, poder construir para a valorizar"

Falácia pura, porque o que valorizava aquela zona era a presença de um jardim romântico, o Museu das Janelas Verdes, a Embaixada de França, a Igreja de santos, a York House, e tantas mais coisas. E na realidade, a dinâmica comercial daquela zona, à noite, é a venda de alcool.

De facto as palavras proferidas pela autarquia e pelos designers são preciosos, além da linguagem arrebicada e vazia, novilíngua pura, são uma colecção de novos ditos do Bouvardismo e Pécuchetismo levados ao extremo.

Para acabar, se querem fazer um jardim em que propõe uma ideia para o séc. XXI façam-mo de raíz, em vez de parasitar um Jardim com nobreza, personalidade. carismaa e memória.

Em qualquer outra capital verdadeiramente cosmopolita este jardim seria preservado, com ligeiras renovações a nível dos pavimentos , por exemplo. E gradeado à roda, para evitar a entrada de hordas miccionárias à noite.

Anónimo disse...

Há "duas vias cicláveis por cima da 2º circular"?

Tem piada, nunca reparei.

Para ligar duas vias cicláveis por cima da segunda circular, realmente, só um grande atelier de design. Aposto que será uma ponte multifuncional, com iluminação às pintinhas, som sensurround, acesso WiFi, écrans tácteis, bancos onde se sinta a vibração dos carros a circular, coisas assim giríssimas.

Não percebo é como não encarregam esta troupe de conceber a TTT.

Anónimo disse...

Aqueles mupis todos derrubados é que era uma coisa bem feita.

Irra, que não há pachorra! disse...

"It's About Time"

Sim, senhor grande desarrincanço!

Aposto que em nova Iorque, em Londres, sei lá, cidades assim, eles subordinam eventos ao tema «Tá na hora!».

Tá na hora de mandar esses designers passear.

Miguel_lx disse...

só uma simples pergunta: alguma das pessoas que aqui comenta e destila a sua verborreia frequenta o jardim de Santos?
Preferem que se mantenha inalterado, romântico, virgem, casto e pura e simplesmente não frequentado.
De facto é uma perspectiva útil, dinamizadora, vamos manter um biblot que não utilizamos porque sim... para podermos nas nossas casinhas escrevermos manifestos em defesa dos biblots que não utilizamos.
podem existir inúmeras coisas incongruentes neste projecto, mas ao menos existe uma ideia. já não é pouco para um espaço moribundo cujo romantismo de nada lhe vale.

Lástima! disse...

Lástima: o Costa devia ter levado o burro.

O animal, decerto, apreciaria a iniciativa.

Anónimo disse...

Aquele guarda-chuva cujo cabo se vê junto ao Costa é design, não é?

Bom... se não é, pois devia ser.

Sugiro mesmo que a CML faça uma encomenda de guarda-chuvas design àquela mademoiselle, para os distribuir, em vez das chaves da cidade, às altas individualidades que visitarem os Paços do COncelho.


E notem que isto é uma medida que sugiro de forma absolutamente construtiva e gratuita.

Susana Neves disse...

Ficámos, portanto, a saber que o Jardim Histórico com árvores classificadas vai ser modificado para se transformar num "símbolo desta marca do Santos Design District".
Um Jardim com estas características reduzido a uma marca de um conjunto de lojas que se instalaram numa rua?
É chocante. E porque não o contrário?
Uma marca que se torna símbolo de um Jardim?
E porque não a marca ser reconhecida por preservar um Jardim Histórico?
Porque o privilégio não é do Jardim estar na área do Design District mas o contrário.
«Invadir», «marcar» e tudo para bem das pessoas. Muito interessante esta linguagem colonialista de invasão. Realmente se todos decidirmos marcar e deixar marcas será uma desgraça.
Não desmerecia ao Design District saber conviver com um espaço histórico sem lhe tocar, isso é que era cosmopolita e aristocrata.

Susana Neves disse...

Quando um Jardim Histórico precisa de reabilitação procuram-se especialistas e analisa-se cuidadosa e demoradamente os seus projectos.
Para que o espírito do lugar seja preservado.
Assim o que temos é a cedência de uma montra ao ar livre, ou melhor dito, um espaço público, usado para beneficio de algumas pessoas, satisfazendo o gosto de um pequeno grupo.

Susana Neves disse...

Caro Miguel_lx:

Agradecemos o seu comentário e para o retirar dessa suspeita de que não há frequentadores do Jardim de Santos entre os comentadores fica informado que está enganado.

Mais, o Jardim de Santos não é um "biblot" que temos porque sim. Só porque não é invadido todos os dias por uma multidão reconhecível aos seus olhos não quer dizer que não seja visitado discretamente ao longo de todo o dia.

Se seguissemos o seu ponto de vista, não haveria lugar no Planeta "virgem" e "puro", era tudo para arrasar, modificar e ter ideias.

O ser humano é demasiado nada por isso é que desenvolve este tipo de pretensões de marcar tudo, na vã aspiraçao a ser alguém, e conquistar a imortalidade.

Quantos às ideias: antes de se ter a boa ideia, a grande ideia, a ideia certa para o lugar certo é preciso ter a coragem e a honestidade de mandar para o lixo muitas más ideias, preconceitos, e manifestações de ego.

Como já foi dito várias vezes, as ideias propostas (pouco originais) têm relativo interesse (nenhum interesse a absurda marcação das árvores!) mas é para realizar noutro sítio; onde não se desrespeita a lei que protege as árvores classificadas.

Para um designer é uma grande falha não respeitar o que está protegido numa cidade, não fica bem a ninguém esse tipo de comportamento, e fica por certo muito mal no currículo.

Desculpem lá disse...

Que é um biblot?

Anónimo disse...

Eu acho que bastaria a CML fazer o seu trabalho: arranjar os pavimentos, manter o mobiliario urbano de epoca em bom estado, assegurar a limpeza, eventualmente replantar algumas plantas,licenciar um quiosque c/esplanada, construir um WC e cercar o jardim para que esteja fechado de noite (a exemplo do jardim da Estrela).Como a CML nao tem capacidade nem visao para exercer as suas competencias, atribui a privados o direito de adulterar, de "modernizar", enfim, de estragar um jardim historico, contra a vontade de muitos e a favor de um pseudo-modernismo elitista e arrogante.Nao me interpretem mal, eu tambem gosto de design, mas nao naquele jardim.

TF disse...

Estes senhores que aqui vêm criticar amargamente esta proposta de revitalização do jardim, aqui e ali transparecendo alguns tiques de inveja (é natural), são os grandes frequentadores deste jardim abandonado. Quando passamos por fora do jardim porque o mesmo não inspira confiança à noite, ou quando vemos uns vultos sinistros (frequentemente longamente barbudos e acompanhados por variados sacos de plástico e mantas) atrás de uns canteiros "românticos", agora já sabemos: São estes senhores! São mesmo eles!

Ai-a-Tola disse...

Este projecto é o fim da picada!
Quando não se sabe apreciar ao ponto de valorizar, o mínimo seria proteger. É o que compete à CML fazer, restaurar o Jardim Romântico de Santos! Deus nos livre destes designers que à falta de protagonismo sério não têm o menor peso na consciência em estropiar um jardim ao sabor do seu ego. Todos sabemos porque todos observamos que o design actual é altamente perecível, especialmente num país como o nosso onde manutenção é um substantivo desconhecido pelos analfabetos políticos e governantes. Quantas vezes construções de design com luzes e movimentos não se transformam em amontoados de ferro velho por falta de manutenção. E quantos casos há de arranjos de ruas e praças que pura e simplesmente foram rejeitadas pelos cidadãos porque o Sr Arq. ou Designer esqueceu que havia sol, ou vento, ou falta de conforto visual para a sua obra - linda no papel - também ser linda na prática. Veja-se o caso, entre muitos, da praça em frente ao Governo Civil de Aveiro. E responsabilidades por estes erros mais que previsíveis! Quem as assume? Esta Sr.ª Pinto Coelho não é a tal que remodelou o Palácio de Belém? Já viram bem o revestimento de parede da antiga Sala Dourada! Algo prateado que na televisão parece papel de parede barato e dá a sensação que é uma sala do governo no Egipto, ou outro país árabe. E pérolas como esta abundam no palácio depois da renovação. Valha-nos Deus!

Smsych disse...

O TF é uma pessoa muito esclarecida!

Como, na sua opinião, o jardim está abandonado, revitaliza-se com uma parafernália de inutilidades modernaças sem nenhuma relação com o dito jardim e está o caso resolvido!

E quem criticar, leva tau-tau.

Lesma Morta disse...

De facto e sem querer entrar em questoes de especialidade vejo que um jardim romantico, de época, pode e deve ser mantido na sua traça mesmo com "os bibelots" que não usamos. A isto chama-se preservar.

Anónimo disse...

estou abismado com a sagrada fome de reputação do antónio costa , ou sá fernandes , ou o contrário , não interessa aqui e essa coisa aberrante que é o Designer ... Estão à porta eleições , e o futuro líder do ps , e não presidente da câmara porque abandonará , esse esnhor dizia eu não tem chavo , e tudo lhe parece moderno , interessante , susceptível de intervençao por parte de idiotas só com ideias desconchavadas !
Haja um arquitecto decente , deve haver ou não que diga alguma coisa !
Não vale tudo !
Ah , a sagrada fome de reputação ! BastA!
O jardim não precisa de essas merdas todas !
Não haverá uma coisa mais digna !
Esses senhores precisam é de Espectáculo !

Colibri disse...

O jardim de Santos foi doado a uma ideia de um determinado grupo. Neste caso de designers. Os políticos têm-se divertido: Sá Fernandes está entusiasmado e o António Costa quer lá saber: "É o jardim de Sá. Ai! Não! É o Jardim de Santos." Valha-nos o bom senso e a nossa crónica falta de dinheiro, e a maioria do que ali é proposto criar não será concretizado.
Lendo a dita proposta, fico com um nó no estómago: é tanta a tralha que ali querem introduzir, construir, desenhar que no final se esqueçem de que estão ali para recuperar um jardim público, romântico e não aproveitarem-se dele para construir uma montra de vaidades de alguns, neste caso de alguns designers, amigos e políticos.
O jardim de Santos tem estado votado à eterna falta de estima e de investimento, nos jardins de Lisboa pelos responsáveis da CML.
É um jardim histórico, romântico, inserido num bairro histórico de Lisboa que precisa de ser requalificado. Identificar as debilidades físicas (pavimentos, iluminação pública, plantas, etc., falta de um quiosque esplanada e WC's), respeitar o seu espírito romântico, seleccionar mobiliário urbano de época, e com o propósito de satisafzer o eventual público alargado do jardim e não só os designers do bairro, centrar na simplicidade a intervenção. Eleger uma peça, por ex. um quiosque de desenho contemporâneo que marque o projecto de recuperação do Jardim de Santos.
Mas, por favor: o som é o dos pássaros, do vento por entre as folhas das árvores, da água que minimize o ruído da rua. A luz é a do sol e a iluminação pública necessária à segurança.
Respeitem o jardim histórico de Santos e senhores, honrem todos os lisboetas e amantes da natureza.