26/11/2010

Lódãos e miradouro na Estação Sul e Sueste

In Público (26/11/2010)
Por Ana Henriques

«Projecto de Bruno Soares prevê redução da circulação automóvel a duas faixas de rodagem. António Costa diz que preferia uma requalificação "menos austera" nalguns aspectos

Uma Avenida Infante D. Henrique transformada numa alameda com lódãos junto ao Terreiro do Paço, em Lisboa, e um miradouro para o rio ao lado da Estação Fluvial Sul e Sueste são alguns dos planos de requalificação da frente ribeirinha apresentados anteontem à autarquia da capital pela Sociedade Frente Tejo.

O que os responsáveis por esta sociedade de capitais públicos não souberam dizer aos autarcas foi quando arranca a obra. Remeteram a questão para o Metropolitano de Lisboa, empresa que lançará e pagará esta empreitada. Contactada pelo PÚBLICO, a transportadora alegou que o administrador com este pelouro se encontrava em reunião. O Metropolitano está também a proceder à reabilitação da estação fluvial segundo o projecto original de Cotinelli Telmo e à sua ligação ao metro, uma obra que a Transtejo diz que só ficará concluída em Junho de 2012.

O estudo prévio de arranjo do espaço público em redor do terminal dos barcos foi desenvolvido por Bruno Soares - o arquitecto responsável pela requalificação do Terreiro do Paço -, e por Luís Gonçalves. Inclui a criação de um interface de transportes naquele local, uma opção que a vereadora Mafalda Magalhães de Barros, do PSD, criticou: "Acho a instalação de um terminal de autocarros pouco consentânea com a proximidade de um monumento nacional, o Terreiro do Paço". "Será um local para paragem e não para parqueamento de autocarros", assegurou porém o vereador da Mobilidade, Nunes da Silva.

Outro aspecto fundamental do projecto é a redução da circulação automóvel a duas faixas de rodagem. "Aqui, o peão vai estar protegido", referiu o mesmo autarca. Já para o seu colega de vereação José Sá Fernandes, o ideal era cortar toda a circulação automóvel neste troço da frente ribeirinha. A proposta de Bruno Soares também não escapou aos reparos do presidente da câmara, António Costa: "Cobrir toda a zona com um manto de calçada não me parece o mais interessante, com toda a luminosidade que aqui existe".

O líder da autarquia expressou o desejo de que a requalificação assumisse um aspecto "menos austero" do que aquele que surge nas imagens tridimensionais apresentadas pela Frente Tejo - que, numa fase posterior, também se encarregará da remodelação do Campo das Cebolas. Já os serviços camarários de ambiente urbano emitiram um parecer favorável ao trabalho de Bruno Soares e Luís Gonçalves.

O miradouro virado ao rio e ao Terreiro do Paço que desenharam funcionará como um anfiteatro junto ao Cais das Colunas. "O equipamento urbano reforçará o carácter de zona de lazer, com introdução de um quiosque e respectiva esplanada", refere a proposta camarária para a aprovação do projecto. Quanto à alameda de lódãos ao longo do edifício do Ministério das Finanças, "pretende funcionar como elemento de transição para o interface de transportes", que, além dos barcos e autocarros, inclui o metropolitano. "Trata-se de uma boa solução para esta área", elogiou o social-democrata Victor Gonçalves. "Gosto do projecto", corroborou Sá Fernandes. "A minha grande preocupação é: quando é que isto começa?" "Eu também gostava de não ter aqui, nem no Cais do Sodré, interfaces de transportes", declarou por seu turno Manuel Salgado, arquitecto e vereador do Urbanismo. "Mas não é possível. Talvez daqui a 20 anos...". Salgado anunciou que vai ser lançado um concurso de ideias para aproveitamento da desactivada Doca da Marinha, uma zona de frente de rio situada logo a seguir à estação fluvial, no caminho para Santa Apolónia. A ideia é tornar o local acessível ao público, uma vez que, há muito, serve quase exclusivamente para estacionamento de carros da Marinha.

Ainda em fase de lançamento de concursos está igualmente a ocupação das arcadas do Terreiro do Paço com comércio e esplanadas. A operação de urbanismo comercial já devia ter sido concluída, mas está atrasada.»

1 comentário:

Anónimo disse...

Boa! Se ainda não se sabe quando arranca a obra, muito menos se fará a mais pequena ideia de quando estará concluida.

E acabar com interfaces de transportes, mesmo que daqui a 20 anos, como é que se fará? Os barcos vão passar a ter rodas ou os autocarros hélices? E os comboios, terão velas?