21/10/2011

ASSIM NÃO !!!!! ... por António Sérgio Rosa de Carvalho


A primeira imagem, obtida por mim quando o projecto estava concluído, representa uma das poucas intervenções decentes na Baixa Pombalina no que respeita uma fachada … Trata-se, se não estou em erro, de um Projecto da EPUL executado segundo “a receita” das Unidades de Projecto … que aliás são as únicas que se “aproximam”de um conceito de “Restauro”…
Agora … vejam só … !?! … o que aconteceu entretanto ... à tipologia das janelas !! Enquanto na primeira intervenção se utilizaram - muito acertadamente e louvávelmente – janelas de "guilhotina" em madeira, inseridas em molduras, neste caso em vermelho-‘bordeaux’… de repente as mesmas aparecem “corrigidas”por PVC / Alumínio e onde as molduras … simplesmente desapareceram !!
Custou-me a acreditar … a mim próprio … quando verifiquei isto ...( !!?? ) e daí ter de imediato feito mais uma imagem da parte superior do edifício onde as guilhotinas e respectivas molduras estão visivelmente intactas …
De resto, as imagens da Google não mentem … e foram também obtidas antes … tal como a primeira imagem …
Deixo-vos, de resto, algumas imagens de raros exemplos correctos de Intervenções em Lisboa … respectivamente …Travessa do Terreiro do Trigo Alfama; Largo/ Rua de Santo António da Sé / Rua da Padaria Lisboa e Rua Da Madalena Lisboa.
Por fim ... para nos ajudar a meditar sobre as afirmações do vereador Manuel Salgado … que continua a dizer públicamente que a Baixa – Candidatura a Património Mundial ainda está vigente ( Monty Python ? ) … algumas imagens de Guimarães e do Porto-Barredo-Ribeira … ( além de dois "teasers" do Brasil : Ouro Preto e Olinda )

Rua Nova do Carvalho 43-49

ANTES


DEPOIS !! Qual é a coerência de tudo isto ?!? Monty Python ?!?





Travessa do Terreiro do Trigo Alfama



Largo/ Rua de Santo António da Sé / Rua da Padaria Lisboa






Rua Da Madalena Lisboa





OURO PRETO Brasil



OLINDA Brasil



GUIMARÃES




PORTO Barredo




10 comentários:

Julio Amorim disse...

Essa candidatura a que Manuel Salgado se refere não será para a "International Laughter Tour"?

Os "olhos" de Lisboa continuam a ser falsificados aos milhares....a cambada de incompetentes assobia para o lado como se nada fosse com eles.

Anónimo disse...

Bem, nem 8 nem 80. Insistir em janelas de guilhotina, nos dias que correm, não lembra ao careca.

Jorge Pinto disse...

As janelas de guilhotina são bem bonitas e práticas. Se não lembram ao careca é porque é mesmo um careca, sem ofensa para os que o são fisicamente.

Anónimo disse...

São muito práticas quaando não se abrem nem se fecham e ficam sempre na mesma, lá isso é verdade.

E quando caem em cima do pescoço de uma pessoa, então, são porreiras.

Anónimo disse...

por acaso esse edifício que colocou da R. Nova do Carvalho é tido como um caso exemplar de reabilitação urbana em Portugal, até existem livros só sobre ele.

Anónimo disse...

Totalmente de acordo. É necessário existir um padrão, regras, que tornem uma cidade mais homogénea que tornem o centro histórico ainda mais bonito. Deveria-se respeitar tradições.

Anónimo disse...

Não estou a perceber, fizeram a tal intervenção correta, o prédio já tem moradores e agora trocaram?

Bem, se for isso deve ter sido a pedido dos moradores, e se foi também não é descabido As janelas em guilhotina são menos práticas, realmente. Acho que a melhor solução teria sido colocar janelas em madeira, mantendo os "quadradinhos" e o rebordo vermelho. Assim só se alterava de facto a questão prática...

Esse edificio da Rua de Santo António da Sé ganhou muito com essas janelas, faz-me lembrar os edifícios galegos, que adoro.

João Appleton disse...

Só algumas correcções em relação ao 'artigo' e aos comentários:
1. O promotor do edifício começou por ser a EPUL mas durante a obra já pertencia à SRU da Baixa que posteriormente o vendeu;
2. A caixilharia de guilhotina não era nova. Era a caixilharia original do Séc. XVIII e tinha uma qualidade excepcional pois chegou aos nossos dias em condições de ser recuperada. Pelo interior, e por questões de acústica, a caixilharia foi duplicada com outra caixilharia de madeira, essa sim nova, equipada com molas encomendadas especificamente para facilitar a manobra;
3. Considero que não foi seguida a cartilha das unidades de projecto até porque a opção por restaurar a caixilharia partiu da avaliação e posterior decisão dos projectistas. Tratou-se sim de uma reabilitação, feita com grande empenho de todos os intervenientes - projectistas, dono de obra e empreiteiro;
4. Por tudo parece-me especialmente grave a forma como os novos proprietários fizeram a alteração (licenciaram-na?) - que eu saiba, era um dos poucos edifícios da baixa que conservava a caixilharia original;
5. Quando soubemos da alteração, enviámos um mail para a CML, mas não sabemos com que resultado;
6. O edifício é da autoria da Appleton e Domingos e para quem tiver interesse em perceber o processo de reabilitação e especificamente os pormenores da caixilharia poderá consultá-los no livro 'Biografia de um Pombalino'.

Unknown disse...

Parabéns pelo artigo António Sérgio Rosa de Carvalho. É urgente a criação de legislação que proteja as janelas e que promova a sua recuperação.

Anónimo disse...

Sinceramente a minha paciência está a chegar ao limite em relação às reabilitação urbana. Já trabalhei numa Câmara nesse campo e via a toda a hora asneiras a serem feitas. O uso abusivo de cimento e pvc tira-me do sério.
Em alfama são muitos os casos de reabilitações supostamente conceituadas. Eu diria "descaracterizações" e não reabilitações.
Os pormenores definem a diferença entre culturas. Lisboa tem pormenores fantásticos que estão a desaparecer. Lisboa não tem que ter uma aparência polida, ela tem uma alma típica de cidade antiga. Algo que em muitos países da Europa já se perdeu ao alterar janelas e "polir" fachadas de edifícios.
Espero que não tenha sido culpa do João Appleton pois ja assisti e algumas apresentações dele e tenho um livro dele.
Quando vejo estas imagens a minha vontade é tentar descobrir o idiota que permitiu isto acontecer