In Diário Económico/Imobiliário (19/10/2011)
Por Miguel Bacalhau
«Os recentes dados sobre a necessidade de desalavancagem e de reforço dos rácios de capital do sector bancário, por um lado, e a necessidade de que este processo decorra sem prejuízo do financiamento da economia, por outro, fazem diminuir as (poucas) certezas quanto à data em que entraremos em fase de crescimento económico.
Ao analisar alguns indicadores estatísticos relevantes observa-se, por exemplo, que o valor médio global de avaliação bancária de habitação no último ano desceu 4% e situou-se em 1.144 €/m2 em Julho deste ano. Por outro lado, ainda segundo dados divulgados pelo INE, a taxa de juro implícita no conjunto dos contratos de crédito à habitação fixou-se em Agosto nos 2,523%, tendo vindo a registar uma tendência crescente desde Julho de 2010.
Está-se perante uma conjuntura em que a banca dispõe de menos dinheiro, para financiar a economia, e o pouco que existe é objecto de taxas de juro mais elevadas. As medidas de austeridade que Portugal está a implementar, as quais originam directa e indirectamente uma redução do rendimento disponível das famílias, parecem ainda poder vir a agravar-se no próximo ano. Esta conjuntura poderá, contudo, ser interessante para dinamizar o mercado de arrendamento habitacional, o qual está ainda longe da desejável consolidação. Na verdade, o expectável aumento da procura no mercado de arrendamento habitacional, motivado pelos sucessivos desincentivos que incidem sobre a modalidade de aquisição, irá certamente constituir-se como um dos principais motores do arranque da reabilitação urbana.
Muito do nosso património imobiliário carece urgentemente de ser reabilitado e poderá vir a ser colocado ao serviço da população, designadamente por via do mercado de arrendamento. A verdadeira reabilitação urbana é uma necessidade premente e devia ser classificada como de "interesse nacional".
Através dela serão criadas condições para dinamizar as indústrias da construção civil e dos materiais de construção, e para reduzir o elevado desemprego existente no sector, contribuindo de modo significativo para o nosso processo de crescimento económico. Bom seria que o programa de apoio financeiro à reabilitação, através do fundo JESSICA, pudesse constituir o impulso que tem faltado.
Director do departamento de avaliações Aguirre Newman»
19/10/2011
A reabilitação urbana como factor de crescimento da economia
Etiquetas:
crise financeira,
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