12/11/2007

6 perguntas a ...

In Diário de Notícias (10)

«6 perguntas a ... João Dias (professor no Instituto Superior Técnico): Velocidade máxima nas zonas residenciais deveria ser de 30 km


O ensino da condução em Portugal está preparado para formar os condutores tendo em conta vias cada vez mais rápidas e a inovação tecnológica das viaturas?

Obviamente que o ensino da condução tem de ser melhorado. É preciso ensinar como se trava um veículo com ABS, o que faz o ABS, o controlo de estabilidade, em termos de segurança passiva, por exemplo, as limitações de um condutor ir mais depressa e se um pequeno aumento de velocidade pode anular as superiores características do automóvel. Mas não é o problema maior. Os jovens, quando tiram a carta e a aprendizagem está fresca, não têm muitos acidentes, nem graves. Passados três anos, estes disparam. E isso é uma questão cultural.

A prática cria maus hábitos?

Um jovem aprende que numa localidade não deve ultrapassar os 50 km/h, mas quando ele vai a esta velocidade e é ultrapassado por outros veículos, a regra é rapidamente esquecida. Agora, se se explicar ao aluno porque deve circular a 50 km/h e quais são as consequências de atropelar um peão a esta velocidade ou a 100 km/h é bem mais importante.

Quais são hoje os principais problemas da sinistralidade urbana?

Em Lisboa, o problema maior é a sinistralidade pedonal e a seguir a dos veículos de duas rodas. Lisboa é uma cidade cosmopolita. Há uma grande circulação de peões e, aliada a isso, a indisciplina destes, que atravessam em qualquer lado, com o vermelho e fora dos locais apropriados. Por outro lado, temos também a velocidade dos veículos dentro das localidades. E há que a actuar nestes dois níveis.

Como?

Sou defensor do limite de 30 km/h dentro da cidade e em zonas residenciais, naquelas vias que não são de circulação de tráfego. Isso permitiria reduzir drasticamente o risco. Mas tem de haver mais fiscalização. Porque uma coisa é haver um limite outra é respeitá-lo. A solução tem que ir pelas vias da penalização e da educação. Só uma não chega.

Quando se fala das estradas da morte fala-se das condições da via ou do comportamento humano?

A designação surge pelo facto de ocorrerem muitos acidentes com vítimas mortais. É claro que há defeitos na construção dessas vias, mas obviamente que, quando o condutor abusa e vai para os limites da estrada, estas tornam-se perigosas.

Como é que as leis da física são um apoio à investigação dos acidentes mais graves.

As leis da física estão na base da determinação das condições em que ocorrem os acidentes. São elas que me dão informação sobre se um peão atravessou na passadeira, através da forma como foi projectado e das lesões com que ficou. E isso é muito importante. As pessoas costumam dizer que há só uma maneira de ser apanhado em excesso de velocidade: por um radar da polícia. Eu digo que há outra: através da física. Se o veículo vai a determinada velocidade, tem determinada energia cinética e esta é dissipada de várias maneiras, por rastos de travagem, por exemplo, quando se envolve num acidente.»

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