04/04/2008

O grande erro!

A nova ponte entre Chelas e o Barreiro será também rodoviária. Um eufemismo para dizer que a nova ponte significará um volume de cerca de 70.000 novas viaturas diariamente dentro da cidade. Como pode ser esta uma boa decisão?!

Quando em todo o mundo se restringe a entrada de carros para o centro das cidades, em Lisboa promove-se a entrada de mais automóveis para o coração da cidade.

Quando noutras cidades se tenta reduzir o volume de emissões de poluentes para o ar, em Lisboa promove-se a poluição.

Enquanto noutras cidades se promove a prioridade para os peões, em Lisboa defende-se a primazia para os automóveis.

O que é proposto na amarração da ponte Chelas – Barreiro em Lisboa é contrário às regras utilizadas no planeamento de transportes e infra-estruturas rodoviárias. As ligações rodoviárias de carácter regional ou nacional devem amarrar a vias regionais ou nacionais. É isso que sucede com a Ponte de 25 de Abril e com a Ponte de Vasco da Gama. Neste caso, o que se apresenta é a ligação da nova ponte ao centro de Chelas, "despejando" o trânsito directamente em vias de características urbanas como a Segunda Circular, Av. do Marechal Gomes da Costa e rotunda do Relógio, Avenida dos EUA e Entrecampos ou rotunda das Olaias.

A decisão sobre a nova travessia do Tejo é um grande erro. Um erro que Lisboa e os lisboetas vão pagar muito caro!


António Prôa

16 comentários:

Anónimo disse...

Nem mais caro António.

Vemos, mais uma vez, uma decisão ser tomada por encomenda, sem se preocuparem com a discussão pública nem com a opinião de vários agentes locais.

Um andar para trás que só degradará a vida dos lisboetas.

Miguel Carvalho disse...

Obviamente que subscrevo.

Não posso deixar de notar que o enfoque tanto do debate como das notícias ontem, era onde ia ser a ponte, e não O QUE ia ser a ponte.
Parece que a componente rodoviária era "self-evident".

Anónimo disse...

Quando é que vamos acabar com o elitismo centro-lisboeta e compreender que toda a Área Metropolitana de Lisboa representa uma mancha habitacional contínua e indivisível, e que as pessoas que moram de um lado de uma fronteireca qualquer arbitrária desenhada no séc. XIX têm todo o direito de se movimentar para o que é, essencialmente, apenas o outro lado de uma qualquer rua de um bairro?
Vão ao Google Maps, modo Satélite, desliguem os nomes e as estradas. Lisboa não acaba na fronteira do concelho. Não há nenhum critério lógico segundo o qual se possa delinear claramente uma fronteira.
Todo o espaço urbano se prolonga continuamente até aos "bairros" de Cascais, Mafra, Sintra, e Vila Franca de Xira. Quem conhece minimamente a história de Lisboa sabe que os bairros da periferia do concelho (Ameixoeira, Benfica, etc.) começaram por ser aldeias completamente independentes e muito distantes daquilo que era então a cidade.
Está na hora de desfazermos estas barreiras parvas antiquadas e acelerarmos o processo de integração e gestão comum da Grande Lisboa... aliás... já tarda.
Não podemos contrariar as tendências. Temos de acompanhá-las.
Afinal de contas, "Lisboa" é uma cidade minúscula com uns 500,000 habitantes, e mesmo a Grande Lisboa só tem uns escassos 2 milhões.

Anónimo disse...

E os Vereadores do PSD que pensam disto ?

Os autarcas da AML ?

E as Juntas ?

Com um bocado de sorte ainda volta a ideia do viaduto da Av. dos EUA...

Luis N. Filipe disse...

Apesar de lhe reconhecer alguma razão - também me parece melhor a opção Beato -Montijo -, não posso deixar de denunciar o enorme enviesamento do comentario do António Proa! Desde quando é a 2ª circular é uma via de características urbanas??? Por acaso alguém vai passear nos seus belos passeios (que só por acaso não existem??).

Por outro lado, há que perceber o que se diz....acaso as tais vias regionais ou nacionais onde amarram as pontes V Gama e 25 Baril já existiam antes destas serem construídas? Não poderao tais ligações ser asseguradas atempadamente para a nova ponte? Acho bem que se apontem erros quando os há, eu próprio sou muitas vezes o primeiro a faze-lo...mas acima de tuso, é preciso algum bom senso, nem tanto ao mar nem tanto à terra...

Luis N Filipe

Filipe Melo Sousa disse...

Esqueceram-se de descontar os outros 70.000 que já não entram pela vasco da gama e pela salazar.

Entram as mesmas pessoas, só que deixam de dar uma voltinha saloia por lx toda, e demoram menos a chegar ao destino. Ganha toda a gente.

Anónimo disse...

Quem vive em Lisboa precisa desta Ponte ? Não me parece. Então façam-na onde seja precisa, mas não em Lisboa.

Filipe Melo Sousa disse...

Tomei a liberdade de responder ao último comment com imagens aqui

Anónimo disse...

Seguindo a mesma filosofia do ultimo post não se faça uma mas mais 10. Porque razão hão de ficar de fora as pessoas que vão ou vêm do Montijo ? E do Seixal ? e da Trafaria ? e de Coina ? e de Porto Brandão ? Claro que devemos corresponder aos anseios individuais de cada um, pelo que devemos já preparar mais 10 pontes em Lisboa.

Anónimo disse...

esta ideia saloia de que toda a gente tem o "direito" de vir de automóvel para a capital é característica de um país do terceiro mundo.

E depois a ideia peregrina de que se faz a ponte edepois logo se fazem uns viadutos, uns túneis, umas vias rápidas entre as casas das pessoas tornará Lisboa ainda mais insoportável!

Filipe Melo Sousa disse...

Mais uma vez, direito à resposta aqui

Anónimo disse...

Comparar o Sena ao Tejo ??? O impacto de uma Ponte no Sena e uma Ponta no Tejo é o mesmo ?

Anónimo disse...

Paris "está" nas 2 margens do Sena. Lisboa apenas numa. Paris nasceu numa ilha no meio do Rio e expandiu-se igualmente para as duas margens. Lisboa, não. Uma Ponte no Sena terá no máximo 100 metros. No tejo são sempre vários kilómetros. Uma ponte no Tejo "entra" pela cidade adentro em vários kilómetros. Uma ponte no Sena acaba quando chega á margem.

Filipe Melo Sousa disse...

Errado, Lisboa tem 3 milhões de habitantes, incluindo a sua área metropolitana. As tais pessoas que trabalham e, por acaso, sustentam a cidade.

Anónimo disse...

Lisboa já tem diversas vias regionais e nacionais que entram diretamente dentro dela: a auto-estrada do Norte (A1), a de Cascais(A5), a de Leiria (A8) e, através da ponte 25 de Abril, a A2.

Então, por que motivo é que Lisboa não poderá ter mais uma auto-estrada a entrar nela? Não percebo. Então os habitantes de Cascais, de Vila Franca de Xira, de Loures e do Montijo têm o direito de vir para Lisboa numa auto-estrada com 3 faixas, e os do Barreiro não devem ter tal direito?

A limitação à entrada de automóveis em Lisboa não deve ser feita através da não-construção de auto-estradas ou pontes. Deve ser feita, em primeiro lugar, através de restrições ao estacionamento em Lisboa, e em segundo lugar, através de portagens à entrada da cidade.

Luís Lavoura

Anónimo disse...

Concordo plenamente com a ultima frase do post! É pena que sejamos Lisboetas a pagar e não os responsáveis por este tremendo erro!