18/04/2008

Inglesinhos: recordar é viver (3)


Exma. Srª D. Mafalda Simões Monteiro


É com profunda decepção que lemos o seu artigo da edição de ontem do Oje, dedicado ao antigo Colégio dos Inglesinhos (anexo).

O que se passou/passa nos Inglesinhos é o exemplo de tudo quanto não se deve fazer. E é tudo menos reabilitação de património.

O que se passou/passa nos Inglesinhos envergonha-nos enquanto lisboetas. O que se passou/passa ali é um 'livro negro', não um 'livro de história'. Uma vergonha completa, incluindo processo de venda, processo camarário, intervenção do IPPAR, da Junta de Freguesia e do MC, destruição e adulteração de património, etc, etc.

O Oje devia ter estudado a matéria, e não contribuir com o seu artigo para a 'reabilitação' de um processo que é tudo menos motivo de orgulho para a cidade e para os lisboetas. Muita pena.

Melhores cumprimentos

Paulo Ferrero


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Srª D. Mafalda Monteiro

Deram-me o seu artigo da última edição Oje sobre o Convento dos Inglesinhos.
Está totalmente enganada: nada, mas absolutamente nada, nem sequer o look exterior, se relaciona com reabilitação urbana.

Ali apenas houve uma apropriação de contornos obscuros de um belo edificado para o transformar num condomínio. Do original restam sombras.

De resto, a arquitectura é pretensiosa, danificou a silhueta global, acrescentou volume e andares atarrecados, destrui o magnífico jardim para lá construir umas coisas inarráveis, eliminou o casario das traseiras, e tem mesmo zonas de verdadeiro disparate, como as aberturas das casas com vistas internas para um muro, aliás ilegitimamente já adulterado, na rua nova do loureiro.

Uns novos-ricos tolos, incultos e deslumbrados hão comprar aquilo, claro!, mas ... reabilitação do património é que não é: apenas a sua destruição por interesses privados com a benevolência e cumplicidade dos poderes públicos que não quiseram cumprir a sua missão . Uma tristeza e uma vergonha!

Com os melhores cumprimentos

N. Caiado, morador junto ao ex-convento

3 comentários:

Anónimo disse...

"Com a benevolência e cumplicidade dos poderes públicos que não quiseram cumprir a sua missão."
É a única coisa que importa salientar. Estou convencido que estes mamarrachos são importantes, para que as populações tomem consciência. Infelizmente a falta de cultura e ignorância dos investidores e promotores deste país têm vindoa consumir os nossos recursos.

Anónimo disse...

Ilustre Anónimo:
De facto tem razão: o "poder público" é exclusivamente o alcatrão e o betão(ruas,estradas,rotundas,e prédios a marginar,mais umas palmeiras para disfarçar).
E as "populações",como diz,não tomam consciência,porque não a querem tomar.Dá muito trabalho.
Quanto á "sua missão",do Estado(e Autarquias):qual missão,para além do betão e do alcatrão??
Diga-me uma! Diga-me,p.ex. quando foi construído o último jardim público em Portugal?
(Responda-me,mas não anónimo)

18-4-08 Lobo Villa

Anónimo disse...

Construir jardins em Portugal? Mas isso não enche os bolsos a ninguém! O que está a dar é centros comerciais, condomínios "de luxo" e hotéis "de charme"...
É uma vergonha o que se passa neste País com o nosso Património, desde o construído ao popular, passando pelas Artes (venho do "Guilhermina Suggia") e pelo Natural.
Há uns vinte anos atrás, dizia-se que o problema era não existirem técnicos com formação adequada nas Câmaras e demais Entidades - agora há cada vez mais entidades e cada vez mais técnicos, mas os resultados não são melhores (antes pelo contrário)...
Não costumo escrever comentários em blogues onde é preciso abrir as "cookies", mas este merece a excepção.