07/04/2008

Um mundo de pássaros vive em plena cidade de Lisboa


"Olha ali, olha ali um", afirma entusiasmado o observador de aves pegando à pressa nos binóculos para ver de perto o peneireiro que sobrevoa a área da Biblioteca Nacional, em Lisboa.Na primeira paragem de um passeio destinado a conhecer sítios onde se podem observar pássaros surgiu logo uma das mais raras aves observadas em Lisboa.
Impávida, a rapina lá continuava concentrada, com o seu olhar apuradíssimo à procura de presa. No enfiamento da pista do aeroporto, nem dá por um avião comercial que se faz à pista. Observada do solo, a situação ameaça "colisão".
"As aves na cidade têm um comportamento completamente diferente das que vivem no campo", afirma o ornitólogo (especialista em aves) Hélder Costa, 45 anos, autor do livro "Lisboa Aves", editado pelo Instituto de Conservação da Natureza em 2000.
Além de se observarem, as aves costumam avisar da sua presença com o canto. Logo ali, no espaço verde junto à Biblioteca, ouve-se uma toutinegra-de-barrete-preto e uma milheirinha.Em cinco minutos cresce no destreinado habitante de Lisboa a certeza de uma realidade desconhecida. A grande quantidade de aves que povoa tudo o que é espaço verde e vai muito além dos pardais e dos pombos, ambos quase remetidos para o capítulo das pragas.
Um casal de cegonhas teimou em nidificar, até 1982, numa árvore do Jardim do Campo Grande, recorda Hélder Costa, que leva 20 anos a observar aves.
Alguns minutos depois, nos Jardins da Fundação Calouste Gulbenkian, vários melros correm pela relva, um deixa chegar os humanos a menos de um metro. "No campo seria impossível isto", reforça o ornitólogo, já de ouvido desperto para um piar vindo do alto do arvoredo. São periquitos-rabijuncos, uma espécie de papagaio introduzida pelo Homem e que tem vindo a aumentar nos jardins lisboetas. Cá em baixo, no lago, nadam patos-reais, outros "aterram" na água, vindos de diferentes lugares da cidade.Neste dia, as habituais galinhas-d´água não se vêm por ali. Só trepadeiras-comuns, toutinegras e outras aves de porte pequeno, como a alvéola-cinzenta.
Na visita que proporcionou não se viu nenhum, mas o ornitólogo diz que até os esquivos e desconfiados gaios, ave com maior envergadura, têm vindo a "invadir" a cidade, abandonando manchas florestais maiores como o Parque Florestal de Monsanto. "Há pouco tempo vi um na zona da Praça de Londres", conta.

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1 comentário:

Anónimo disse...

Uma das vantagens das cidades é que são birds-friendly pelo simples facto de não terem quase caçadores.
Quanto a mim a resolução do problema de Lisboa era simples: desenvolvam asas, levitem, ou arranjem uma máquina anti-g individual.
A Lisboa do 22 século espera por vós, noutro plano, noutro tempo, noutro espaço.

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