20/05/2010

Canais prioritários do metro de Lisboa só abrem com a intervenção dos funcionários

In Público (20/5/2010)
Por Inês Boaventura

«Acessos mais largos para cidadãos com mobilidade reduzida funcionam "em modo assistido". Empresa diz que é para evitar acidentes e abusos, mas clientes queixam-se de dificuldades

Barreiras diminuem a fraude e permitem programar oferta

O Metropolitano de Lisboa encerrou em todas as suas estações os canais de acesso mais largos, obrigando os clientes com mobilidade reduzida a recorrer a um funcionário sempre que precisam de ultrapassar esta barreira para aceder ao cais de embarque. Um dos afectados por esta medida, que tem sido alvo de várias críticas, considera-a "discriminatória" e diz que penaliza pessoas que no seu dia-a-dia já enfrentam dificuldades acrescidas.

Os chamados canais especiais destinam-se a "clientes com mobilidade reduzida, nomeadamente com cadeiras de rodas, conduzindo carrinhos de bebé, com crianças pela mão ou com grandes volumes" e, segundo a assessoria de imprensa do Metropolitano de Lisboa, estão a funcionar "em modo assistido" ("normalmente" apenas para a entrada) desde o início deste mês. O objectivo é "evitar potenciais incidentes que poderiam surgir" se duas pessoas tentassem utilizá-los em simultâneo, "uma a entrar e outra a sair".

Um utilizador diário do metro inconformado com esta decisão relatou ao PÚBLICO o "grande transtorno" que isto causa: "Primeiro os utentes têm que encontrar o funcionário, o que nem sempre é fácil. Depois o funcionário tem que estar disponível, o que também nem sempre é possível. Depois o funcionário tem que passar para o outro lado e usar um cartão para abrir o canal e finalmente o utente pode usar o seu cartão para passar".

Também na página do metro no Facebook há quem critique o mesmo sistema (sem qualquer resposta da empresa, ao contrário do que acontece na maioria das publicações). "Não é prático entrar com uma bicicleta no metro e termos que chamar um funcionário para abrir o canal especial", diz Hugo Jorge, numa reclamação que mereceu a concordância de Pedro Nóbrega da Costa, que salientou que essa dificuldade é também sentida por quem usa cadeira de rodas, viaja com carrinhos de bebé ou com malas de viagem.

A empresa garante que o novo sistema "esteve dez meses em teste na Estação do Marquês de Pombal", não se tendo verificado nesse período "mais acidentes, nem queixas de espera por parte de passageiros, nem dificuldades de acesso acrescidas". O metro acrescenta que o fecho dos canais especiais pretende ainda evitar que estes sejam "indiscriminadamente usados por quem não precisa".»

5 comentários:

Helder Guerreiro disse...

Segundo ouvi dizer existe muita fraude no acesso ao metro em Lisboa. Dou isso de barato.

A verdade é que as medidas tomadas para conter a fraude prejudicam muito mais quem paga o seu bilhete (e atenção pagar o bilhete do metro não é coisa simples!) do que aqueles que resolvem andar de borla.

Por exemplo:

• O canais de acesso ao metro fecham com demasiado ímpeto. Já vi pessoas a serem apanhadas inúmeras vezes e eu próprio já apanhei com o diabo das portas. Por outro lado quem não quer pagar salta-lhes por cima sem ser incomodado.

• Normalmente apanho à hora do almoço um cordão de funcionários do metro a verificar bilhetes. Como o sistema é algo lento na verificação formam-se filas imensas para isso. Os prevaricadores, sabendo que estes funcionários não vão correr atrás deles (nem podem) ignoram-nos simplesmente.

É claro que devem de haver algumas medidas dissuasoras das viagens de borla. Estas medidas devem-se destinar apenas a controlar e manter baixo os números da fraude.

Julgo que a preocupação fundamental deveria ser prestar um bom serviço à população.

Já agora, apenas um desabafo, que raio de solução técnica foram arranjar para os canais de acesso! Acaso não se utilizam torniquetes para esse fim, sem aleijar ninguém, já há muitos anos?? O sistema utilizado no metro já é antigo e sempre provocou problemas.

/Helder

Jose S. Clara disse...

E as bicicletas?... Quado as deixam circular no Metro, também precisam de passar pelos mesmos canais...

Anónimo disse...

Estes é daqueles casos que só mesmo em Portugal...
Faço aqui consultoria de graça (já mandei um mail com a mesma sugestão para o ML): metem duas portas destas em cada sítio, uma para entrar, outra para sair. Acabam logo os conflitos entre saídas e entradas...

M Isabel G disse...

"metem duas portas destas em cada sítio, uma para entrar, outra para sair. "

Ná.. é preciso pedir meia dúzia de pareceres técnicos e dar a ganhar à industria da parcerística...

O senso comum não chega

Anónimo disse...

Podem sempre usar o botão de emergência que abre imediatamente (e com algum aladiro) todos os canais de acesso LOL