A Câmara de Lisboa pretende realizar uma nova hasta pública até ao fim do ano
A Câmara de Lisboa quer amealhar 22,5 milhões de euros com a
venda em hasta pública, a realizar “até ao final de 2014”, de terrenos, prédios
e fracções destinadas a estacionamento. O mais valioso dos imóveis que o
município pretende alienar é um terreno na Avenida 24 de Julho, avaliado em
mais de 20 milhões de euros, para o qual chegou a estar previsto um projecto do
arquitecto Jean Nouvel.
A
proposta com vista ao lançamento de mais esta hasta pública está assinada pelos
vereadores Fernando Medina e Manuel Salgado, e vai ser discutida numa reunião
de câmara extraordinária marcada para esta quarta-feira.
Estão em causa dois lotes de terreno (na Rua Portugal Durão e na
Avenida 24 de Julho), três prédios (na Rua de São Miguel, no Largo Rodrigues de
Freitas e na Rua do Jasmim) e de nove fracções autónomas destinadas a
estacionamento (num parque no Largo da Boa-Hora com a Rua Ivens).
Só a dois desses imóveis foi atribuído um valor base de
licitação superior a 505 mil euros, pelo que a sua alienação terá de ser
submetida à Assembleia Municipal. Em causa estão os números 11 e 11A da Rua do
Jasmim, na freguesia da Misericórdia, com um valor de mercado de 1,250 milhões
de euros, e um terreno na Avenida 24 de Julho.
Este último imóvel localiza-se entre aquela artéria, a Avenida
da Índia e a Rua de Cascais, na freguesia da Estrela, tem uma dimensão superior
a 20 mil metros quadrados e foi-lhe atribuído um preço base de licitação de
20,350 milhões de euros. Num quadro anexo à proposta, à qual o PÚBLICO teve
acesso, diz-se que esse lote se encontra “devoluto” e que são permitidos “todos
os usos, com excepção de indústria e logística pesada”.
Mas, como confirmou ao PÚBLICO um vereador do PCP, nesse terreno
funcionam ainda hoje serviços da Direcção Municipal de Ambiente Urbano. Carlos
Moura diz aliás que já perguntou à Câmara de Lisboa para onde é que vão ser
transferidos esses serviços, mas ainda não obteve “uma resposta cabal”.
“Disseram-nos que os equipamentos vão para os Olivais, mas dos administrativos
ninguém sabe dizer”, lamenta.
Na proposta que vai ser discutida em reunião camarária nada se
diz sobre esse aspecto. A única salvaguarda feita relativamente à alienação
daquele terreno é para dizer que a sua hasta pública não deverá “ser lançada e
publicitada” até que o Plano de Urbanização de Alcântara “se encontre eficaz”.
Em 2002, o então presidente da câmara Pedro Santana Lopes
convidou o arquitecto francês Jean Nouvel para apresentar um projecto para
aquele terreno camarário na Avenida 24 de Julho. Dois anos depois, já com
Carmona Rodrigues à frente do município, foi dado a conhecer um projecto com
habitação, comércio e serviços, prédios com fachadas revestidas a azulejo de
padrões simétricos, ruas estreitas e pátios interiores, que até hoje não saiu
do papel.
1 comentário:
Ali perto não há transportes públicos nenhuns e parques de estacionamento zero.
Acho muito bem, Costa, Salgado & Zé.
Que Deus Nosso Senhor vos guarde muito tempo a fazer parques de estacionamento (onde depois poucos estacionam, preferindo deixar os popós à balducha, que não são parvos).
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