1. Parece que há alguma confusão acerca da classificação do Jardim Botânico, pelo que é de frisar que o mesmo é Monumento Nacional desde 1970, como se comprova consultando o site da ex-DGEMN (www.monumentos.pt e depois «pesquisa»). Ou seja, um projecto como o do «Plano de Pormenor» do Palacete Ribeiro da Cunha, por exemplo, é, simplesmente, ilegal, devido ao perímetro de protecção do JB.
2. Parece que há alguma hipocrisia dos responsáveis do J.Botânico acerca dos projectos na envolvente ao jardim, como sejam os do P.Mayer e do Pal.Rib. Cunha. Senão veja-se:
Os responsáveis do JB e da Liga dos Amigos não só se mantiveram mudos e quedos até aqui, como ainda disseram que o projecto para o Pal.Rib.Cunha seria bom (!) para o JB, o que é bizarria completa ...seria bom porque, disseram em sessão promovida pela Junta S.Mamede, acabaria com as espécies infestantes (sic) e com os gatos abandonados (sic). A mesma posição inqualificável teve a Junta Freg.S.Mamede que a princípio era contra e depois mudou de opinião, vá-se lá saber porquê.
3. Para além disto, o Jardim Botânico é tutelado pela Universidade de Lisboa. Portanto, cabe ao reitor da UL (e não a ong como os Amigos do JB) pronunciar-se sobre os projectos que venham a ser feitos para o P.Mayer e/ou Palacete Rib.Cunha. Recordo que em 1970 um projecto para o P.Mayer foi recusado pelo governo de então devido a um parecer negativo da reitoria da UL. Portanto, há uma hierarquia, que deve ser questionada antes de se dizer que a culpa é do IPPAR, etc.
Voltando ao Pal.Rib.Cunha, posição muda e queda teve a mesma UL sobre o dito PP, em 2006. Instámos várias vezes a mesma a pronunciar-se, mas nada.
4. Falando do Capitólio, é bom esclarecer que graças a intervenção de pessoas c/responsabilidades na CML/AML evitou-se o pior, e hoje pode-se afirmar com certeza que o Capitólio é para ficar e para recuperar (modelo 1928 ou não, isso é outra coisa...). Há declarações formais, à TV e jornais, de CR em como o Capitólio é para ficar. Há registo disso.
5. Quando se diz, e bem, que o IPPAR vem sendo mera figura de corpo presente, esquece-se a CCDR-LVT, última instância a pronunciar-se sobre planos de pormenor, antes de irem a rectificação na AML. Também ela se tem mantido como figura de corpo presente.
6. Voltando ao Palacete Rib.Cunha, a verdade é que Sr. Lanier ainda não o comprou; aliás, o problema está aí. Julgamos que só o comprará se o projecto for aprovado. Ora, o projecto em causa, AQUELE projecto que foi aprovado em sessão de CML sob a capa de plano de pormenor, NÃO será feito. O promotor terá que o mudar: volumetria, impermebilização do solo, passadiço, etc. Aliás, para tal muito contribuiram os depoimentos verbais do Arq.Ribeiro Teles e da Prof.Regina Anacleto.
7. Por fim, para recordar que o projecto de Norman Foster não é mais amigo do JB e da cidade, que o de Gehry. Tinha maior volumetria, arrasava o Capitólio e só se preocupava em construir escritórios e serviços. O projecto de Gehry tem três maleitas de base: a inadequação do "look gehry" naquele local (uma bola de espelhos de titânio vista do alto?), a sensação de sufoco que salta à vista, e o elevadíssimo preço.
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15 comentários:
excelente
É lamentável que pessoas que opinam sobre a nossa cidade, que organizam os textos meticulosamente por pontos, que atacam tudo e todos (inclusivamente a legitimidade de organizações de génese semelhante à sua), que se sentem sufocados com o trabalho e esforço dos outros e que demonstram alergia ao pólen libertado pelo lucro do desenvolvimento confundam um monumento com o seu perímetro de protecção.
A/C. ETA
É capaz de repetir, s.f.f, que não entendi.
Aproveito a oportunidade para convidar o Ilmo. PF e restantes interessados a deslocarem-se à minha morada em http://lxdesenvolvimento.blogspot.com/ onde certamente encontrarão os recursos necessários para entender.
Pois.
parece que muitos que vêm a este blog confudem a preocupação com o desenvolvimento com ataque ao desenvolvimento...
Ninguém é contra o desenvolvimento de Lisboa, muito pelo contrário!
Agora defender a alteração da cidade a todo o custo é que não.
É que se ainda não perceberam desenvolvimento não implica apenas criação, mas também recuperação, protecção, reinvenção e respeito.
E muitos dos projectos para lisboa, que muitos deles, em si, não são contestáveis, mas, tendo em conta o local, são execráveis.
Pensem só um bocadinho.
Vamos lá ver então se eu entendi?
Existe um determinado monumento e a sua área de protecção. Que são coisas distintas apesar de conexas.
Vem um conjunto de senhores e salta em defesa da cidadania atacando todo o projecto conhecido para aquela zona urbana explanando com vigor a sua visão.
No entanto, a opinião apresentada converge para duas alternativas, qual delas a mais benéfica para o cidadão lisboeta.
A primeira, consiste em não edificar nem valorizar o espaço deixando alastrar a podridão que grassa no monumento para a sua envolvente - com claras vantagens numa prespectiva de homogeneização da paisagem da capital.
A segunda, consiste indirectamente em imputar à autarquia (para além da recuperação e preservação daquilo que lhe compete) o ónus da manutenção da área que envolve um determinado imóvel de interesse - com o óbvio aplauso do contribuinte que poderá assim usufruir do melhor que Lisboa tem para dar.
Caro ETA,
Essa lenga-lenga do "coitadinho do palacete, está a cair", etc. e tal, já é velha, tão velha que não pega. À custa dela temos assistido aos piores atentados ao património da cidade.
Ninguém está a dizer que a CML deve ir a correr comprar o palacete e os jardins e fazer dali um ... sei lá, um parque de merendas para se jogar à sueca e dar comida aos pombos.
Apenas se quer preservar um jardim, um logradouro, único no corredor verde daquela encosta da Avenida. E que se respeite a lei.
Indo ao seu ponto preferido, que já reparei serem os hotéis, pois temos muito que falar:
Então diz-me que o palacete não pode ser um hotel em antenas? Por causa do hamburguer e do café, etc. E que não há hotéis de luxo com poucos quartos. Não é preciso ir muito longe: em Cascais, o H.Albatroz é feito em antenas; em Lisboa, no Castelo, o melhor hotel de Lisboa tem poucos quartos.
Caro PF,
Engana-se.
O meu assunto preferido não são os hotéis.
O meu assunto preferido é a mudança a evolução o crescimento e o avanço. Ou seja, o desenvolvimento sem o complexo do lucro do alheio.
No entanto, estamos de acordo porque eu sou a favor daqueles que querem preservar o jardim. Só acho é que antes de comprar o material de jardinagem devem pedir autorização ao dono - que no caso parece que é a Universidade de Lisboa.
bom, agora é que me baralhou:
falamos do JB ou do do palacete?
"a mudança a evolução o crescimento e o avanço." é muito bonita, quando anda de mão dada com a preservação, a manutenção, a conservação, o bom planeamento urbano....e muitas outras coisas.
Quando estes parâmetros não se equilibram devidamente, fica-mos
sómente com .........Lisboa 2007.
JA
Eu entendo...
Vale mais Lisboa a cheirar a bolor,
Do que um Euro nas mãos do promotor!
caro eduardo teixeira do amaral,
acho que está a perceber mal o problema. Como já aqui foi dito, ninguém aqui está contra o desenvolvimento. Tem é que existir uma ponderação sobre as consequências de alguns projectos. No que diz respeito aos condomínios fechados, por exemplo, é verdade que muitos reabilitam palacetes antigos, o que é positivo. Mas não me parece que seja positivos para a vivência de uma cidade a proliferação destes. Existem outros empreendimentos imobiliáros de luxo optam por não se fechar em muros e tornam a cidade mais bonita. Se existir procura, ninguém põe em causa o seu lucro (desde que não atropelem leis).
Se me permite, parece que está demasiado fixado na ideia de que proteger a cidade do ataque desmesurado do "desenvolvimento" para ver os dois lados da questão.
ricardo esteves correia
E.T.A.......por favor leia outra vez!...Sabe, o empreendimento também existe nas áreas da conservação, reabilitação, planeamento urbano, etc.
São ramos que também dão lucro, se é que alguém se pronunciou contra o mesmo neste site.
JA
Peço desculpa, mas acabei de reparar que o meu comentário está incompleto. O último parágrafo deve-se ler assim, claro:
"Se me permite, parece que está demasiado fixado na ideia de que proteger a cidade do ataque desmesurado do "desenvolvimento" é prejudicial, para ver os dois lados da questão."
ricardo esteves correia
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