14/05/2007

Não é em Lisboa, mas podia ser...

Notícia do Público

"Câmara veda palácio de Vialonga para tentar evitar mais roubos e vandalismo
Jorge Talixa

Autarca detectou ladrões no interior do edifício e o seu motorista foi buscar guardas ao quartel, porque a GNR não tinha carro disponível
A Câmara de Vila Franca de Xira está a desenvolver trabalhos de vedação dos vãos do palácio setecentista da Flamenga, em Vialonga, tentando evitar mais roubos e mais actos de vandalismo no interior do imóvel.
No edifício funcionou, durante muitos anos, uma extensão do hospital vila-franquense, mas o imóvel está desactivado há perto de duas décadas. Há nove anos, o Ministério da Saúde ainda investiu cerca de 350 mil euros na sua reabilitação, mas o projecto parou e, ultimamente, o velho palácio tem sido despojado de quase tudo, deste os elementos das janelas aos próprios azulejos.
Na última década, a população de Vialonga tem insistido também na necessidade de reabrir o palácio e de o voltar a colocar ao serviço como unidade de saúde. Uma comissão de utentes de saúde realizou as mais variadas iniciativas, desde abaixo-assinados a debates públicos, passando por inscrições nos muros vizinhos do palácio, com frases como: "Abre-te Sésamo" ou "Trespassa-se". Não se sabe para quê. Trata Ministério da Saúde".
A Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo sustentou, já em 2006, que o palácio não tinha condições físicas para reabrir como unidade de saúde e que a tutela também não tinha verbas para o remodelar. Decidiu, então, passar a sua propriedade para a Direcção-Geral do Património do Estado (DGPE), com quem a câmara vila-franquense tem negociado ultimamente a sua transferência para a posse do município.
A autarquia diz ter entidades interessadas em instalar uma unidade de cuidados continuados no edifício. Entretanto agravaram-se os roubos no imóvel e a autarquia obteve autorização do Património do Estado para vedar o espaço.
"O espaço passou para o cuidado da câmara, enquanto o Património do Estado desenvolve uma avaliação", referiu a presidente da Câmara de Vila Franca, Maria da Luz Rosinha (PS), explicando que ficou assente que, no caso de não chegarem a um entendimento relativamente ao valor e à transferência do imóvel, a DGPE deverá ressarcir a câmara das verbas que está agora a gastar na protecção do edifício. Maria da Luz Rosinha acrescentou que foi contactada por uma instituição, com experiência ao nível dos cuidados continuados de saúde na zona de Coimbra, que está interessada em criar no Palácio da Flamenga uma unidade para acolhimento de pessoas que saem dos hospitais e necessitam ainda de algumas semanas de acompanhamento médico e de enfermagem para concluírem a sua recuperação.
Eleitos da CDU promoveram, entretanto, uma visita ao imóvel e, segundo Carlos Coutinho, vereador comunista, o cenário encontrado cau-sou "verdadeira estupefacção", com sinais de "roubos, destruições e vandalismo gratuito", num equipamento de "grande valor patrimonial", actualmente "transformado numa quase ruína".
Autarca travou ladrões
A presidente da Câmara de Vila Franca de Xira contou, na última reunião do executivo, que se dirigiu, no final de Abril, ao Palácio da Flamenga acompanhada por uma técnica municipal e verificou, com surpresa, que também estavam ladrões no interior do edifício. "Chamámos a Guarda Nacional Republicana, mas a guarda não podia vir porque não tinha carro. Fiquei com a engenheira a guardar os ladrões e o motorista da presidência da câmara foi buscar a GNR", relatou a autarca socialista. "

Sem comentários: