Director Pedro Lapa diz que é a segurança do museu de Lisboa que está em causa
O Museu Nacional de Arte Contemporânea/Museu do Chiado, em Lisboa, vai acrescentar, a partir de hoje, mais um dia de encerramento semanal ao seu calendário de funcionamento, por falta de pessoal. Assim, e já a partir de hoje, passará a fechar às segundas e terças-feiras. A decisão foi tomada no passado fim-de-semana e ontem confirmada ao PÚBLICO pelo director do museu, Pedro Lapa, pouco tempo depois de ter mandado colocar na porta da Rua Serpa Pinto um aviso com essa informação para os potenciais visitantes.
"A minha função como director do museu é salvaguardar a sua segurança", justifica Pedro Lapa, dizendo que ela deixou de estar assegurada em virtude da diminuição do número de vigilantes e recepcionistas. Ontem mesmo, cinco das pessoas que trabalhavam a prazo no Chiado viram os seus contratos terminados sem serem renovados. "Para o funcionamento normal, o Museu do Chiado precisa de ter preenchidos sete postos de vigilância e recepção, o que obriga, pelo menos, à existência de 10 pessoas (doze seria o ideal), mas actualmente temos no quadro apenas quatro vigilantes recepcionistas", explica o director. É com este quadro de pessoal e com alguns outros colaboradores que ainda aí trabalham, também em regime precário, vindos de centros de formação, que o museu está a sobreviver, numa situação que, recorda Pedro Lapa, se arrasta já desde 2001.
A crise no Museu do Chiado é do conhecimento do Instituto dos Museus e de Conservação (IMC), "que tem feito um grande esforço para tentar resolver o problema, dando conta dele ao Ministério da Cultura", diz Pedro Lapa. Mas o director remete a principal responsabilidade para o Ministério das Finanças e para "o modelo actual da nossa administração pública". E só vê uma solução para o problema, "se for antecipado o novo regime de contratos individuais de trabalho a termo certo", que o Governo anunciou para 2009.
A dimimuição do horário de funcionamento do Chiado é o reflexo de "um quadro de asfixia orçamental" que tem tido também, desde há anos, consequências na própria programação. Presentemente, o museu exibe a exposição de João Paulo Feliciano The Blues Quartet e a colectiva Outras Ficções, com trabalhos desde meados do século XIX até à actualidade. Mas, pelo caminho, lamenta Pedro Lapa, ficaram, por exemplo, uma ambiciosa retrospectiva sobre o impacte da fotografia de propaganda durante o Estado Novo e uma exposição do português João Tabarra.
Relativamente aos problemas com pessoal, o fecho forçado, agora, do Museu do Chiado às terças não é uma situação inédita. O Museu Nacional de Arte Antiga, em Lisboa, e o Museu Nacional de Soares dos Reis, no Porto, já passaram por situações idênticas. E Pedro Lapa acredita que o problema vai colocar-se noutros museus da rede do ICM.
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In publico
3 comentários:
Dizia um administrador de uma empresa, meu amigo, que uma das coisas que indica um gestor incompetente (e os governantes são gestores) é que «poupa nos tostões como se fossem milhões, e gasta milhões como se fossem tostões»
Brilhante. Esta é de facto a cereja em cima do bolo.
1-Todos sabemos que não é possivel contratar ou até avençar pessoal sem autorização do Ministro das Finanças.
2-A velha conversa de entrar 1 por cada 2 ou 3 que saem não é por serviço, mas sim a nível geral,isto é, podem sair ou reformarrem-se 3 vigilantes de um Museu e ser contratado 1 vigilante para a Assembleia da República.
3- Mas o senhor Ministro que foi o Fórum das Liberdades, prefere chamar incompetentes aos Directores do Museus ou aos dirigentes do IMC, do que reconhecer que a política está errada.
4- Das duas uma, ou o senhor Ministro quer agradar ao seu colega das Finanças e ao seu chefe ou é completamente ignorante no que diz respeito às contratações na Função Pública. Há anos que a falta de vigilantes é um problema e não houve ainda nenhum Ministro que resolvesse. E se fossem só os vigilantes....
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