30/01/2009

Colégio Moderno ergueu vedação em terrenos do Estado sem pedir autorização

In Público (30/1/2009)

«O Colégio Moderno, propriedade do ex-Presidente da República Mário Soares, da mulher e dos filhos, construiu no fim do ano passado uma vedação metálica, de cerca de cem metros de comprimento, num terreno pertencente ao Estado, sob jurisdição da Universidade de Lisboa.
A estrutura metálica, composta por perfis chumbados no chão e por uma grossa rede de arame, com cerca de dois metros de altura, foi montada a 60 centímetros do muro que delimita uma das propriedades do colégio situado na Rua Dr. João Soares, no Campo Grande. Antes de erguerem a vedação, os proprietários do estabelecimento mandaram plantar uma fila de arbustos, nos mesmos terrenos públicos que integram um espaço marginal à Alameda da Universidade, do lado oposto à Torre do Tombo, habitualmente ocupado com estacionamento selvagem.
Solicitada em meados de Dezembro a esclarecer se alguém lhe tinha pedido autorização para montar aquela estrutura, a Reitoria da Universidade de Lisboa, através do seu porta-voz oficial, respondeu, após muitas insistências, cerca de um mês depois. "A Reitoria não tem conhecimento de nenhum pedido de autorização e confirma que aquele terreno é da Universidade", informou António Sobral, assessor de imprensa da Universidade de Lisboa.
As instalações do Colégio Moderno paralelamente às quais foi montada a rede correspondem à última moradia da Rua Dr. João Soares, na qual tem a sua entrada, e é nelas que funciona o infantário da sociedade. Há cerca de três anos a moradia foi alvo de grandes obras de ampliação e adaptação às suas actuais funções, tendo sido usada como estaleiro uma extensa parcela de terreno da Universidade, que incluía a faixa de 60 centímetros agora ocupada pela vedação.
Terminadas as obras no Verão de 2007, os tapumes metálicos do estaleiro foram ali mantidos durante mais de um ano, sem que no seu interior tivessem ficado quaisquer materiais de construção. No final do ano passado, os tapumes foram retirados e a sebe foi plantada junto ao muro do infantário, que também tem cerca de dois metros de altura e por cima do qual existe uma outra rede metálica.
Pouco depois foi construída a vedação metálica cuja função se desconhece, visto que nada acresce em termos de segurança do estabelecimento. Construído há muitos anos, existe também um portão de ferro no muro do colégio que abre directamente para os terrenos da Universidade, mas não tem qualquer uso.
O PÚBLICO contactou na semana passada o gabinete da gerente do colégio, Isabel Soares, mas até agora não conseguiu obter qualquer resposta sobre o assunto. José António Cerejo»

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